tag:blogger.com,1999:blog-92956942024-03-14T21:36:53.314+00:00TV-childTV-child é uma designação que se pode dar à minha geração que cresceu a ver TV. Este blog é 90% sobre TV, 10% sobre outras coisas.Misatohttp://www.blogger.com/profile/04213304151044494941noreply@blogger.comBlogger464125tag:blogger.com,1999:blog-9295694.post-81964730276848834782024-03-11T11:55:00.005+00:002024-03-11T11:55:49.552+00:0096 Oscars... "Cala-te Mário Augusto!"<p>Este ano não tenho foto. Apesar de haver vestidos exóticos ou chamativos na Passadeira Vermelha, nenhum me cativou por aí além. Menção honrosa para Carey Mulligan e Anya Taylor-Joy, pelos vestidos clássicos "diorescos" (o da Anya era mesmo Dior, o da Carey não sei.</p><p>Este ano, para variar, vi 4 dos filmes nomeados, o que é uma grande diferença para anos anteriores em que, em média, não tinha visto nenhum. Esses filmes foram, por ordem de visionamento, <i>Barbie</i>, <i>Napoleon</i>, <i>The Boy and the Heron </i>e <i>Poor Things</i>. Pelo que estava com boas expectativas para a cerimónia. </p><p>O problema está nas TVs portuguesas, que é rara a vez em que não tem uns idiotas a fazer comentários desajustados em cima da cerimónia. A excepção vai para a <b>SIC</b>, que colocou os idiotas no canal generalista, enquanto transmitia em simultâneo a cerimónia na <b>SIC Caras</b>, limpa de idiotices. Foram as únicas vezes em que fomos poupados! Nessa época pudemos inclusive ver os <i>Golden Globes</i>, que infelizmente não regressaram aos canais nacionais. </p><p>Mário Augusto prometeu não falar em cima da cerimónia e não cumpriu! Para variar, continua a falar um inglês deplorável, continua a não saber a nomenclatura correcta das diversas funções no cinema em português e demonstrou mais uma vez a sua ignorância em relação a todo o cinema que foge um bocadinho ao <i>mainstream</i> e uma aberrante falta de respeito pelos nomeados/premiados: </p><p></p><ul style="text-align: left;"><li>menosprezou <i>Godzilla Minus On</i>e e o seu prémio pelos melhores efeitos especiais, falando por cima dos discursos de aceitação e ainda por cima reduzindo o filme a não merecedor (todos sabemos que a ficção científica não é cinema a sério, né?);</li><li>falou por cima da canção <i>Whazhazhe</i>, de <i>Killers of the Flower Moon</i> (racista!)</li><li>chamou "edição" à montagem e "editora" à montadora Jennifer Lame, de <i>Oppenheimer</i>, para além de falar por cima do discurso dela;</li><li>mandou uma série de bitaites desinteressantes por cima da canção vencedora inteirinha, <i>What was I Made For?,</i> de Billy Eilish e Finneas O'Connell;</li><li>não se calou nos discursos de Melhor Filme, principalmente o de Emma Thomas, a produtora (misógino!);</li><li>não deixou ouvir muitos outros discursos vencedores, principalmente nos filmes ou categorias que não entram no seu gosto pessoal, básico e extremamente limitado. Ah! E claramente não viu quase nenhum dos filmes. </li></ul><div>Tenho a certeza que a lista de ofensas continua, mas preferi não apontar. No '<i>drinking game'</i> virtual que fiz no <i>feicebuque</i>, bebi 14 martinis 🍸, acho que isto é dizer muito! Mais valia, <b>RTP</b>, não porem lá ninguém! </div><div><br /></div><div>Isto tornou uma das melhores cerimónias dos <i>Oscars</i> dos ultimos anos no programa mais irritante possível! Se eu o apanhasse à minha frente, dava-lhe um chapadão na cara! CALA-TE!</div><div><br /></div><div>Pequena nota positiva para o discurso atrapalhado mas emocional de Emma Stone, o prémio para o qual eu estava a torcer mais, incluindo o fecho do vestido a rebentar na cintura. Outra para o número da canção <i>I'm Just Ken</i>, directamente inspirado no segmento <i>Diamonds Are a Girl's Best Friends</i>, de <i>Some Like it Hot</i> (com Marilyn Monroe), que incluiu os Kens, incluindo o Doctor Ncuti Gatwa, John Cena a apresentar o Oscar para melhor Guarda Roupa apenas com o envelope e depois um lençol e, por fim, o único discurso que mencionou a guerra na Palestina, apesar dos pins de cessar-fogo, de Jonathan Glazer, realizador de <i>The Zone of Interest</i> (Melhor Filme Internacional) ao comparar o seu filme à situação na Faixa de Gaza.</div><div><br /></div><div>E este ano um dos filmes vencedores, <i>The Boy and the Heron</i>, Melhor Longa de Animação, foi traduzido por mim, para português! Já posso pôr no currículo! </div><div><br /></div><div><a href="https://www.oscars.org/oscars/ceremonies/2024" target="_blank">Oscars 2024</a></div><p></p>Misatohttp://www.blogger.com/profile/04213304151044494941noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-9295694.post-16509782827668483612024-02-18T01:02:00.002+00:002024-02-18T01:02:56.813+00:00Inglesa Falsificada<p>Nunca liguei muito aos filmes da <i>Bridget Jones</i>, tanto que na altura não os vi no cinema, só os vi depois, num "sábado à tarde de ressaca", 1na TV. São engraçadinhos, mas, fora o Colin Firth a fazer um <i>spoof</i> do seu mítico Mr. Darcy, são filmes para ver uma vez e pronto.</p><p>Mas não é disso que quero falar aqui. Este mês, por causa do dia de São Valentim, o agora <b>STAR Life</b> anda a passar uma série de filmes de cordel, que se tornaram numa boa maneira de eu adormecer... durante o dia às vezes tenho deixado a TV ligada no canal como ruído de fundo, enquanto faço outras coisas, pois não exigem a minha atenção. Os filmes de <i>Bridget Jones</i> (os dois) fazem parte da ementa deste ano, pelo que os tenho "ouvido". Não vou mencionar como os filmes envelheceram mal, envelheceram!, mas de uma coisa que me irrita bastante: a inglesa falsificada de Renée Zellweger.</p><p>À semelhança dos filmes, Renée Zellweger nunca me impressionou grande coisa como actriz, mas também a maioria dos filmes que fez não são propriamente a minha praia. Em <i>Bridget Jones</i>, pode ter a carinha laroca, é engraçada e um desempenho razoável, mas o sotaque britânico mais que forçado estraga tudo. Lembra os brasileiros quando querem fazer sotaque de Portugal, que incluem uma série de maneirismos, como "pois, pois" e basicamente estragam tudo. Zellweger faz uma espécie de sotaque Britânico médio que não existe, que a faz soar super forçada. </p><p>Renée Zellweger não consegue fazer um sotaque britânico convincente, não para mim. Para além disso, está sempre a sussurrar e articula imenso cada palavra, o que acrescenta à irritação do seu sotaque falsificado. Acho tão estranho numa produção com dinheiro, com um bom elenco de actores britânicos, não tenha havido alguém para lhe ensinar um sotaque britânico como deve ser, fosse um <i>Cockney</i> londrino cerrado ou um <i>Queen's English</i>, qualquer um seria melhor que aquele <i>pastiche</i>. Será que os britânicos foram convencidos? Só me lembro de se falar de ser uma actriz americana a fazer a muito <i>British</i> Bridget, mas não me lembro de comentários acerca do sotaque. Lendo a <a href="https://en.m.wikipedia.org/wiki/Ren%C3%A9e_Zellweger" target="_blank">Wikipedia</a>, percebo que os americanos até ficaram convencidos, foi nomeada para Melhor Actriz nos Oscars, mas devo ter um ouvido demasiado apurado, que a mim não me convence.</p><p>Fora ser uma comédia romântica, um género sempre popular, continuo sem perceber o hype à volta de <i>Bridget Jones</i>. <i>Pretty Woman</i>, que também passa regularmente no <b>STAR Life</b>, sobreviveu muito melhor à passagem do tempo. Talvez porque se foque em arquétipos em vez de piadas secas e uma narrativa básica, como <i>Bridget Jones</i>. Não sendo fã nem de uma, nem da outra, Julia Roberts também é muito melhor actriz e arrasa em <i>Pretty Woman</i>.</p><p><a href="https://www.miramax.com/movie/bridget-joness-diary/" target="_blank">Bridget Jones Diary</a></p>Misatohttp://www.blogger.com/profile/04213304151044494941noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-9295694.post-60709156671739549322024-01-14T14:11:00.003+00:002024-01-14T14:11:29.073+00:00*mar de visco maléfico <p>No episódio <i>Matter of Balance</i>, de <i>Space: 1999</i>, Maya explica a Koenig as figuras que filmou na estrutura do planeta Sunim como vindas de um <i>mar de visco maléfico</i>. Seria realmente maléfico se não fosse um <b>sea of primeval slime</b>, portanto, um <b>mar de visco primordial</b>.</p><p>É caso para dizer que um reforço no inglês de quem traduziu este episódio é primordial!</p><p><a href="https://g.co/kgs/uDMdiib" target="_blank">primeval</a></p><p><a href="https://dicionario.priberam.org/primordial" target="_blank">primordial</a></p><p><a href="https://dicionario.priberam.org/mal%C3%A9fico" target="_blank">maléfico</a></p>Misatohttp://www.blogger.com/profile/04213304151044494941noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-9295694.post-66524624214797918062024-01-14T12:00:00.000+00:002024-01-14T12:00:09.462+00:00New York, New York! <div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi2ZAagRtEKvS3lIUEWMpF_gOwhFoxNy8F7sucUFEIwURctDzbIKexAXz0Uv_TJCrs2e9UBvRAUPhwRTbn9cwSo-QNaUb4F20yankc5FJ1Z_8bjn-toQTrZfo1iPaAnrlPmr7ewmK4yxLbmW9bxTyz-lE5l5w4DnAHyHqeT5MqH46i9V3fkqqy-/s1481/MV5BYzY0YzJjNmYtM2Y1MC00NWExLTk4NzgtMWYzMWFmMzhkNTBmXkEyXkFqcGdeQXVyODk3ODczODU@._V1_FMjpg_UX1000_.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em; text-align: center;"><img border="0" data-original-height="1481" data-original-width="1000" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi2ZAagRtEKvS3lIUEWMpF_gOwhFoxNy8F7sucUFEIwURctDzbIKexAXz0Uv_TJCrs2e9UBvRAUPhwRTbn9cwSo-QNaUb4F20yankc5FJ1Z_8bjn-toQTrZfo1iPaAnrlPmr7ewmK4yxLbmW9bxTyz-lE5l5w4DnAHyHqeT5MqH46i9V3fkqqy-/s320/MV5BYzY0YzJjNmYtM2Y1MC00NWExLTk4NzgtMWYzMWFmMzhkNTBmXkEyXkFqcGdeQXVyODk3ODczODU@._V1_FMjpg_UX1000_.jpg" width="216" /></a></div><p>Apesar de ser fã incondicional do seu trabalho, só soube quem foi Roy Halston quando, por volta da altura da sua morte, comecei a entrar no mundo de Andy Warhol e da sua Factory. Percebi que Halston fazia parte do grupo do Studio 54 (ai, quem me dera ter sido uma mosquinha e estar no Studio 54 enquanto aquilo bombava!), portanto, festas, <i>glamour</i>, e muitas drogas recreativas. Foi também nessa altura que comecei a perceber que estava ali uma pessoa com uma história que tinha pano para mangas.</p><p><i>Halston</i>, a curta série da <b>Netflix</b>, conseguiu preencher bem esse contar da historia da personagem Halston. Naturalmente, como todas as séries ou filmes biográficos, nem sempre se dedicam a contar os factos reais, mas frequentemente tomam atalhos ou reinventam acontecimentos, de modo a melhor encaixar numa narrativa coesa. Quando isso é bem feito, uma pessoa até pode sentir alguma curiosidade em saber os factos reais, mas não sente falta de o saber para melhor disfrutar desse episódio ou filme.</p><p>Nisto a série Halston acerta na mouche e quero lá saber dos factos reais! O que vi no ecrã é dinâmico, verosímil, empolgante, visualmente interessante e muito bem acompanhado por uma selecção musical. </p><p>A recriação dos espaços, principalmente o "atelier" de Halston, com as janelas panorâmicas, mobília minimalista e alcatifa vermelha, ou o seu apartamento, também minimalista, mas em branco e preto, com cortinas do tecto de pé direito duplo até ao chão, são impressionantes e um espanto. Tanto quanto dá para perceber pelos registos existentes, também estão impecavelmente reproduzidos.</p><p>O mesmo posso dizer dos figurinos de Halston, os vestidos de seda esvoaçantes, em viés, as sua marca registada e o que realmente o fez um génio do design de moda, não o "ultrasuede", que sendo vanguardista, foi a base para financiar a criatividade livre desses vestidos drapeados. Li no imdb que a figurinista da série se esforçou para fazer réplicas fidedignas, mesmo que por vezes, por questões técnicas, tivesse de fazer alguns desvios criativos. Excelente trabalho! Recriar figurinos de épocas mais recentes, que ainda estão na memória colectiva e facilmente podem ser acedidos em museus ou registos fotográficos, às vezes é o mais difícil, pois a margem de erro e criatividade é bem mais limitada. O desafio é ainda maior quando o que se está a recriar foi concebido por um génio único.</p><p>O mesmo tipo de abordagem foi feito no modo como foi contada a história de Halston. Os <i>flashbacks</i> à infância foram mantidos num mínimo, uma espécie de memória onírica, um Rosebud wellesiano, com um grande foco em mostrar o estilo de vida único daquelas pessoas, fora do alcance do comum mortal. Mesmo antes de fazer fortuna, Halston comportava-se como um milionário e fê-lo até morrer. Aliás, essa riqueza aparente é um dos pontos-chave desta história, já que no fim da vida vendeu o seu nome para poder manter o estilo de vida.</p><p>Estilo de vida que passou de um pudor para com as drogas, para um consumo desbragado de coca, orgias de sexo e festas atrás de festas, incluindo ser cliente habitual do Studio 54. Falando em Studio 54 e em recriações, depois de ver alguns documentários acerca da discoteca, fotografias das festas e afins e ler sobre esse breve local cintilante de Nova Iorque, mesmo no limite do início da decadência da vida mais-que-boémia daquela cidade, a recriação do ambiente, mostrando personagens notórias que o feequentaram regularmente, Warhol, Divine, Bianca Jagger montada no cavalo branco na festa do seu aniversário, o sexo sem pudor na varanda, a nudez, o suor, a música, foram a melhor recriação que já vi de um lugar onde gostaria de ter estado pelo menos uma vez, por uns minutos que fosse. A isso tenho de agradecer aos criadores da série, pois consegui sentir-me lá dentro por uns segundos. A propósito, o actor que faz de Steve Rubell, um dos sócios da discoteca, estava igualzinho, incluindo a diferença de altura em relação a Halston. Rubell um judeu baixinho, Halston um homem alto. A atenção ao pormenor é impecável em todos os aspectos.</p><p>Também gosto do modo como o guarda-roupa de Halston acompanha dramaticamente a personagem, sempre impecavelmente vestido e sempre com as suas gabardinas com grandes golas levantadas, começa vestido de roupa mais ou menos banal, colorida, a gabardina em pele castanha, passa para o preto da cabeça aos pés, golas altas, óculos escuros, gabardina preta em pele ou tecido de gabardina, quando Halston se tenta impor no mundo da moda. A gabardina passa a ser ocasionalmente branca, em tecido de gabardina, quando se estabelece, oscilando entre o preto e o branco por um período relativamente longo. A gabardina passa a vermelho no início da decadência e quando fica doente volta ao preto e branco, à gabardina em pele, passando gradualmente para o branco da cabeça aos pés e trocando a gabardina por uma camisola de torcidos (branca) no período da "reforma".</p><p>Nem todos os actores são fisicamente muito decalcados dos originais, a começar por Ewan McGregor, mas a caracterização física, o guarda-roupa, maquilhagem e cabelos, determinados pormenores, fazem-nos ser convincentes, e tornam-nos reais.</p><p>Como já dei a entender, a mise-en-scéne da série é maravilhosa e mostra muito bem as personalidades e acontecimentos fora do alcance do comum mortal, com muita simetria, movimentos de câmara amplos, filmando Halston com frequência em contrapicado, o que o torna mais alto e trabalha a personagem como se fosse um monumento, um semideus. Mesmo nos momentos mais baixos, de um Halston deprimido, a câmara raramente sobe além do nível do olhar, tratando-o sempre como alguém maior que o mundo.</p><p>Mas é o desempenho de Ewan McGregor que arrasa com tudo o resto! Sou fã dele há muito tempo, antes de <i>Trainspotting</i>. Vi-o pela primeira vez na série musical de Dennis Potter, <i>Lipstick on My Collar</i>, e já nessa altura fiquei muito impressionada, e acho que McGregor é um actor muito completo. Todos os desempenhos que vi dele ("Hello there!") nunca decepcionam e mostram o seu registo alargado. Como Halston ele domina completamente a cena, como provavelmente o próprio Halston fazia. Não se consegue desviar os olhos do ecrã. </p><p>Como se não bastasse, a escolha de elenco e os excelentes desempenhos nao se ficam por aqui, destaco Krysta Rodriguez, maravilhosa como Liza Minelli. Além da semelhança física, Rodriguez soube capturar maravilhosamente bem a personalidade e maneirismos de Liza, até a voz está parecida. Rebecca Dayan, como Elsa Pereti, também se destaca no elenco principal e Bill Pullman foi a escolha certa para o empresário David Mahoney. Aliás, não há um único actor que se destaque no mau sentido, não há um unico mau desempenho. Foi divertido ver a personagem (real) de Joel Schumacher aparecer na série. Li algures recentemente, provavelmente quando a série saiu, que tinha sido assistente de Halston. </p><p>Por fim, a banda sonora não desaponta, tratando-se de uma compilação de vários temas musicais, que não se reduz ao contemporâneo da época ou ao <i>disco</i>, misturando temas mais modernos para um efeito dramático que funciona mesmo bem.</p><p>Na recriação impecável dos anos 60 a 80, daquela faixa social muito específica, de uma Nova Iorque em ebulição, com desempenhos poderosos, uma realização firme e emocionante, uma produção coesa e equilibrada, <i>Halston</i> é das melhores séries modernas que já vi. Uma surpresa muito boa, pois apenas me interessei pela série porque o tema me interessa e pela curiosidade em ver Ewan McGregor a interpretar uma personagem tão diferente.</p><p><a href="https://www.netflix.com/title/80245103" target="_blank">Halston</a></p>Misatohttp://www.blogger.com/profile/04213304151044494941noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-9295694.post-86537280673411998892024-01-06T17:22:00.002+00:002024-01-06T17:22:50.759+00:00O Animal é o Maior!<p></p><div style="text-align: center;"> <a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhesYxDcazjBKlsnMYSrSIGrlNugOreigY20dpLIrtcpqhX0RzVBZkvC1N7LZSHeaRFHjhXjNSFlO8ucdY1S0V-fvdeCuw4cZC9Zf1FHKePI_UzhoBoeFpPssu3gtIYZ123Rqil7qT-W8Gn6j3xRaCnkwwd0pUHaevRLNH2Np0LZPk3WZUs9WSe/s1200/scale.jpeg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em; text-align: center;"><img border="0" data-original-height="675" data-original-width="1200" height="225" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhesYxDcazjBKlsnMYSrSIGrlNugOreigY20dpLIrtcpqhX0RzVBZkvC1N7LZSHeaRFHjhXjNSFlO8ucdY1S0V-fvdeCuw4cZC9Zf1FHKePI_UzhoBoeFpPssu3gtIYZ123Rqil7qT-W8Gn6j3xRaCnkwwd0pUHaevRLNH2Np0LZPk3WZUs9WSe/w400-h225/scale.jpeg" width="400" /></a></div><br />Desde que vi <i>Os Marretas</i> pela primeira vez, nos idos anos 70, que o Animal é a minha personagem preferida. Lembro-me de, na minha primeira viagem a Londres, ficar louca com a secção de brinquedos do Selfridge's (já não tem) e de trazer de lá alguns Marretas nuns kits em tecido tipo feltro para montar. Lembro-me de ter o Kermit, a Piggy, o Rowlf (eu e os músicos) e o Animal. Sempre adorei bateristas, e o Animal é o maior. Adoro como ele está sempre na dele e da sua honestidade selvagem, sem filtros. Sou tão fã que a mala que mais tenho usado no dia-a-dia tem o Animal estampado. <p></p><p>Quando foi anunciada a série da <b>Disney+</b> dedicada à banda <i>Dr. Teeth & The Electric Mayhem</i>, é claro que fiquei entusiasmada. Mas a dificuldade em por-me a ver séries no PC fez com que adiasse ver a série e a tenha visto com algumas, poucas, interrupções. Isso está a mudar, e conto continuar a ver séries alternadamente entre o que passa na TV e o que arranjo para ver no PC.</p><p>A série é curtinha e tem uma permissa simples: Norah, que trabalha numa editora decadente, Wax Town Records, compromete-se a fazer cumprir um contrato há muito firmado com os Electric Mayhem para gravarem um álbum, de modo a salvar o seu emprego e a editora. Todas as personagens, excepto os Electric Mayhem, Penny Waxman (a dona da editora) e os respectivos parentes, são interpretadas por pessoas, o que lhes dá aquele ambiente clássico do <i>The Muppet Show</i>, mas de modo mais ou menos invertido, onde os Muppets são a excepção. Norah é certinha e organizada e tem dificuldade em lidar com o caos que são os Mayhem. Como apoiantes tem a irmã Hannah e o <i>groupie</i> e técnico da banda, Moog. O antagonista é o <i>yuppie</i> ex-namorado de Norah, JJ, que quer comprar a editora por tostões, portanto boicota constantemente os esforços de Norah. </p><p>Em cada episódio vemos Norah a enfrentar algum obstáculo que impede a concretização da gravação do álbum e um concerto no Hollywood Bowl, a maioria sendo incompatibilidades com a banda. Pelo meio, temos algumas <i>origin stories</i>, nomeadamente de Dr. Teeth ou do Animal, mas que não fazem falta alguma. Os sketches, como o Animal à procura de emprego, o quadro recorrente do Zoot a tirar Polaroids, ou a incompreensão do que Lips diz, são quase todos excelentes e aproveitam bem o <i>star power</i> do Animal, mas a linha condutora da série é fraca e prende muito pouco. Ficam os convidados notórios nalguns episódios, o colorido e exotismo da banda e pouco mais. Norah, Hannah e Moog têm pouca dimensão apesar da história de redenção de Norah, que na realidade a torna numa personagem em geral pouco agradável. O melhor mesmo é a música e a canção do genérico é alegre e muito orelhuda.</p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><iframe allowfullscreen="" class="BLOG_video_class" height="266" src="https://www.youtube.com/embed/iIo0CvdaN48" width="320" youtube-src-id="iIo0CvdaN48"></iframe></div><br /><p>Ah sim e, como eu sempre soube, o Animal é um fashion icon! Belas camisas, Animal! 🤟</p><p><a href="https://ondisneyplus.disney.com/show/the-muppets-mayhem" target="_blank">The Muppets Mayhem</a><br /></p>Misatohttp://www.blogger.com/profile/04213304151044494941noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-9295694.post-53490755323528044242023-08-13T01:27:00.000+01:002023-08-13T01:27:16.524+01:00De Regresso a Alpha<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><img border="0" data-original-height="500" data-original-width="666" height="240" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiU07VDgW2sSLdlOGyqR2293VVM6125T-C5b-FSUcgxJTxtlY9LcsumkGJIqsiC8IgSsy17wkQ7HK1_C7ZlOuOJ5eY8RRKKsHhS8PziS_KclFzO4q_UnmXVafMHSBuV7A-Ku887nH8GhAr_9wPUArfaNULS71N9WGIxcgzfm9q02c5lI1nSNHAI/s320/f1d6ebf36be6fc382a2a071155b49205.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;" width="320" /></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Y1 - <i>Guardian of Piri</i></td></tr></tbody></table><p style="text-align: left;"><span style="text-align: left;">Há uns meses a <b>SIC Radical</b> (há que tempos que não via a <b>SIC Radical</b>!) repôs o <i>Espaço: 1999</i> e apesar de ter a série em DVD, de já a ter visto dúzias de vezes, resolvi revê-la pois estou sem leitor de DVD.</span></p><p style="text-align: left;"><span style="text-align: left;">Mas a <b>SIC Radical</b> não tem respeito nenhum pela série. Para começar, resolveram adquirir a versão, acho que dos BluRay, com o formato 16:9. Acontece que <i>Space: 1999</i> foi filmada no formato 3:4 e tirar-lhe duas fatias de imagem, em cima e em baixo, faz com que, por exemplo, parte do título "Space: 1999" fique cortada. Numa série com uma direcção de câmara exemplar (já lá vou), isto é um crime.</span></p><p style="text-align: left;"><span style="text-align: left;">Outro "pecado" da <b>SIC Radical</b>, apenas o primeiro episódio foi transmitido na ordem certa, o resto é aleatório e, pior, repetem episódios! É verdade que em <i>Space: 1999</i> não há grande continuidade, mas o episódio <i>Earthbound</i> (com Christopher Lee) onde o comissário Simmons mói o juízo a toda a Base Lunar Alpha para ser ele o escolhido a regressar à Terra com os Kaldorians, não pode ser transmitido muito depois de <i>Breakaway</i>, por uma questão de lógica. Já revi uns 11 episódios, incluindo o episódio <i>Matter of Life and Death</i> duas vezes, e nada de <i>Earthbound</i>...</span></p><p style="text-align: left;">Por último há o meu <i>pet peeve</i> de na tradução estarem "as" Águias, em vez de "os" Águias. É um pormenor e a tradução actual está mais correcta em termos da língua portuguesa, mas para quem cresceu a ver a série com a designação "os Águias", faz imensa confusão. </p><p style="text-align: left;">O lado absolutamente positivo é rever a minha série preferida e mesmo assim reparar em coisas novas, como os magníficos movimentos de câmara. Muito já falei e se fala da qualidade e inovação dos efeitos especiais práticos de <i>Space: 1999</i>, muito já se falou dos cenários espantosos e excelente fotografia, ou mesmo dos argumentos (da primeira temporada) a raiar o terror e com uma carga às vezes muito pesada. Mas é raro falar-se do trabalho e posicionamento de câmara e agora foi a primeira vez que reparei nestes movimentos de câmara subtis mas invulgares, com panorâmicas aliadas a aproximações de câmara, movimentos a acompanhar os actores, que dão um dinamismo visual à série incrível. Seria de esperar, com a austeridade dos cenários e guarda roupa, que a câmara fosse rígida fora das cenas de acção, mas em vez disso temos uma câmara fluída, principalmente quando acompanha os actores em momentos dramáticos. Será a herança de uma direcção de câmara mais vanguardista dos anos 60, mas que realmente enriquece e suaviza a restante austeridade visual. Gostava que houvesse esse tipo de direcção de câmara actualmente, ou que houvesse maior variedade e arrojo na direcção de câmara. Actualmente é tudo muito igual e de modo a não se dar por isso. É uma estética, clássica, mas numa série de ficção científica, por exemplo, há alguma margem para a <i>mise-en-scéne</i> não se ficar pelo básico. Acho que, das séries modernas com algum arrojo visual que vi neste século, só mesmo <i>Legion</i> foi mais além.</p><p style="text-align: left;"><a href="https://catacombs.space1999.net/main/epguide/ty1.html" target="_blank">Catacombs of the Moon</a></p>Misatohttp://www.blogger.com/profile/04213304151044494941noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-9295694.post-79497301551919341532023-07-03T15:35:00.002+01:002023-07-14T15:23:37.242+01:0015 Minutos de Fama<p></p><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgcIgebP8WSOFIGmLL0ry1QrE0yaTuXKdO06Rxorerc7TxLWeaavM7_gECr6Kd5PFvzc-OpNsq6cblL7SCwzXOdVXbz5eY1qyIKQt55kn0gLjaoNQbaIvsG8F-sMUpRgColf4yZaSktaWVuY1epIoETmBs_iIsVOp2iUa3yH1E900EPRjbzLx4V/s2048/Ema27RqXMAUZL_I.jpeg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="1536" data-original-width="2048" height="240" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgcIgebP8WSOFIGmLL0ry1QrE0yaTuXKdO06Rxorerc7TxLWeaavM7_gECr6Kd5PFvzc-OpNsq6cblL7SCwzXOdVXbz5eY1qyIKQt55kn0gLjaoNQbaIvsG8F-sMUpRgColf4yZaSktaWVuY1epIoETmBs_iIsVOp2iUa3yH1E900EPRjbzLx4V/s320/Ema27RqXMAUZL_I.jpeg" width="320" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Isaac com Andy Warhol e parte da sua <i>entourage</i></td></tr></tbody></table><br /><blockquote><p><i>Got picked up at 8:15 to go to The Love Boat. Flubbed my lines on the morning, felt bad about it. Worked all day.</i></p><p>entrada de Segunda-feira, 1 de Abril de 1985, Los Angeles. <i>The Andy Warhol Diaries</i> (1989)</p></blockquote><p></p><p>Uma das razões porque quis ver a série completa <i>The Love Boat</i> foi porque, nos anos 90, ao ler <i>The Andy Warhol Diaries</i>, li os comentários dele acerca de ter sido convidado a participar num episódio da série. Calhou ser a 9ª e última temporada, quase parece de propósito para obrigar-me a ver, pelo menos, cada genérico com atenção, para ver quem são os convidados do dia.</p><p>O tempo de antena de Andy Warhol no episódio é capaz de nem fazer os 15 minutos da sua frase célebre, que no futuro todos iriam ter pelo menos 15 minutos de fama. No episódio, Warhol pavoneia-se pelo navio, mal dizendo duas palavras de cada vez, tirando <i>polaroids</i> aos passageiros, para escolher uma feliz pessoa contemplada com um retrato seu. À semelhança da sua persona real, Warhol nunca está sozinho, sempre rodeado da sua <i>entourage</i>, consistida pelo seu assistente pessoal e mais umas três ou quatro personagens a emular os seus amigos famosos, como Bianca Jagger ou Halston. Para lhe dar dimensão, acrescentaram uma ligação a uma das passageiras, agora de meia-idade, num casamento conservador, que teria entrado num dos seus a<i>rt films</i> e não quer que o marido saiba. <span style="color: red;"><b>*spoiler*</b></span> Apesar de ela achar, para seu alívio, que Warhol não se lembra dela, no fim do episódio ele reconhece-a e é a escolhida para o retrato. <span style="color: red;"><b>*fim de spoiler*</b></span> Foi divertido, mas no contexto da série estas participações especiais parecem sempre forçadas. Conhecendo os comentários de Warhol acerca da sua participação e a persona que assumia em público, principalmente fora do seu <i>habitat</i> The Factory, a participação parecer forçada fica mais adequada à personagem que o costume.</p><p><i>The Love Boat</i> teve 9 temporadas, o que para a época, é um caso de longevidade. Mas, na temporada 7, com a saída de Julie, o envelhecimento e cansaço geral do elenco e integração de duas personagens novas, Judy, irmã de Julie, também directora do cruzeiro, e Ace, o fotógrafo do navio, foi notória alguma estagnação. Salvou-a os cruzeiros a partes exóticas, sempre pitorescos, que se multiplicaram nas últimas temporadas, e as participações especiais de Betty White e Carol Channing, sempre hilariantes, com os fabulosos figurinos de Carol Channing, por Nolan Miller.</p><p>Na nona temporada também resolveram mudar o genérico, com uma nova versão da canção, novos gráficos e novo logótipo. De todas estas alterações a única de que gostei mais do que da versão anterior foi o logótipo. As restantes seguiram as tendências da época, como os chumaços nos ombros, mangas de balão gigantes e fatos de banho cavados nos figurinos femininos. A introdução das Mermaids, um grupo de dançarinas oficiais do navio, trouxe-nos uma Terri Hatcher muito miúda, na sua primeira participação numa série televisiva, mas em ascendência meteórica. Logo a seguir iria participar em <i>MacGyver</i> e o resto é história. </p><p>Nota ao tradutor: esta temporada passa-se em 1985-86, se uma personagem está, num telefone fixo, a negociar a venda de aparelhos de telefone à China, não serão com toda a certeza telemóveis. Se não sabem, PESQUISEM, POR FAVOR!</p><p>ADENDA:</p><p>No antepenúltimo episódio de <i>The Love Boat</i>, a equipa, noutro navio que não o Pacific Princess, atraca em Lisboa. Apesar de anunciarem Lisboa como uma cidade histórica, um dos dois ou três destaques é o "lago dos cisnes no Campo Grande". Onde foram buscar isto? Nos anos 80, sobretudo em 1986, ano do episódio, o Campo Grande era um local perigoso e não havia cisnes no lago, só patos e gansos. Também só mostram pouco mais de Lisboa que a Torre de Belém ou o Rossio. Não, não mostram o lago do Campo Grande. </p><p>A narrativa que faz a ligação a Lisboa é igualmente despropositada: César Romero e Lorenzo Lamas, em toda a sua glória latino-americana, fazem de avô e neto, de uma família tradicional de toureiros, os Belmonte. Vá lá que o nome é plausível. E, com isso, basicamente o restante que vemos de Lisboa é a Praça de Touros. O bom é que vê-se a Praça sem a cúpula, que estragou o recinto, sobretudo na acústica. Já a história está pejada de clichés e o apresentador da tourada fala em português do Brasil! Mais valia terem ficado longe da costa portuguesa! </p><p><a href="https://en.m.wikipedia.org/wiki/The_Love_Boat" target="_blank">The Love Boat</a> (Wikipedia)</p><p></p>Misatohttp://www.blogger.com/profile/04213304151044494941noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-9295694.post-55129204752841201612023-05-23T22:52:00.001+01:002023-05-23T22:52:14.885+01:00To Sci-fi or Not to Sci-fi<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiNVKVl4kIX_MPmCh3ChqEDiDsWjaGQ27Rx-RO7BdDqqDpBGEQiopE19tvZsPtr1y87Wocrn3QtmLNysSM1hMtQgTqPH34Tmpc7rBEnjtaa2pUtb6h3TtNsqRKLub20g0jMy9fP7RS9RWzmUQGx7Djn5dHljQMiqL0DkziREEH8cry2wvdD_Q/s1021/Untitled-26.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em; text-align: center;"><img border="0" data-original-height="723" data-original-width="1021" height="227" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiNVKVl4kIX_MPmCh3ChqEDiDsWjaGQ27Rx-RO7BdDqqDpBGEQiopE19tvZsPtr1y87Wocrn3QtmLNysSM1hMtQgTqPH34Tmpc7rBEnjtaa2pUtb6h3TtNsqRKLub20g0jMy9fP7RS9RWzmUQGx7Djn5dHljQMiqL0DkziREEH8cry2wvdD_Q/s320/Untitled-26.png" width="320" /></a></div><p>Infelizmente aos soluços, pois não apanhei a série nos dias em que estreou, consegui ver a grande maioria dos episódios de <i>Mission: Impossible</i>. Mas espero ver os que faltam um dia, noutra reposição da <b>RTP Memória</b>. </p><p>No início, pois na reposição da série nos anos 80 só vi dois ou três episódios, o meu interesse estava sobretudo em Martin Landau e Barbara Bain, o casal maravilha, cujo sucesso em <i>M:I</i> lhes proporcionou os papéis de Commander Koenig e Dr. Helena Russel, em <i>Space: 1999</i>, a série em que os conheci. Mas <i>M:I</i> tem uma característica singular, de os vilões ou convidados do episódio terem mais densidade psicológica que o elenco principal. Isso tornou, para mim, o desempenho de ambos demasiado distanciado e frio, deixando aquém das minhas expectativas. </p><p>Essa ausência de caracterização psicológica dos protagonistas de <i>M:I</i> faz desta série um caso estranho de sucesso. Actualmente, se o espectador não cria empatia com os protagonistas de uma série ou filme, é meio caminho andado para o cancelamento (não é de um cancelamento <i>woke</i> que estou a falar) dessa série. As séries modernas vivem das personagens, por isso temos quase sempre protagonistas de alguma forma peculiares, carismáticos, que mostram tanto as qualidades, como os defeitos. Como não vi episódios suficientes a primeira vez que vi a <i>M:I</i>, tenho dificuldade em compreender a dimensão do sucesso da série, para alémde alguns elementos. </p><p>Mas há elementos que justificam esse sucesso, vou falar deles um a um.</p><p><b>Os <i>gadgets</i>. </b></p><p>Os <i>gadgets</i> eram a segunda coisa de que melhor me lembrava de <i>M:I</i>, tenho uma memória clara de máscaras de borracha, disfarces criativos, instrumentos mirabolantes e premonições da vigilância moderna, que provavelmente já existia nalguma forma, mas que não era do domínio público. Os <i>gadgets</i> são definitivamente um dos principais pontos de interesse de <i>Mission: Impossible</i>.</p><p><b>Os planos.</b></p><p>Os planos intrincados para cumprirem a missão e passarem despercebidos são outro dos grandes pontos de interesse de <i>M:I</i> e a característica mais original da série. Infelizmente, a dada altura, as intrigas começam a entrar numa fórmula fixa, retrato da Guerra Fria que se vivia, onde os vilões ou eram de algum país comunista de leste, sem mencionar o "palavrão" "comunista", ou uma ditadura militar na América latina ou Ásia menor. Raramente vemos episódios passados em África e os dos Estados Unidos, apesar de tudo ainda a maioria, tratam sobretudo de máfias criminosas locais ou dramas com heranças familiares.</p><p>Os episódios dos países do Leste europeu eram os mais divertidos, pois a sinalética era toda criada de modo que um espectador anglófono médio as compreendesse. Usavam palavras como: "nüklear", "companica de aqua" ou "companica de gaz" e muitos mais. Infelizmente não anotei mais que estes, mas alguém se terá divertido bastante a criar estas <i>nomenklaturas</i>. Os tipos de letra também mudavam, sendo os mais evidentes em países de influência germânica, onde as letras eram frequentemente góticas.</p><p><b>A sequência inicial.</b></p><p>Calculo que, tal como eu, semana a semana, os espectadores dos anos 60 e 70, não perdiam as sequências iniciais, onde Mr. Phelps ouve (ou vê) as instruções das missões, para as ver desfazerem-se em fumo. A grande maioria eram mini gravadores de bobines, guardados em áreas de acesso limitado, como guaritas de obras, caixas de electricidade, porta-luvas de carros, etc. Mas outras eram um bocadinho menos plausíveis, como uma vez que Mr. Phelps vê as instruções nuns binóculos de moedinha de um miradouro. Nas temporadas mais tardias nem sempre os episódios começavam assim, talvez numa tentativa de variar a fórmula, mas confesso que senti a sua falta. Gosto delas.</p><p>Curiosamente, para além de Peter Graves, Mr. Phelps, o cabeça da equipa, o actor que entra em mais, senão em todos os episódios, é Greg Morris, como Barney Collier, o mestre dos gadgets e disfarces. Acho curioso pois, nos anos 60 e 70, uma época ainda de grande segregação nos EUA, o segundo principal actor da série é negro e ainda por cima tem uma das personagens mais interessantes. De Mr. Phelps sabemos pouco, apenas que é inteligente e um bom estratega, já Barney é também inteligente e com excelentes conhecimentos de engenharia, tecnologia, mecânica, etc. Todos os outros cumprem papéis mais genéricos, ou são os músculos, como Peter Lupus (Willy Armitage), ou servem para seduzir os alvos das missões. Em aparições bem menores, temos um médico, Sam Elliot (Doug Robert), que tem uma função claramente útil, mas que nem sempre é aproveitada.</p><p>Das mulheres, a minha preferida foi Leslie (Ann) Warren (Dana Lambert), apesar de precisar de alguém a ensinar a correr de um modo mais atlético. Mas nada bate os vestidinhos de Barbara Bain, em geral sempre dentro de uma elegância formal anos 60, mas por vezes mais arriscados. Embirrei à brava com Linda Day George, demasiado coisinha, e Lee Merriweather teve um desempenho competente.</p><p>Dos homens, desculpa Martin Landau, ninguém passa à frente de Leonard Nimoy! Depois de <i>Space: 1999</i> me viciar em ficção-científica para todo o sempre, veio <i>Star Trek</i> à televisão portuguesa para me trazer a minha segunda paixoneta cinematográfica/televisiva: Mr. Spock. Mesmo tendo outras paixonetas posteriores, Leonard Nimoy, na pele de Spock, marcou-me para sempre e, ainda hoje, acho-o todo bom! E foi um actor e pêras! Depois, aquelas patilhas e aquelas golas altas em <i>M:I</i> matam-me! =)~ A-ham, agora a sério, dentro das personagens genéricas mas importantes de <i>M:I</i>, Paris é das mais carismáticas e versáteis. Landau, na pele de Rollin Hand, oscilava entre os disfarces de general ou déspota maquiavélico, enquanto que Paris tinha maior vocação para se integrar numa diversidade de cenários, de condutor de carroça a multimilionário corrupto. Mas, como já disse acima, também gostei muito da personagem de Barney.</p><p>Porquê este título? Apesar de <i>Mission: Impossible</i> ser anterior a <i>Star Trek</i> e <i>Space: 1999</i>, as três estrearam por ordem cronologicamente inversa, pelo menos desde que tenho idade para ver TV. Portanto, a minha exposição aos actores que transitam nestas séries, foi menor em <i>Mission: Impossible</i>, e teve início em duas séries de ficção científica de culto<i>. </i>Apesar das intrigas de espionagem, <i>Mission: Impossible</i> também inclui uma forte componente de ficção científica, nem que seja nos <i>gadgets</i> futuristas e impossíveis, sobretudo das primeiras temporadas. </p><p>Enquanto via <i>M:I</i>, só me lembrava de uma série moderna que passou um pouco despercebida, mas que está no meu coração: <i>Leverage</i>. Agora apetece-me rever <i>Leverage</i>, e nem vislumbre da série nos canais portugueses... <i>Leverage</i>, série de que falei <a href="http://tv-child.blogspot.com/2013/05/gosto-de-anti-herois.html">aqui</a>, é claramente baseada na premissa de <i>Mission: Impossible</i>, mas com outro contexto. Em vez de a organização ter ligações governamentais e políticas, o grupo de <i>Leverage</i> é um grupo de marginais, que concretiza missões por encomenda, na maioria das vezes pouco legais ou legítimas. Alguns dos elementos da equipa inclusive têm cadastro ou são procurados pela polícia. A equipa também é mais coesa, variando muito pouco, com elos fortes entre elementos e cada personagem tem uma caracterização muito mais complexa e empática. Por fim, também é pontuada por um grande sentido de humor, fazendo com que a série seja facilmente devorada de uma assentada, deixando ficar o desejo por mais. É como se <i>Leverage</i> fosse uma versão de <i>Mission: Impossible, </i>com um belíssimo upgrade.</p><p><i><a href="https://www.imdb.com/title/tt0060009/" target="_blank">Mission: Impossible</a></i> (imdb)</p><p><i><a href="https://www.imdb.com/title/tt1103987/" target="_blank">Leverage</a></i> (imdb)</p>Misatohttp://www.blogger.com/profile/04213304151044494941noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-9295694.post-53863392139017399382023-02-06T18:30:00.001+00:002023-02-06T18:30:18.742+00:00Ontem à Noite fui ao Soho<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgyR1AQT2KSNEwNv2UtyzAyQXFGKlZ84UDWuaRXpjl3xv16KaaMRjywIhrXqGJzBXRUf_5ZHIFHMoJhrMKu8_nct0FnV1ekFmks1vUK-dZ9e0L2SXvfoUAYvEphY-YfI1hG3xwVAjZE_-WopdMnFBS9PVnpOSKkT5nwOKhgaU888qYEJMexrw/s1600/l-intro-1630516775.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em; text-align: center;"><img border="0" data-original-height="900" data-original-width="1600" height="180" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgyR1AQT2KSNEwNv2UtyzAyQXFGKlZ84UDWuaRXpjl3xv16KaaMRjywIhrXqGJzBXRUf_5ZHIFHMoJhrMKu8_nct0FnV1ekFmks1vUK-dZ9e0L2SXvfoUAYvEphY-YfI1hG3xwVAjZE_-WopdMnFBS9PVnpOSKkT5nwOKhgaU888qYEJMexrw/s320/l-intro-1630516775.jpg" width="320" /></a></div><p style="text-align: left;"></p><p>Eu sei, é um título fácil, mas não resisti.</p><p>Quando <i>Last Night in Soho </i>estreou, em 2021, ainda andávamos em confinamentos e restrições pandémicos, pelo que acabei por não lhe prestar muita atenção. Mas duas ou três coisas chamaram-me a atenção para este filme, Londres, concretamente o Soho, nos anos 60, umas primeiras imagens muito psicadélicas, uma Anya Taylor-Joy muito bem caracterizada, ter sido o último filme de Diana Rigg, a eterna Mrs. Peel e Tracy Bond, que morreu antes de o filme estrear.</p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><iframe allowfullscreen="" class="BLOG_video_class" height="266" src="https://www.youtube.com/embed/k6E6zZy0B5M" width="320" youtube-src-id="k6E6zZy0B5M"></iframe></div><br /><p>Há cerca de um mês esbarrei novamente com um vídeo do filme e desta vez vi-o. Foi assim que fiquei com imensa vontade de ver o filme! O vídeo, um vídeo musical, mostra uma Anya Taylor-Joy muito lânguida, com um ar vagamente sixties, a cantar uma versão lenta e melancólica de <i>Downtown</i>, originalmente cantada por Petula Clark, nos anos 60. Desde miúda que gosto imenso desta canção e fiquei fascinada com esta versão, que me fez prestar uma atenção à letra que nunca lhe dera. É daquelas musiquinhas alegres, sem grande consequência, mas que nesta nova <i>remix</i>, ganha uma profundidade que nunca lhe tinha visto (*vim a saber depois que há ligeiras mudanças na letra, que a tornam mais melancólica). E a Anya Taylor-Joy canta que se farta! Fui buscar o filme na candonga, mas, para variar, pois não gosto de ver filmes no ecrã pequeno do PC, sentada numa cadeira de escritório, não o vi.</p><p>No fim de Janeiro apanhei uma publicidade da <b>NOS</b>, onde divulgava a estreia do filme no seu canal dedicado em Fevereiro. Portanto, ontem à noite fui ao Soho.</p><p>O filme é bem mais complexo do que eu inicialmente pensava e não é uma mera recriação histórica da <i>Swinging London</i>. De notar que, embora subtilmente, o filme nunca esconde o que é. O Soho nos anos 60 era tudo menos um bairro recomendável, menos ainda para uma menina de boas famílias e à noite. Essas andavam por Carnaby Street, Kings Road ou Kensington. Os cartazes e as fotos publicitárias apresentam cores primárias, contrastantes, néons, imagens fragmentadas, tudo sobre um fundo escuro.</p><p>Não fazendo <i>spoilers</i>, pois este é um desses filmes, a narrativa é entrelaçada entre o presente e o passado, com reviravoltas muito interessantes e não é uma história previsível. Edgar Wright leva-nos pela mão, faz-nos gostar de quem não devíamos, e faz-nos imergir naquele universo onírico cheio de espelhos, qual Alice no País das Maravilhas. E sim, este filme não é um musical romântico, é um thriller com um toque de terror.</p><p>Também me agradou por outro aspecto, muitas das cenas tecnicamente complexas são criadas com efeitos práticos, cenários versáteis, e filmadas nas verdadeiras ruas do Soho. Segundo li, foi uma tarefa hercúlea. Ah, e Terence Stamp, aos 80 anos, a fazer as próprias cenas de duplo! Não foi lançar-se de um prédio, nem nada assim, mas cena de duplona mesma.</p><p>E, por fim, para além de outras canções deliciosas dos anos 60, montes de citações e referências a filmes e personalidades dos anos 60 e 70, que normalmente eu devoro, temos de brinde, a maravilhosa Diana Rigg e o fantástico Terence Stamp, imensamente populares nos anos 60, e sempre bem-vindos nos meus ecrãs! </p><p>É sempre bom quando posso ver os filmes estranhos que me chamam a atenção de forma legal, sem ter de recorrer aos canais de <i>streaming</i>, que eu não tenho.</p><p><a href="https://www.imdb.com/title/tt9639470/" target="_blank">Last Night in Soho</a> (IMDB)</p>Misatohttp://www.blogger.com/profile/04213304151044494941noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-9295694.post-2583464539164050912023-01-18T00:45:00.000+00:002023-01-18T00:45:19.733+00:00O Paquete Ideal<i>The Love Boat</i>, <i>O Barco do Amor</i>, tem uma fórmula e uma estética. Cada episódio tem 3 histórias que se entrecruzam, uma envolvendo um elemento da tripulação, em geral comédia, um drama e uma comédia. Para além do elenco fixo, a tripulação do Pacific Princess, o elenco convidado consiste num misto de actores em início de carreira, como um Tom Hanks juvenil, ou uma Jamie Lee Curtiz adolescente, ou velhas estrelas de cinema de Hollywood, como Olivia DeHavilland, Vincent Price, Sylvia Sydney ou Joseph Cotten, em raras aparições televisivas. Pelo meio, o elenco aproximadamente entre os 30 e os 50 anos, são vedetas da TV da época, como Meredith Baxter Birney (a mãe de <i>Quem Sai Aos Seus)</i>, ou John Ritter. Há sempre convidados musicais, portanto um número musical, e por vezes os convidados vêm em pacote, como os The Village People ou as Pointers Sisters, o que dilui ainda mais as possibilidades dramáticas do seu segmento narrativo.<div><br /></div><div>Mesmo quando as histórias são sérias, o facto de serem entrecortadas pelas outras duas narrativas, torna-as bastante superficiais e previsíveis. Não que as outras não sejam previsíveis, quase todas as histórias em <i>The Love Boat</i> são tão previsíveis como o facto de o paquete partir de Los Angeles, parar em Mazatlan e Acapulco, e regressar a Los Angeles.</div><div><br /></div><div>Nada disto foi surpresa, pois vi, durante os anos 80, muitos episódios de <i>The Love Boat</i>, mas desde que começou a dar na <b>RTP Memória</b>, que quis ver todos, ou quase todos, com o olhar de hoje. Sabia que iria ser bastante superficial, um tratado televisivo em como misturar décors naturais com décors em estúdio a passar por naturais, de que a piscina em trevo é o exemplo mais flagrante, e a glamourização de um estilo de vida irrealista. Mas é facil entrarmos naquele universo, acreditarmos na suspensão da descrença e deixarmo-nos ir numa viagem marítima com toques tropicais por cerca de 50 minutos. É um escapismo como outro qualquer e podemos entreter-nos com o charme, agora retro, de uma América dos anos 70 e 80 idealizados, onde acaba sempre tudo bem.</div><div><br /></div><div>Vale pelos cenários, pelos vestidinhos muito Halston de Julie, principalmente nas primeiras temporadas, pois quando a série entra nos anos 80, passam a ser um bocado salve-se quem puder, e a moda juvenil anos 70/80 de Vicky. Há lá peças que adorava ter nos anos 80 e que ainda hoje vestiria.</div><div><br /></div><div>Dos elementos da tripulação o meu preferido, mesmo sendo o <i>cliché</i> dos <i>clichés</i>, é o barman Isaac Washington. Os problemas dele costumam ser simples, está sempre bem-disposto e resolve quase tudo com uma bebida colorida. A seguir, apesar de exageradamente pateta, acho piada ao Gopher na sua ingenuidade. O Dr. Bricker é terrivelmente misógino e assedia o mulherio todo, uma personagem impossível nos dias de hoje. Julie é simpática e tem um sentido de humor agradável, mas quando as histórias se focam nela, em geral são exageradamente dramáticas, o que não encaixa na personalidade dela no dia-a-dia. O Capitão Stubbing é o clássico autoritário bonzinho e Vicky oscila entre a criancinha irritante e a criancinha boazinha, mas ainda irritante, por ser tão boazinha. Por fim há um ou outro convidado regular, sendo a mais recorrente a mexicana April, que é puramente um <i>fait divers</i>, apoiado no exagero da actriz, que provavelmente está a interpretar-se a si mesma, para quando os argumentistas têm um buraco narrativo a preencher.</div><div><br /></div><div>Os ocasionais episódios duplos, além de terem mais de 3 histórias, costumam variar a paisagem e levam-nos a temperaturas mais frias, como ao Alasca ou ao Oceano Atlântico, mostrando com orgulho, qual postal ilustrado, o Canal do Panamá. Nesses episódios as histórias são um pouco mais profundas e incluem sempre alguma vedeta musical.</div><div><br /></div><div>Salva-se o tema maravilhoso de Charles Fox, um dos compositores da banda sonora de um dos meus filmes preferidos, <i>Barbarella</i>.</div><div><br /></div><div><i>The Love Boat</i> não ambiciona ser muito mais que entretenimento leve e fica-nos, no séc.XXI, o prazer nostálgico de rever vedetas de hoje a dar os seus primeiros passos, ou vedetas do antigamente já desaparecidas.</div><div><br /></div><div><a href="https://en.m.wikipedia.org/wiki/The_Love_Boat" target="_blank">The Love Boat</a> (Wikipedia)</div>Misatohttp://www.blogger.com/profile/04213304151044494941noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-9295694.post-88514301798727445752022-08-18T22:57:00.002+01:002022-08-18T22:57:33.379+01:00Portugals<p> </p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><iframe allowfullscreen="" class="BLOG_video_class" height="266" src="https://www.youtube.com/embed/ebQfL9tQ03A" width="320" youtube-src-id="ebQfL9tQ03A"></iframe></div><div style="text-align: center;"><i>Portugals</i> - Jesus Quisto </div><div style="text-align: center;"><br /></div><div style="text-align: left;">E é isto! xD</div><div style="text-align: left;"><br /></div><div style="text-align: left;"><a href="https://www.rtp.pt/play/p10551/por-do-sol" target="_blank">Pôr do Sol - RTP Play</a> </div><p></p>Misatohttp://www.blogger.com/profile/04213304151044494941noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-9295694.post-89492665507299233632022-07-12T19:30:00.000+01:002022-07-12T19:30:25.241+01:00"Compañero"<p>Ao contrário da maioria dos meus amigos no final dos anos 80, quando estreou <i>Himmel Über Berlin</i> (<i>As Asas do Desejo</i>), eu nunca tinha visto o <i>Columbo</i> e não percebi a referência. Quase 40 anos depois, graças à <b>RTP Memória</b>, finalmente vi a série. Naquela época, eu só sabia que era uma série policial e que o actor Peter Falk interpretava o protagonista, o detective Tenente Columbo.</p><p>Já aqui disse várias vezes que gosto de <i>whodunnits</i>, o <i>Columbo</i> é uma espécie de subversão do género, já que, ao contrário do Tenente, nós sabemos sempre o que se passou e o jogo está em ir vendo os métodos aparentemente trapalhões de Columbo a destrinçar o que se passou. Nas primeiras duas ou três séries, ainda é tudo novidade e a coisa funciona, mas à medida que a série se vai prolongando, começamos a tentar ver as costuras e começa a parecer que Columbo também sabe o que sabemos e apenas brinca com os criminosos como um gato brinca com a comida. Não deixa de ser um jogo interessante, mas o seu fascínio dura pouco.</p><p>Apesar da premissa repetitiva, <i>Columbo</i> não deixa de ser uma série muito bem feita. O orçamento era com certeza alto, pois tecnicamente a série não envelheceu. Os filmes introdutórios, onde vemos o crime a ser cometido, têm uma qualidade cinematográfica, rara na televisão de cordel americana do final dos anos 70 e anos 80. Boa fotografia, boa realização, o primeiro episódio foi realizado por nem mais que um Steven Spielberg iniciante, montagem sólida. Os actores convidados são muitas vezes estrelas de primeira e não são exclusivos da televisão. Falar em separação da televisão e do cinema hoje em dia até é estranho, dado que agora actores e técnicos oscilam entre ambos, mas antes de <i>Twin Peaks</i>, era rara essa partilha e dificilmente actores de TV faziam o <i>upgrade</i> para cinema e o contrário seria um demérito.</p><p>De resto, Peter Falk criou ali um "boneco" muito bem feito, um detective raposa matreira, com uma estratégia de enganos intrincada, de modo a apanhar os criminosos. Os criminosos também não são o Zé ninguém ao virar da esquina, são pessoas de classe alta, às vezes celebridades de várias espécies, e os crimes normalmente derivados a questões de poder, dinheiro e por vezes passionais.</p><p>O que se tira disto tudo é que a justiça prevalece, aqui pelas mãos do Tenente Columbo. </p><p>E também é giro ver o desfilar da estética do final dos anos 70, do surgimento dos telefones sem fios e dos <i>car phones</i>, dos avanços da tecnologia, enquanto o carrinho do Tenente continua a ser o Peugeot 403 espatifado, tal como a icónica gabardina.</p><p><i>Columbo</i> é uma série divertida de se ver, embora por vezes os episódios de mais de uma hora e as narrativas repetitivas se tornem cansativas. Tavez se só tivesse visto um episódio por semana, em vez de um por dia, não sentisse tanto essa repetição. </p><p><a href="https://www.imdb.com/title/tt1466074/" target="_blank"><i>Columbo</i> (IMDb)</a></p>Misatohttp://www.blogger.com/profile/04213304151044494941noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-9295694.post-52313937525858280522022-03-28T21:30:00.002+01:002022-03-28T21:34:43.517+01:0094 Oscars - Violentos<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhaLffEO3Wprpq8-5c1sV8wdr_lXs7ItD5qpm6RV1yU8IdHRWk4Ds4v5fgaqemDGWFzmHLUWQW1ymVP22yM14X208GunCfIjB5OG9KHTqkMLD0ox_m8GE-3gD1ztbKsBYvo5j1axSnqANUmOlUb2hJHY89hxacjxJPGs_KnNeRrChJxGg1_NQ/s320/batman-slap-robin.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em; text-align: center;"><img border="0" data-original-height="310" data-original-width="320" height="310" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhaLffEO3Wprpq8-5c1sV8wdr_lXs7ItD5qpm6RV1yU8IdHRWk4Ds4v5fgaqemDGWFzmHLUWQW1ymVP22yM14X208GunCfIjB5OG9KHTqkMLD0ox_m8GE-3gD1ztbKsBYvo5j1axSnqANUmOlUb2hJHY89hxacjxJPGs_KnNeRrChJxGg1_NQ/s1600/batman-slap-robin.jpg" width="320" /></a></div><p>Vi os <i>Oscars</i> com muito pouca atenção. Depois das alterações do ano passado, as que não foram directamente motivadas pela pandemia, os <i>Oscars</i> perderam a pouca piada que lhes restava. Basicamente ainda vejo porque não me custa, costumo estar acordada a essa hora.</p><p>Como também não tive disponibilidade nenhuma para acompanhar os filmes nomeados e dos nomeados acho que só vi o <i>Dune</i>, os <i>Oscars</i> este ano foram vistos com zero antecipação, quase que me esquecia.</p><p>Dito isto, como tenho andado bastante ocupada, acabei por estar a fazer outras coisas durante a cerimónia e, como não tinha um plano de fazer algo com as mãos, fiz uma série de tarefas, que me fizeram prestar pouca atenção à TV.</p><p>Isto resultou que nem dei pelo tabefe do Will Smith ao Chris Rock e só percebi que se tinha passado algo pelos comentários da Catarina Furtado no intervalo. Para agravar mais a coisa, a <i>box</i> resolveu fazer <i>restart</i> a meio do discurso de aceitação de Will Smith, que não tinha terminado quando o programa voltou. Só hoje vi o que se passou, que só me lembrou o <i>meme</i> do Batman acima.</p><p>A propósito de Catarina Furtado, os apresentadores portugueses são completamente obsoletos no directo dos <i>Oscars</i>. Pior então quando colocam dois palermas como a Catarina Furtado e o Mário Augusto a apresentar. Este ano reparei que os intervalos eram longos, ninguém disse nada de jeito, e, para variar, o conceito de <i>Red Carpet</i> continua a ser desconhecido a quem produz estas emissões. Calem-se de uma vez e deixem as pessoas ver os vestidos bonitos e a cerimónia apenas com as interrupções de origem (devidamente preenchidas com publicidade local)!</p><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiLhoy2KUSVFwHjl6RvzHbZTm5ssE7f6afYtRSpli-3ygI0tmksrm2Jc_gQGlJhztXZqbDI958naZYGZ1OdP6_AzQWzaENfIUrP0pQBBg1SJHY5jyQDkTgC_5Z4K7eAf8d1JKgstUQkyM-D_GBEMa8a_HKwuvWSQluHQleT7yvWs4eYUgTyUA/s1920/1388064693.jpeg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="1920" data-original-width="1280" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiLhoy2KUSVFwHjl6RvzHbZTm5ssE7f6afYtRSpli-3ygI0tmksrm2Jc_gQGlJhztXZqbDI958naZYGZ1OdP6_AzQWzaENfIUrP0pQBBg1SJHY5jyQDkTgC_5Z4K7eAf8d1JKgstUQkyM-D_GBEMa8a_HKwuvWSQluHQleT7yvWs4eYUgTyUA/s320/1388064693.jpeg" width="213" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="color: #76a5af;">Maya Rudolph</span></td></tr></tbody></table><p>As fatiotas andam mais exóticas! Não havendo vestidos que me chamassem a atenção por aí além, adorei a Maya Rudolph de diva anos 70! Rita Moreno arrasou como sempre e gostei da fatiota da Zendaya.</p><p>Os moços também andam mais exóticos, sobretudo os mais novinhos. Pessoalmente a minha preferência continua num bom <i>smoking</i> de veludo!</p><p>Bom, será que para o ano ainda blogo sobre os <i>Oscars</i>? Este ano estive quase para não o fazer.</p>Misatohttp://www.blogger.com/profile/04213304151044494941noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-9295694.post-23103103482973504042021-12-31T02:12:00.001+00:002021-12-31T12:38:08.638+00:00Porque só devia haver um Matrix<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEiCKuiqjKJALb6TsnF-pCjjOdNkvrV-2PjsZmuEUJK84HODAZmZ_PGePgtEuJXMFRou2Vhlpecmy3cpaDlXCoed7DQ8E_QHXrRcVEzn5a0b715RJgP1FVSWazuzowdmqOljmw0g86u2Y34KQgoLM-_piJZ6CWy3M6Zmxd6E8uC5lY98ApgIWw=s3264" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="2448" data-original-width="3264" height="240" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEiCKuiqjKJALb6TsnF-pCjjOdNkvrV-2PjsZmuEUJK84HODAZmZ_PGePgtEuJXMFRou2Vhlpecmy3cpaDlXCoed7DQ8E_QHXrRcVEzn5a0b715RJgP1FVSWazuzowdmqOljmw0g86u2Y34KQgoLM-_piJZ6CWy3M6Zmxd6E8uC5lY98ApgIWw=s320" width="320" /></a></div><p>Nesta última entrada na Matrix, alguém diz que "<i>The Matrix</i> is brain porn" (sic). Pois é, concordo, pena que, tendo inteiramente consciência disso, as manas Wachovski não nos tenham dado <i>brain porn</i> em 3 dos 4 filmes, mas se tenham entregue a devaneios com orçamento hollywoodesco. </p><p>Atenção, eu até gosto dos devaneios das manas, mas eu tenho um gosto esquisito, talvez exceptuando o <i>Speed Racer</i>, mas por razões que se prendem com a falha completa das adaptações de <i>anime</i> ou <i>manga</i> a <i>live-action</i> pelos americanos. Mas os devaneios das manas são basicamente filmes de autor com orçamentos nível Disney, que ganhavam mais com um orçamento espartano e um produtor à maneira, que as faria concentrar-se naquelas duas palavrinhas-chave, que lhes deram o seu único e verdadeiro êxito: <i>brain porn</i>.</p><p>Para além das inovações tecnológicas (até hoje alguém vive com o arrependimento mortal de não ter registado a patente do <i>bullet-time</i>), da estilização visual e sonora completamente inovadora, o <i>The Matrix</i> tem uma base filosófica e de ficção científica pura e dura, que se vê em muito poucos filmes, sobretudo de género, mas também independentes. Ainda se podem ler no site original, através da <a href="https://web.archive.org/web/20041105014227fw_/http://whatisthematrix.warnerbros.com/rl_cmp/new_phil_frames.html">Wayback Machine</a>, os textos que foram escritos à volta das várias teorias que são expostas no <i>The Matrix</i>, por alturas da estreia das sequelas, e por pensadores modernos. Vão lá lê-los, se gostam de ficção científica e de <i>brain porn</i>. Vale a pena! Já agora que lá estão, naveguem um bocadinho no site, que é uma obra prima da infância da internet. Mesmo quem não faz questão do <i>brain porn</i>, ou nem sabe o que isso é, é exposto de forma muito inteligente a questões filosóficas que, acredito, passam pela cabeça de qualquer pessoa, mais cedo ou mais tarde nas suas vidas. São questões básicas, sem resposta, provavelmente nunca terão resposta. É aí que entra a ficção científica e a criatividade de quem a concebe (não importa o formato), está na concretização ou alguma hipotética resolução para essas questões que nos assolam em maior ou menor grau. O <i>The Matrix</i> também é um sinal do tempo em que foi criado, e aí é, como toda a ficção científica, datado. Quando digo "datado", não é envelhecido. Sempre achei, principalmente desde que comecei a ler ficção científica na adolescência, que a f-c espelha a realidade em que foi escrita, e é um exercício que gosto de fazer sempre que leio um livro novo, tentar identificar a sua época. Em geral acerto. Acerto não porque seja especialmente perspicaz, mas porque a ficção científica, o eterno menosprezado género literário, é o que sempre melhor nos mostrou a época em que foi criado e tem quase sempre por base conceitos filosóficos e humanistas. Digamos que é filosofia em formato <i>pulp</i>. E também é uma das grandes razões porque adoro a ficção científica em todos os seus formatos.</p><p>Então afinal porque não fazem falta os outros filmes? Primeiro porque, apesar do final em aberto, o <i>The Matrix</i> encerra ali todas as questões levantadas: A <i>Alice no País das Maravilhas</i>, o <i>Brain in a Vat</i>, as realidades manipuladas, a formatação das massas, o mito do escolhido, o messias, etc., etc., etc. Não eram necessárias mais explicações. Mais explicações são tomar o espectador por burro, é <i>mansplaining</i>, é bater no ceguinho. Mais, toda a elegância "estilosa" do primeiro, mesmo na "realidade", foi gradualmente sendo substituída pelos devaneios de <i>mud wrestling</i> e afins das manas. Basicamente elas complicaram o que já estava muito bem exposto, acrescentaram informação redundante. Deviam, como o George Lucas e o Spielberg, ter lido o <i>Hero's Journey</i>, do "amigo" Joe Campbell e <i>K.I.S.S.,</i> <i>Keep It Simple, Stupid</i>. Mas esses dois também não aprenderam bem a lição, ou já se esqueceram.</p><p>Se o <i>Reloaded</i> e o <i>Revolutions</i> não faziam falta, o <i>Resurrections</i> menos ainda, mas por razões um bocadinho diferentes. A redundância está nos três, mas no <i>Resurrections</i> o grande problema é outro: a história é muito fraca, com mais buracos que um queijo suíço e parece que quiseram fazer do <i>Matrix</i> um filme da <i>Marvel</i>, com opções estilísticas muito questionáveis. Infelizmente Lana Wachovski entrou na moda dos filmes de acção com uma narrativa quase inexistente, personagens com pouca ou nenhuma densidade e cenas de acção atrás de cenas de acção, reforçadas por aqueles efeitos sonoros mega irritantes dos graves com <i>doppler</i>, que compõem a banda sonora inteira de uma porcaria chamada <i>Aquaman</i>. Pior, estas cenas de acção à <i>Marvel</i>, são daquelas em que está TODA a gente envolvida vestida da mesma cor, são pelo menos 3 ou 4 envolvidos, na maioria das vezes mais, e não se percebe patavina do que está a acontecer. Terem essas cenas ou uma descrição escrita das mesmas no ecrã, seria para mim a mesma coisa. Talvez a versão em texto até fosse melhor, pois ao menos assim deveria perceber melhor o que está a acontecer (pontos para os artistas de <i>storyboard</i> que, de alguma forma, terão conseguido interpretar aquela salgalhada em imagens).</p><p>Depois há a questão da estética visual. Na cena do átrio em <i>The Matrix</i> (sim, eu sei, baseada em <i>Ghost in the Shell</i> - continuo a preferir a cópia ao original), entre câmaras lentas e efeitos acrobáticos, percebe-se sempre o que se está a passar. Há um ritmo musical no modo como essa e as outras cenas de acção foram coreografadas, entre actores e câmaras, que é maravilhoso de ver e rever. As dos outros filmes foram-se tornando cada vez mais confusas. Os figurinos e cenários, com a predominância dos pretos e verdes, algum branco para os Agents (o Neo e os amigos nunca usam branco - nos filmes seguintes esse código de cores não é respeitado), dá-nos simultaneamente a sensação de insólito e a certeza que não estamos na realidade. Mesmo a "realidade", em cinzento e azul, é codificada cromaticamente, com Neo e Trinity a vestirem praticamente a mesma coisa, as mesmas camisolas cinzento mesclado com malhas puxadas, os mesmos jeans cinzentos gastos. Os outros, com variantes noutros materiais "orgânicos" e com a mesma paleta de cores. Esses códigos de cores, mais ou menos assumidos, são fundamentais sobretudo para narrativas distópicas, reforçando emocionalmente a suspensão da descrença, oferecendo ao espectador uma coerência visual que nos deixa confortáveis no universo em questão. Tornar uma narrativa que não é naturalista e realista, visualmente realista, não a torna mais "real" para o espectador e até faz com que se perca essa suspensão da descrença, pois começamos a avaliá-la com os nossos valores da realidade, que quase nunca correspondem realmente aos valores do universo no ecrã e acabam por distrair-nos. Mesmo em filmes mais realistas, há um controlo visual cuidado, que só é bem feito quando não se dá por ele enquanto se está a ver o filme. No início de <i>The Matrix</i>, não percebemos logo que a paleta de cores é limitada, pois pessoas vestidas de preto e luz esverdeada, é bastante credível na nossa realidade, a luz fluorescente fotografa naquele tom, se não usarmos um filtro corrector. Portanto, essa paleta é familiar. Só damos realmente pela limitação, quando nos é dado o termo de comparação, primeiro com o tom âmbar das cápsulas das Machines e depois com a "realidade" cinzenta e azul.</p><p>Porque, não achando eu que as 3 sequelas fazem falta, fui vê-las na mesma ao cinema? Os <i>Reloaded</i> e <i>Revolutions</i> foi na esperança de ainda haver um coelhinho branco para seguir, este <i>Resurrections</i> foi por desporto, por querer ver novamente o Neo e amigos (e o <i>eye candy</i> do Keanu Reeves) no grande ecrã e porque a pandemia deu-me mais vontade ainda de ir ao cinema, apesar de o orçamento nem sempre o permitir. Ah, mas o <i>Resurrections</i> tem uma coisa de que gostei muito, foi ter como base não a <i>Alice no País das Maravilhas</i>, mas a <i>Alice do Outro Lado do Espelho</i>. Não fosse ter tido que enfiar voluntariamente uma zaragatoa no meu próprio nariz, teria valido a pena só por isso. Mas o filme não é responsável por a cultura ser a culpada de todos os focos da pandemia. NOT!</p><p>O <i>The Matrix</i>, como <i>franchising</i>, ou <i>fandom</i>, ou o que lhe quiserem chamar, está tão velho e partido, como infelizmente também estão os meus óculos da Trinity, uma das minhas primeiras compras na internet. Ah sim, os óculos deste filme são normalérrimos... O DVD do <i>The Matrix</i> foi o primeiro DVD que comprei, e nunca tive grande vontade de comprar os outros dois filmes ou a <i>box</i> que saiu mais tarde com os três. Este não quero mesmo comprar. Para além disso, o <i>Matrix</i> como <i>franchising</i>, será sempre de segunda, a não ser que a <b>Disney</b> lhe meta as patas em cima. Isso significa, que daqui a um ano, ano e meio, temos os 4 filmes a passar em maratona num qualquer canal de cabo, como já temos volta e meia os três anteriores.</p><p><i><a href="https://www.imdb.com/title/tt0133093/" target="_blank">The Matrix</a></i></p><p><a href="https://www.imdb.com/title/tt10838180/" target="_blank"><i>The Matrix Resurrections</i></a> </p>Misatohttp://www.blogger.com/profile/04213304151044494941noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-9295694.post-85722653616007220792021-12-14T12:26:00.000+00:002021-12-14T12:26:12.951+00:00Vilão que é Vilão, tem Contas Offshore na Ilha da Culatra<p>Quando assisti ao painel do <i>Pôr do Sol,</i> na <b>ComicCon Portugal</b> este fim de semana, é que percebi que me esqueci de terminar e publicar este post sobre a novela, escrito originalmente em Setembro. </p><p style="text-align: center;">***</p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjrtWBCvllo0dA1S4QoqxQ2qm10r-VJ2oIgmaWFGcw9wHTDFo-TjYLlzaX_dA6H6UHnHp8sJggdKAvhRK63GQDoCoMUxhbYe9G7WJS7TdWQCRZUwEiVI-7mtvXmRvU57GDNJKqi/s2000/pds_PlayWide.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1125" data-original-width="2000" height="180" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjrtWBCvllo0dA1S4QoqxQ2qm10r-VJ2oIgmaWFGcw9wHTDFo-TjYLlzaX_dA6H6UHnHp8sJggdKAvhRK63GQDoCoMUxhbYe9G7WJS7TdWQCRZUwEiVI-7mtvXmRvU57GDNJKqi/s320/pds_PlayWide.jpg" width="320" /></a></div><p>No início, ignorei, já perdi a paciência para novelas portuguesas há imenso tempo. Depois vieram os memes, "mmm... o que é isto?" E depois os posts dos amigos, em cujo gosto confio. Mesmo assim tive de confirmar. Rendi-me ao primeiro episódio! </p><p><i>Pôr do Sol, O Amor Vem de Noite</i> (sim, tem que ter a <i>tagline!</i>) é a lufada de ar fresco que a televisão portuguesa precisava. Há muito!</p><p>Inspirada em antigas sátiras novelescas, como <i>O Diário de Marilú</i> (in <i>O Tal Canal</i>) ou <i>Moita Carrasco</i>, <i>Pôr do Sol</i> é uma "telenovela" a gozar com as telenovelas, um desfilar de todos e mais algum <i>clichés</i> que se podem ver em novelas, desde <i>Dallas</i> a <i>Vale Tudo</i>. O vilão com o copo de whisky na mão, as gémeas separadas à nascença, o bairro popular, cheio de aldrabões e pequenos criminosos, ginginha, pastéis de bacalhau, casas de fados, incesto, raptos, crime, corrupção, assassinato, várias estadias no hospital, um padre muito pouco celibatário, nomeiem o <i>cliché</i>, ele está em <i>Pôr do Sol</i>! Isto tudo aliado aos diálogos mais disparatados, ditos por um elenco impecável. Tenho de destacar Gabriela Barros, que interpreta as gémeas, que faz um trabalho genial! Como alguém disse numa rede social, é um trabalho impressionante, conseguir dizer aqueles dialogos daquela forma tão séria, sem se esbardalharem a rir! Gostava de ter assistido a um dia de gravação, hehe!</p><p>Desde os anos 80 que nunca mais se fez nada do estilo e é uma pena. Nicolau Breyner, uma das grandes inspirações dos autores, Manuel Pureza, Henrique Dias e Rui Melo (que também interpreta o vilão, Simão), foi um dos criadores do género, chamemos-lhe, o <i>nonsense</i> à portuguesa. Todas as séries acima a mencionadas, mais <i>Duarte e Cª.</i>, tiveram bastante sucesso nos anos 80, mesmo que com meios de produção reduzidos e muito pouco polimento técnico. Eram os meios que existiam e, tipicamente, também foram produzidas com um orçamento muito reduzido, pois não foram levadas a sério. Eram verdadeiras Séries B, feitas com os restos de produções "mais nobres", com os técnicos a contrato pela <b>RTP</b>. Com o sucesso que tiveram, e teriam muito mais hoje, com uma boa campanha nas redes sociais, foi uma pena nunca terem feito "escola" e não terem continuado a ser produzidas coisas dentro do género.</p><p>Há uma grande resistência de quem decide, determina, programa as nossas TVs, a sátiras mordazes, que não se levem demasiado a sério. Mesmo <i>Pôr do Sol</i> é curtinha, com apenas 16 episódios, que comprova essa resistência. Espero que o claro sucesso mostre, pelo menos à <b>RTP</b>, que vale a pena apostar em conteúdos <i>nonsense</i> à portuguesa. </p><p>Entretanto a segunda temporada já foi confirmada, vamos continuar a acompanhar a vida dos Bourbon de Linhaça, do Testículo, etc. e a banda <i>Jesus Quisto</i> já é sensação fora do contexto da novela. Tanto, que o amigo que me acompanhou ao painel e ainda não tinha visto a novela, não sabia da relação entre ambas.</p><p>O painel na <b>ComicCon Portugal</b> começou com os <i>Jesus Quisto</i> a tocar, Diogo Amaral, vestido de Joker e Madalena Almeida, vestida de Harley Quinn, em honra da <b>ComicCon</b>. Seguiu-se uma entrevista, entre a apresentadora, os autores e actores de <i>Pôr do Sol</i> e o público, onde se falou das inspirações, de detalhes técnicos (os copos para partir custam €35 cada!) e de piadas de bastidores (a maldição de Manuel Cavaco). Foi bem conduzida, de forma leve e divertida, estimulando a participação do público. </p><p><a href="https://www.rtp.pt/programa/episodios/tv/p41064" target="_blank">Pôr do Sol</a> (RTP Play)</p>Misatohttp://www.blogger.com/profile/04213304151044494941noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-9295694.post-37979114171967165802021-12-09T03:06:00.000+00:002021-12-09T03:06:14.800+00:00Para Sempre... Interminável <p> </p><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjdlbfER5HDx80_0s-soj_5NNN2PSt-TlhyphenhyphenkIZuFiePHkL6lhXYUzA_Ejosxwv-AY9xAXAstapmUqxjZPGMMyPCh3uXhQvMXE4U2940iIELrnMHeDsBnSqYctwekidvIZ8j67lL/s512/unnamed.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="279" data-original-width="512" height="174" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjdlbfER5HDx80_0s-soj_5NNN2PSt-TlhyphenhyphenkIZuFiePHkL6lhXYUzA_Ejosxwv-AY9xAXAstapmUqxjZPGMMyPCh3uXhQvMXE4U2940iIELrnMHeDsBnSqYctwekidvIZ8j67lL/s320/unnamed.jpg" width="320" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><br /></td></tr></tbody></table>Uma destas manhãs, enquanto tomava o pequeno almoço, começou a dar a <i>Neverending Story </i>(<i>História Interminável</i>), e pela primeira vez reparei num pormenor na equipa técnica.<p></p><p>Mas primeiro vou falar da minha relação muito pessoal com este filme e, sobretudo, este livro. Quando a adaptação para cinema da <i>Unendlische Geschichte</i> foi anunciada, em 1983, eu vivia na Alemanha, concretamente na RDA. Uma amiga tinha recebido de presente o livro e, desdenhando um bocado uma produção cinematográfica da RFA, com um pezinho em Hollywood, disse-me que o livro era excelente e que eu devia ler. Apesar de falar alemão e andar numa escola alemã, eu nunca tinha lido mais que revistas, artigos, banda desenhada ou instruções para fazer coisas. Enchi-me de coragem, pois o livro (naquela edição) é um tijolinho, e aceitei o desafio. É, até hoje, um dos meus livros preferidos e, apesar de ser para um público juvenil, é um livro que não tem idade e deveria constar muito mais nas listas de literatura fantástica. Este e os outros livros de Michael Ende, que teve o azar de morrer muito novo. Mas <i>Die Unendlische Geschichte</i> tem um problema grave, é um livro que, pelos seus subterfúgios gráficos e literários, perde com a tradução. Em inglês (que nunca li) é capaz de se safar, um bocado como do francês para português, mas em português esses subterfúgios perdem-se quase todos (um deles são os inícios de capítulo, com a primeira letra em iluminura, onde em português pode ficar forçado com facilidade) por causa das grandes diferenças entre ambas as línguas. Para além disso, Ende é um escritor brilhante, com um estilo maravilhosamente surreal.</p><p>O filme não passou nos cinemas da minha cidade na RDA, tal como o livro não tinha sido publicado por lá - o da minha amiga tinha sido oferecido, uma edição da RFA - não enquanto eu lá vivi. Por isso já só vi o filme, depois do meu regresso a Portugal, não me lembro quando, mas acho que não foi logo em 1984. <i>Neverending Story</i> é um daqueles casos de uma adaptação problemática. O que aparentemente parecia mais complicado, a recriação de Phantásien e dos seus seres exóticos, foi extremamente bem resolvido, com efeitos práticos inéditos num filme alemão, e uma réplica muito fiel às descrições do livro. No entanto, a história foi hollywoodizada, e focou-se menos na narrativa de amadurecimento que em pormenores secundários, sem importância maior, que foram distorcidos para servir o 'lobby' moralista de Hollywood.</p><p>Portanto, o que temos de bom em <i>The Neverending Story</i>? Uma excelente escolha de elenco, segundo as descrições do livro, excepto, talvez, o Atreju com pele verde, um design de produção impecável, muito fiel ao livro, e efeitos especiais de primeira! É lamentável a narrativa não estar à altura. Por isso, apesar de no geral ser um filme bem feitinho, espalhou-se ao comprido, ao tentar hollywoodizar o que é caracteristicamente não-Hollywood.</p><p>Tanto relambório por causa de um pormenor? É um pormenor importante, importantíssimo! A razão é porque os efeitos especiais foram supervisionados por nada mais que Brian Johnson. E com uma mãozinha de Carlo Rambaldi. Mas afinal quem é Brian Johnson? Nada mais que o tipo que fez os efeitos especiais, nomeadamente os Águias de <i>Space: 1999</i>, voar! Johnson trabalhou durante vários anos para Gerry Anderson, foi ele e a sua equipa que fizeram os <i>Thunderbirds</i> voar, o <i>Stingray</i> mergulhar e basicamente ajudou a criar a Supermarionation. Quando Gerry Anderson resolveu aventurar-se em produções <i>live-action</i>, naturalmente a equipa de efeitos práticos, criativa e eficiente, manteve-se. Pouco tempo depois, Johnson e os outros técnicos, que filmavam o <i>Space: 1999</i> nos estúdios Pinewood, perto de Londres, foram contratados para trabalhar no que viria a ser um gigante da ficção científica: <i>Star Wars</i>, também filmado em Pinewood. </p><p>Portanto, foi uma surpresa agradável ver que os intercâmbios de técnicos de cinema europeus, deram frutos tão bons e explica porque <i>Neverending Story</i> não tem falhas a nível de efeitos práticos. Para além de o filme ser realizado por, o então desconhecido, Wolfgang Petersen, outro nome que figura na equipa técnica é David Fincher, como assistente de fotografia mate, e a Industrial Light & Magic esteve envolvida nos efeitos visuais do filme.</p><p>Eis uma razão para rever este filme e observar atentamente os seus efeitos especiais.</p><p><i><a href="https://www.imdb.com/title/tt0088323/" target="_blank">The Neverending Story</a></i> </p>Misatohttp://www.blogger.com/profile/04213304151044494941noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-9295694.post-68916829915358011652021-11-05T20:10:00.001+00:002021-11-05T20:10:28.752+00:00Nas Dunas<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEidUAJV4KlbbwPGsllu6L1vI-0VEYS7hR4dEdmkIAO9JVEBwRl-roo6ts-tC0FV6PIItmaMHrMTv108D_xHxe3QGKiOpZAGcGokSkNtmKsZATWiCDJknKY-vaeRiloB9RRF5yJ7/s1564/IMG_20211105_195932.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="1564" data-original-width="1564" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEidUAJV4KlbbwPGsllu6L1vI-0VEYS7hR4dEdmkIAO9JVEBwRl-roo6ts-tC0FV6PIItmaMHrMTv108D_xHxe3QGKiOpZAGcGokSkNtmKsZATWiCDJknKY-vaeRiloB9RRF5yJ7/s320/IMG_20211105_195932.jpg" width="320" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">as duas Reverend Mothers em <i>Dune</i>:<br />Siân Philips e Charlotte Rampling</td></tr></tbody></table><p>Dentro dos filmes adiados por causa da pandemia, <i>Dune</i> era um dos mais aguardados por toda a gente. Para além de ter lido o livro, é verdade que no século passado, sou grande fã do filme do Lynch, de 1984, mesmo com todos os defeitos que lhe são associados. Para não me desiludir muito, fui ver esta nova adaptação com as expectativas muito baixas, mas mesmo assim fiquei um bocadinho desiludida. Não sou purista quanto ao livro, mas sempre achei o final do filme do Lynch apressado. Li o livro pouco depois de ver o filme pela primeira vez, e, em vez de achar que a adaptação falhou, achei que o livro acrescentou informação pertinente mas difícil de incluir numa adaptação cinematográfica, correndo um enorme risco de tornar o filme chatérrimo. O pequeno resumo da situação socio-política, pela voz da Princesa Irulan, para mim, para um filme, foi um estratagema diferente e que não me chateia em absoluto, pois visualmente é intrigante. Naturalmente irei comparar ambos os filmes, é-me impossível não o fazer, exactamente por o novo <i>Dune</i> ser o filme que é.</p><p>Vamos por partes.</p><p>Vou já despachar o que realmente me irrita: porque mudaram a fonética de dois nomes vitais no universo de <i>Dune</i>? <b>HarkOnnen</b> passou a <b>Hark'nen</b> e <b>Bene Gesserit</b> passou a <b>Bene Jesserit</b> no filme de Villeneuve. Harkonnen, como parece um nome de etimologia nórdica, soa esquisito sem o ênfase no O. Soa tão estranho na nova versão! Já a mudança em Bene Gesserit é mais estranha. Em geral, em inglês, ao contrario do português, o G lê-se G, e muito raramente J, por isso não percebo o "Jesserit". Qual seria a intenção original de Frank Herbert? No IMDB dizem que Villeneuve o fez à francesa, mas que Herbert determinou a pronúncia à inglesa como correcta. É uma pergunta que este filme nos deixa.</p><p>A estética.</p><p>Uma das coisas de que sou fã no filme do Lynch é a estética muito barroca, que veio quebrar o estilo minimalista ou <i>space age</i> dos filmes de ficção científica até à data. Achei bem mais plausível que houvesse estilos bem distintos tanto no guarda-roupa, como nos cenários de cada planeta, povo ou grupo religioso. Também adoro o traje das Bene Gesserit, com um belo piscar de olho a vários elementos da história do traje e elas têm um ar super sinistro e assustador, com o cabelo e as sobrancelhas rapados. A predominância do laranja em Arrakis, também reforça a presença da spice e o calor insuportável do planeta. Só tenho pena dos efeitos ópticos ficarem aquém até do que se fazia na altura, tornando todas as cenas no espaço um bocado de fazer dó e que quebram a magia do que está tecnicamente muito bom no resto do filme.</p><p>No novo <i>Dune</i>, é tudo muito lavado a beige ou cinzento, pendendo os planetas húmidos para os cinzentos e os planetas quentes e secos para o beige. Os tecidos parece que foram todos comprados na mesma tecelagem, ou nas duas tecelagens do universo, uma focada em fibras naturais, lãs e linhos, e outra nas sintéticas, vinis e borrachas. As cores parece que foram eliminadas, senti-me daltónica a ver o filme, não há contraste. Apenas gostei dos fatos de astronauta dos enviados do Império, com os capacetes cheios de fumo laranja, mas não têm o mesmo impacto insólito que têm os do Lynch, vestidos de saco do lixo e com apêndices por todo o lado. Não fiquei minimamente fascinada com os <i>stillsuits</i>, mas gostei de se ver mais vezes a protecção da cabeça, uma das falhas mais imperdoáveis no filme do Lynch. Pelo contrário, as cenas no espaço, os portais, são visualmente muito interessantes, apesar de eu ainda preferir as molduras-portais do Lynch, só é pena o efeito especial estar mal feito. Neste, gostei de algumas naves espaciais, mas são pouco insólitas, excepto os Tópteros, esses são lindos! Acho o filme um grande empastelado visual, onde não se distinguem as várias facções, povos, tribos, uns dos outros.</p><p>Até a música parece empastelada. Várias vezes, nos poucos e pequenos crescendos da banda sonora, estava à espera do <i>Prophecy Theme</i> do filme de 1984 surgir, mas depois regressava aos mesmos acordes. Não existe um <i>leitmotiv</i>, uma marcha, nada que distinga as peças musicais umas das outras, a banda sonora é um contínuo com poucas variantes e por outro lado também não é minimalista.</p><p>Os actores.</p><p>Não tenho grandes criticas a fazer quanto à escolha dos actores em nenhum dos dois filmes, prefiro alguns em vez de outros, mas mais por razões externas aos filmes, por preferências pessoais. Apesar de um bom desempenho, achei a nova Lady Jessica com um ar muito novo (tem mais 12 anos que Timothée Chalamet) e que chorava imenso no filme. Gosto mais da altivez desafiante de Francesca Annis.</p><p>A narrativa e realização. </p><p>Não consegui desligar-me do filme do Lynch enquanto via o filme do Villeneuve. Isso, a meu ver, já coloca o filme novo em desvantagem, não se conseguiu distanciar o suficiente e ter um impacto novo na minha cabeça. Mas o não conseguir desligar-me do filme do Lynch também não foi mau, de certa forma fez-me gostar mais deste filme, pois como sabia o que se ia passar a seguir, antecipava os acontecimentos com algum entusiasmo. O velho truque do suspense de Hitchcock, aqui funcionou entre filmes. Mas senti imensa falta da montanha-russa de emoções que o filme do Lynch ainda me provoca, o entusiasmo com que vejo certas coisas a acontecer pela primeira vez, entusiasmo esse que esteve quase ausente neste filme. Achei-o emocionalmente bastante insípido e que terá havido alguma insistência em incluir pequenos eventos que no filme do Lynch ou foram eliminados ou aglutinados por uma questão de economia narrativa. É certo que para fazer uma adaptação equilibrada do livro, um só filme não chega, mas terão sido realmente importantes as cenas a mais no filme de Villeneuve? O compasso do filme ainda por cima é lento e apressa certas cenas importantes, como a do Gom Jabbar. A deste filme não me assustou nada e a do Lynch, ao fim de o ver já não sei quantas vezes, ainda me dá arrepios. Siân Philips mete MEDO! Shadout Mapes foi um bocado relegada a figurante especial e não se percebeu bem o que estava lá a fazer. Para quê mais metragem de película (eu sei, eu sei, o filme é digital) para desdobrar a cena de Paul e Jessica em Arrakis, que até pode estar assim no livro (já não me lembro), mas que bastava ter sido aglutinada como em 1984? E, por fim, se não tivesse lido o livro e visto o filme do Lynch, não ia perceber nada das politiquices daquele universo. De lá só saem duas coisas: os Fremen são explorados e oprimidos (versão de 1984: check!), os Atreides foram levados para uma armadilha em Arrakis (versão de 1984: check! e com menos exposição verbal).</p><p>Ah, já me esquecia das visões de Paul. Pontos para o Lynch, que as manteve sobretudo visuais, mas marcantes e que as repete tantas vezes ao longo da primeira parte do filme, que ficamos a sabê-las de cor antes de se concretizarem. Especiaria, Chani, o rato, a Lua, a gota de água, a mão.</p><p>E falta o cãozinho! É uma das minhas diversões preferidas no <i>Dune</i> de 1984, ir acompanhando o cãozinho que sobrevive o filme inteiro! Reparem da próxima vez que o virem.</p><p>Naturalmente irei ver a parte 2 deste <i>Dune</i>, estou curiosa para saber quem fará de Feyd e de Alia, mas não espero muito mais que um filme tecnicamente bem feito, interpretado por gente competente e já sem o <i>eye candy</i> do Oscar Isaac nuzinho em pêlo!</p><p><a href="https://www.imdb.com/title/tt1160419/" target="_blank"><i>Dune</i></a> (IMDB)</p>Misatohttp://www.blogger.com/profile/04213304151044494941noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-9295694.post-67338818475583890022021-08-22T14:53:00.001+01:002021-08-22T14:53:24.010+01:00Bem Bom<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh4ovXI6iSm1XIxwpmuxONbjBFSUJlKujEjUbDZmNwGjq9RamE35oOz3Y36Gj2INsM0Sgn87FF-Ub_UxPVTOBONI1ZNAuIlg0QnZ0OopnEvGTEuuABOMIQy-Rh70SsE-ifZmWzy/s2048/MV5BNjdkMmI5ZmYtZWZjMS00MTkyLWE2OTAtNDliNjhjYWZhYjhmXkEyXkFqcGdeQXVyMjgyOTI1ODY%2540._V1_.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="2048" data-original-width="1436" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh4ovXI6iSm1XIxwpmuxONbjBFSUJlKujEjUbDZmNwGjq9RamE35oOz3Y36Gj2INsM0Sgn87FF-Ub_UxPVTOBONI1ZNAuIlg0QnZ0OopnEvGTEuuABOMIQy-Rh70SsE-ifZmWzy/w280-h400/MV5BNjdkMmI5ZmYtZWZjMS00MTkyLWE2OTAtNDliNjhjYWZhYjhmXkEyXkFqcGdeQXVyMjgyOTI1ODY%2540._V1_.jpg" width="280" /></a></div><br /><div>Continuo em Portugal dos anos 80, mas uns aninhos para trás. Tarde e a más horas, finalmente consigo escrever sobre <i>Bem Bom</i>, o <i>biopic</i> sobre as Doce, a mais épica <i>girlsband</i> portuguesa.</div><div>Eu, que raramente fixo letras de música, preciso das canções a tocar para me lembrar até das minhas preferidas, ao longo da vida fixei duas ou três, excepto das Doce, onde sei as letras inteiras, das canções mais populares. Está tudo dito, sempre fui fã das Doce, desde os 11, 12 anos, pelo que a escandaleira à volta delas me passou um pouco ao lado, e ainda bem. Lembro-me só de se dizer muito mal da "loira das Doce", que era uma badalhoca ou coisas piores, mas não me lembro da difamação abordada no filme em concreto, mas que terá sido o que gerou tal má língua dirigida a ela e à banda em geral.</div><div><br /></div><div>As Doce foram uma conjugação inusitada e mágica de boas ideias, a maioria muito arrojada para o Portugal cinzento, e acabaram por ser pioneiras em muitas coisas que, um pouco depois e lá fora, tiveram o dobro ou o triplo do sucesso que elas tiveram. Foi demasiado cedo? Talvez. No país errado? Definitivamente! Mas uma coisa eu digo desde o esmorecer e depois fim da banda, elas mereciam mais, sobretudo respeito!</div><div><br /></div><div>O filme de Patrícia Sequeira consegue mostrar-nos tudo o que nós, pré-adolescentes e adolescentes da época nos lembramos e aquilo que nos era vedado. Conta a história da banda, desde a sua construção até vencerem o <i>Festival da Canção</i>, de forma linear, clássica e realista. É um filme muito competente, que poderia estar ao lado de outros <i>biopics</i> semelhantes, mas com uma produção hollywoodesca. Assim de repente, lembro-me de uma série deles, uns melhores que os outros, mas muito poucos passados nos anos 80. Gostei muito da <i>mise-en-scéne</i>, gostei da montagem ágil, tem pormenores muito bonitos e bem feitos. O argumento é sólido e aborda muito bem os preconceitos e escândalos que rodearam as Doce. A única coisa que me pareceu, desde o início do filme, muito fora do contexto, foi a secretária, sempre tímida e submissa, para no fim ter um discurso motivacional um bocado forçado. Mesmo a interpretação da actriz foi, dos papéis mais recorrentes, a que menos gostei. Forçado é a única palavra que encontro para a descrever.</div><div><br /></div><div>O elenco é quase perfeito! Quase todos os actores principais partilham grandes semelhanças físicas com as pessoas que retratam e o resto foram cabelos e maquilhagem. Nem sei como conseguiram encontrar alguém tão parecido com o Tozé Brito, que tem uma fisionomia muito invulgar. Só o Mike Sargeant era mais magro e mais bonito que o actor que o retrata. Até fiquei, "ah pois, é ruivo, tem de ser o Mike Sargeant", mas a figura dele era mais vistosa que no filme.</div><div>As interpretações, sobretudo das quatro actrizes, Bárbara Branco (Fátima Padinha), Lia Carvalho (Teresa Miguel - a "ruiva"), Carolina Carvalho (Lena Coelho) e finalmente, Ana Marta Ferreira (Laura Diogo), são impecáveis, sobretudo quando penso que a maioria tem navegado, mais ou menos anonimamente, pelas águas estagnadas das telenovelas em grande parte das suas carreiras. Reconheço as caras de todas, mas concretamente só me lembro do trabalho de Ana Marta Ferreira, que provavelmente vi pela primeira vez, miúda, na <i>Floribella</i>. Já não acompanho novelas portuguesas há imenso tempo, mas cheguei a ver algumas séries juvenis. O restante elenco também tem um bom desempenho, fora a já mencionada secretária. </div><div><br /></div><div>Em termos visuais, destaco uma direcção de fotografia muito bonita, com cores de pedras preciosas e uma luz que lembra os bares à antiga de Lisboa, como o Snob ou o Procópio.</div><div>Divido os figurinos em duas partes, os figurinos à civil e os dos espectáculos. Os dos espectáculos estão perfeitos, executados magistralmente pela Miss Suzie, com quem me cruzei no secundário. Com certeza que ela teve imenso gozo em recriá-los, e isso nota-se! Os figurinos à civil têm um pequeno desfasamento, mas creio que foi uma decisão criativa, para gerar coerência visual. O filme começa em 1979, mas Fátima Padinha já veste blusões e camisolas que só se popularizaram cerca de 1982. Mas como é uma sequência relativamente curta e introdutória, não me chateia, pois estabelece a caracterização visual de Fátima. Fora essa pequena incoerência, as peças usadas parecem todas genuínas, mesmo que não o sejam, e estão consistentes com o que raparigas de 20 anos vestiam na altura e com as próprias Doce. Os figurinos dos homens, mais conservadores, também estão consistentes com a época, mas é bem mais fácil, já que mudou relativamente pouco desde então. Depois foi engraçado ver as manobras mirabolantes que José Carlos teve de fazer para trazer tecidos de espectáculo, na candonga, para Portugal. Não foi pormenor que pudesse deixar passar, pois era mesmo assim. Nos anos 80, em Lisboa, havia 5 vezes mais lojas de tecidos que agora, os tecidos eram de boa qualidade, mas a variedade era pouca. Lembro-me bem, quando comecei a comprar tecidos, de haver muito pouca coisa com brilhos ou malhas além da lycra, era quase tudo na base dos algodões, linhos e fazendas, e coisas como boás de penas ou tecido de lantejoulas eram caras e raras. Ainda hoje é difícil encontrar alguns desses materiais mais exóticos nas lojas mais antigas que sobreviveram. E depois havia a questão da importação. A malta hoje queixa-se da alfândega, mas naquela época era pior. Numa viagem a Inglaterra em 1983, eu vi uma meloa a ser confiscada no aeroporto inglês, pois era proibido levar comida fresca para o Reino Unido. Tinha a ver com o facto de não haver raiva nas ilhas britânicas, ou assim me disseram.</div><div><br /></div><div>Antes de ir ver o filme, estava receosa de ter aquela visão feminista moderna, de #metoos e afins (nada contra, mas não queria que um filme sobre uma <i>girlsband</i> se tornasse num instrumento militante), mas achei a abordagem aos problemas que as meninas tiveram de enfrentar justa e elegante. Também gostei de vir a saber melhor o que se passou com Laura Diogo, o ser humano é realmente mesquinho! Espero sinceramente que ela esteja em paz com a vida e que aquele evento nojento tenha deixado de pesar. Ninguém merece!</div><div><br /></div><div>No geral, também foi emocionante e muito divertido fazer esta viagem ao passado tão bem feitinha e cantar as músicas sempre que surgiram no filme. O filme merece todo e mais algum destaque que tenha tido e espero que este modesto post, leve mais alguém a ver o filme.</div><div><br /></div><div><a href="https://www.imdb.com/title/tt11621960/">Bem Bom</a> (imdb)</div>Misatohttp://www.blogger.com/profile/04213304151044494941noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-9295694.post-37367716775600501322021-08-08T16:30:00.003+01:002021-08-08T16:30:36.303+01:00Duarte & C.ª<p></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj3VS-SDGju2JIyK30u0OtzEYDF_jq0SC3D62rPC2fOFdK-dysyk8Ew1r66Yj-ZWRNoLUI2_t31hvueAiWFAO50u-dA133QgsIU8KpdIFSVih1l9zEWuKJlIuckF645jbieI2IH/s1200/Duarte-Companhia-1200x898.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="898" data-original-width="1200" height="299" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj3VS-SDGju2JIyK30u0OtzEYDF_jq0SC3D62rPC2fOFdK-dysyk8Ew1r66Yj-ZWRNoLUI2_t31hvueAiWFAO50u-dA133QgsIU8KpdIFSVih1l9zEWuKJlIuckF645jbieI2IH/w400-h299/Duarte-Companhia-1200x898.jpg" width="400" /></a></div><i>Duarte & C.ª</i> é provavelmente a série de televisão portuguesa mais icónica de sempre. Com meios de produção reduzidíssimos, mas boas ideias e bons desempenhos dos actores, conseguiu-se um equilíbrio de dois géneros que os portugueses raramente abordam de forma satisfatória, a comédia e o policial. Temos bons actores de comédia, mas a comédia, como género televisivo, é quase sempre abordada de forma boçal e medíocre e raramente em ficção. Com o orçamento de uma carica e um cordel, mas graças ao empenho de todos os envolvidos, onde muitos elementos da equipa técnica também participavam como actores secundários, um produtor/realizador extremamente inventivo e uma escrita genial, criou-se uma série que ficou na memória e no coração de quem a viu nos anos 80 e também de quem a viu depois. Qual é a outra série portuguesa, com mais de 30 anos, que permaneceu assim no imaginário nacional?<p></p><p>Infelizmente, tanto a <b>RTP</b>, como exibidora, ou a <b>Castello Lopes</b>, como editora dos DVDs, nunca deram o tratamento merecido a uma série tão popular e querida do público. Restou-nos a <b>RTP Memória</b>, cuja programação é de louvar, que voltou a exibir a série, do primeiro ao último episódio, no início deste ano. Mesmo assim, o que custa às televisões respeitarem o formato original, 3:4, e emitirem os episódios assim? Felizmente podemos mudar o formato na maioria das televisões modernas, mas não deixa de ser uma seca. A <b>RTP Memória</b> não é a única, a <b>Globo</b>, que também transmite muitos programas ainda no formato 3:4, também raramente os emite correctamente. </p><p>Que gozo me deu rever a série! Provavelmente foi a primeira vez que a vi inteira, aliás, lembrava-me melhor da primeira série que da segunda, que já devo ter visto com muito pouca regularidade. A quantidade de ideias brilhantes por episódio é extraordinária, a começar com os bandidos/mafiosos a fazer terapia, anos valentes antes dos <i>Sopranos</i>! Mas há mais, o 2CV a andar sozinho, as mulheres violentas, os bandidos adoráveis, o cientista louco...</p><p>Também foi tão bom rever excelentes actores que já nos deixaram, a começar pelo excelente António Assunção, o Tó, o Canto e Castro, o Carlos Daniel, numa participação já no final da série, o Tino Guimarães, que conheci uns anos depois e com quem trabalhei. E outros que felizmente ainda estão connosco, como a Ana Nave, ou a Helena Isabel, ainda umas bebés, ou o Carlos Alberto Moniz, que foi uma espécie de ídolo musical na minha infância. </p><p>É de lamentar a fraca qualidade técnica, sobretudo no som e imagem, mas que acrescentam ao carisma anos 80 de <i>Duarte & C.ª</i> e tornam a série única. Se tivesse um som e imagem impecáveis, já não era a mesma coisa e talvez não tivesse tanta piada. Aliás, a dada altura resolveram assumir o baixo orçamento e qualidade técnica, passando a fazer parte da narrativa cómica. </p><p>Também foi giro rever Telheiras e Alvalade, os bairros de Lisboa mais reconhecíveis na série, como eram nos anos 80. Telheiras, para onde fui viver mais ou menos nessa época, mas que vi nascer, ainda novinho em folha, os prédios com a pintura original, as árvores novas, as ruas sem trânsito e sem ninguém; Alvalade é o meu bairro do coração e que conheço como a palma da minha mão, e que foi filmado principalmente na minha zona preferida, na Avenida do Brasil e ao pé dos Bombeiros. </p><p>Como em qualquer outra obra que tenha algum tipo de crítica social, em <i>Duarte & C.ª</i> são os salários em atraso, a falta de dinheiro geral, a entrada de Portugal na CEE, é sempre desconcertante constatar como tão pouco mudou, sobretudo na mentalidade das pessoas... Portugal ainda está na mesma.</p><p><a href="https://www.imdb.com/title/tt0088511/" target="_blank"><i>Duarte & C.ª</i> </a>(IMDB)</p>Misatohttp://www.blogger.com/profile/04213304151044494941noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-9295694.post-21371630326412876122021-07-23T14:33:00.004+01:002021-07-23T15:01:05.955+01:00*junípero<p>Tenho andado a ver a série de documentários <i>The Balmoral Hotel: An Extraordinary Year</i>,sobre o Hotel Balmoral, em Edimburgo. É impossível ignorar o Balmoral por quem visita Edimburgo. Das duas vezes que lá estive, sonhava com uma estadia no Balmoral nas inúmeras vezes que passei em frente do hotel, passagem obrigatória para quem vai de Princes Street para a South Bridge. É à esquina. Actualmente, o Balmoral é tão importante em Edimburgo como o castelo ou a torre de Walter Scott.</p><p>A série é muito interessante, mostra com detalhe o funcionamento do Hotel e todos os rituais que lá acontecem. Infelizmente a tradução não está à altura. O/a tradutor(a) cai em quase todos os false friends, traduz imensa coisa literalmente ("experienciar")e espalha-se ao comprido no que toca às tradições britânicas ou escocesas. Um conceito que lhe é desconhecido é o de <i>high tea</i> e <i>low tea</i>. <i>High tea</i> foi traduzido algo como "chá de alta qualidade", já não me lembro. Uma pequena pesquisa iria explicar que a diferença entre <i>high</i> e <i>low tea</i> é simplesmente a altura da mesa. <i>Low tea</i> é chá servido em mesinhas baixas, estilo aquelas que se costuma ter em frente aos sofás, e <i>high tea</i> é servido em mesas de altura normal. Não tem nada de extraordinário e o que é servido não depende da altura da mesa.</p><p>E o "junípero"? Bom, outra asneira de quem teve demasiada preguiça para ir ao dicionário. <i>Juniper</i>, o ingrediente principal do gin, traduz-se <b>zimbro</b>. OK, no dicionário também está junípero, mas zimbro é o uso mais comum e também é o ingrediente principal da poção mágica no <i>Astérix</i>, mas pelos vistos quem traduziu não leu o <i>Astérix</i>. Será que a poção mágica afinal é gin? Se for, estou lixada, detesto gin! </p><p><a href="https://www.britannica.com/plant/juniper" target="_blank">juniper</a> (Encyclopaedia Britannica)</p><p><a href="http://translation.sensagent.com/juniper/en-pt/" target="_blank">zimbro</a></p>Misatohttp://www.blogger.com/profile/04213304151044494941noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-9295694.post-2546316571325528022021-06-27T13:33:00.003+01:002021-06-27T13:33:53.345+01:00*estradas ventosas<p>Gordon Ramsey faz-se à estrada pelas montanhas de Maui, em <i>Gordon Ramsey: Uncharted</i>, e <i>as estradas são ventosas</i>... Até podiam ser, mas estão mais para o <b>sinuosas</b>, como as estradas em montanhas costumam ser.</p><p>Ramsey falava em winding roads, uma olhadela para o ecrã ou uma curta consulta ao dicionário esclareciam isso.</p><p><a href="https://www.oxfordlearnersdictionaries.com/definition/english/winding" target="_blank">winding</a></p>Misatohttp://www.blogger.com/profile/04213304151044494941noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-9295694.post-77011620773784306702021-05-26T16:05:00.001+01:002021-05-26T16:05:36.366+01:00Imortais e Artes Marciais <p></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiwTZM7X1LQvP8fSq-sQ8AWCv6sbbWWqEs6bohXuKgaXTGZgZn3oCDndtujUVsPWaaRliV0e5cGdAWf4fn4V8QwDTqYXRSSPxgO_zMsjSzHMXwreQ1Jt_EexsQvrta1MqoQ25mL/s582/dunc+%25281%2529.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="582" data-original-width="342" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiwTZM7X1LQvP8fSq-sQ8AWCv6sbbWWqEs6bohXuKgaXTGZgZn3oCDndtujUVsPWaaRliV0e5cGdAWf4fn4V8QwDTqYXRSSPxgO_zMsjSzHMXwreQ1Jt_EexsQvrta1MqoQ25mL/s320/dunc+%25281%2529.jpg" /></a></div><br />Para um franchise que adoro, conjuga duas das minhas paixões, a Escócia, <i>tartan</i> e homens e kilt, e esgrima, principalmente a esgrima japonesa, comecei com o <i>Highlander</i> aos tropeços. Não vi o primeiro filme no cinema, lembro-me do <i>hype</i>, das minhas colegas do secundário todas babadas com o filme, talvez tenha sido por isso que não o fui ver ao cinema, apesar de o Christopher Lambert ser um dos meus actores preferidos na altura. Acabei por nunca o ver numa sala de cinema.<p></p><p>Já o segundo filme fui ver numa das últimas vezes, se não a última, em que fui ver um filme ao <b>Cinema Império</b>. Já sabia que mais cedo ou mais tarde a sala acabaria por fechar, essas últimas vezes que lá fui, foram para aproveitar a sala. Sempre que havia um filme que me interessasse em cartaz, eu ia vê-lo. Todas as vezes que lá fui nessa altura, estavam 3 pessoas numa sala de 3000 lugares. Eu, o meu companheiro de cinema e um estranho, em geral na secção da sala onde não estávamos. Lembro-me bem do filme, era um bocado mais fantástico que o primeiro, não achei tão bom (entretanto já tinha visto o primeiro na TV), mas achei plausível e diverti-me a vê-lo.</p><p>Nessa época, já tinha a vontade de ver filmes de artes marciais, principalmente os do Bruce Lee, mas, como rapariga, eram filmes a que não tive muito acesso, a única coisa do género que consumi apaixonadamente foi a série <i>The Water Margin</i> (<i>Li </i><i>Chung,</i> em PT) e <i>Os Jovens Heróis de Shaolin</i>, nos Verões no Alentejo. Portanto, actor preferido, Escócia e artes marciais, com sabre e espadas, o que mais queria eu?</p><p>Como não vi os filmes todos, e só vi um no cinema, foi com a série, já nos anos 90, que pude satisfazer parte dessa vontade. Mas, ainda na era do VHS, com horários televisivos pouco estáveis, também não consegui ver a série <i>Highlander</i> inteira e a eito. Agora, com a reposição na <b>RTP Memória</b>, finalmente vi tudo.</p><p>Vamos por partes.</p><p>Quando recomecei a ver a série, estava muito espantada por a achar muito melhor do que me lembrava. Realmente, a primeira temporada é mesmo muito boa, introduz bem o protagonista e as outras personagens, tem uma narrativa interessante, que conjuga muito bem os <i>canons</i> de <i>Highlander</i>, o quotidiano e uma narrativa romântica, e os actores, fora o Richie (que actor e personagem mais irritantes!), funcionam bem juntos. Alexandra Vandernoot, a Tessa, é bastante boa actriz e tinha uma boa empatia com Adrian Paul. Adrian Paul, para além de ser bem giro e comestível e não ser de todo mau actor (apesar das más linguas dizerem o contrário), nota-se que percebe de artes marciais. Numa série onde os duelos com espadas e a sobrevivência são o tema principal, isso é fundamental e foi onde Christopher Lambert não primou tanto. A primeira série é sucinta, variada e bem realizada. Nota-se também a mão europeia na produção, isso reflectiu-se no seu carisma.</p><p>O problema é que resolveram matar a Tessa e a tensão amorosa e o dilema principal de Duncan, de, como imortal, partilhar a vida com uma mortal, evaporou-se. As séries subsequentes variaram entre o imortal do dia e uma pseudo comédia um bocado pateta. Também começaram a ser mais recorrentes e às vezes irritantes, os <i>flashbacks</i> históricos. Escócia, que é bom, quase nada, infelizmente. Para compensar a ausência de drama geral, os efeitos de som e dos <i>quickenings</i>, foram ficando cada vez mais espampanantes. Houve uma altura, acho que na terceira temporada, em que cada vez que um imortal se aproximava, parecia que se ouvia pianos a cair de cima de prédios. Nos <i>quickenings</i>, o fogo de artifício é cada vez maior, e até uma casa, de madeira, que Duncan estava a restaurar, é completamente demolida. Depois entraram num misticismo exagerado, com direito a maldições milenares, quatro cavaleiros do apocalipse e sei lá que mais.</p><p>Por outro lado, as personagens recorrentes de Amanda, Fitz (Roger Daltrey, dos The Who), e Methos, em parte também a personagem Joe Dawson, apimentaram de maneira simpática a narrativa. Se bem que a narrativa dos Watchers não é tão dramática como a de Tessa, mas é mais sustentável por muitos episódios. No início achei Amanda um bocado enfiada à força, mas acho que conseguiram dar-lhe a volta e acabou por complementar bem o sorumbático Duncan. Também foi fixe ver, por ser uma co-produção francesa, actores europeus, na altura pouco conhecidos, como uma Marion Cotillard adolescente, entre outros.</p><p>O guarda-roupa histórico, surpreendentemente, não é nada mau, principalmente o dos homens. Suponho que haja mão das casas de guarda-roupa europeias nisso. Já nas mulheres, há bastante cetim de poliéster e penteados anos 80. Devem ter ido buscar os figurinos ao <i>Amadeus</i>! Foi pena terem-se concentrado principalmente em 2 ou 3 épocas, sécs. XVII, XVIII e XIX, e depois até à II Guerra Mundial. Anos 50 a 70, ou mesmo 80, quase nada. Também tenho pena, tendo explorado tantas aventuras imortais, não haver mais pormenores de como mudaram de identidade para poderem continuar a fingir que são mortais. Há quase sempre coisas implícitas, mas esquemas do que fizeram, fora a morte francesa de Richie e a canadiana de Duncan, ou quando Duncan vai recolher uma fortuna em juros do "bisavô", pouco mais há. O lado da aprendizagem das artes marciais também é pouco explorado, assim como a adopção de Duncan de uma katana em vez da espada escocesa que usava antes. Há dois ou três episódios que explicam isso, mas podiam ter sido arcos narrativos completos, em vez de alguns episódios muito repetitivos.</p><p>Por fim, há o "efeito Sailormoon". Eles devem guardar as espadas dentro deles de forma mágica, pois na maioria das vezes é impossível terem-nas escondidas na roupa, mesmo nas gabardinas compridas e etc... A facilidade com que transportam armas brancas entre continentes também é curiosa. A excepção é mesmo o Duncan, pois é antiquário. E para onde vão os imortais decapitados? Nos filmes a polícia investiga um serial killer, na série há duas ou três tentativas de uma intriga policial, mas na realidade, parece que ninguém repara. Na minha memória difusa da série, os corpos desintegravam-se com o <i>quickening</i>, o que seria uma maneira plausível de resolver a questão, mas afinal não. Os corpos ficam lá, e ninguém desconfia. É suspensão da descrença a meio gás.</p><p>A série final é a mais pobrezinha de todas, mas o episódio duplo final, mesmo com a narrativa "como seria o mundo sem mim?", é satisfatório q.b. De qualquer maneira, gostei muito de rever a série e vou ficar com saudades de lavar os olhos com um Adrian Paul sorumbático e herói romântico, antes de ir deitar. Agora seria bom rever os filmes e ver os que não vi. Tenho de fazer umas buscas na <i>box</i>...</p><p><a href="https://highlander.fandom.com/wiki/Highlander:_The_Series" target="_blank">Highlander Wiki</a></p>Misatohttp://www.blogger.com/profile/04213304151044494941noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-9295694.post-53831428130241574312021-04-26T15:21:00.002+01:002021-04-26T15:21:23.594+01:0093 Oscars Art DécoA pandemia obrigou a organização dos <i>Oscars</i> a grandes mudanças, se quisessem manter uma cerimónia ao vivo, e realmente foram grandes!<div>Stephen Soderbergh e a sua equipa consultaram especialistas, escolheram um novo e inusitado local, a Union Station, uma estação de comboios funcional, no centro de L.A., limitaram os convidados e testaram toda a gente. Os grandes átrios e pátios da estação <i>art déco</i> foram redecorados, e o átrio maior, que serviu de sala para o evento, com cabines e mesinhas em socalcos para os convidados, um palco baixinho com uma cortina azulão com cordões dourados, como pano de fundo. Fez lembrar os clubes nocturnos dos anos 20-30, onde se deram as primeiras cerimónias dos <i>Oscars</i>. Gostei muito! Gostei de se encaixar como uma luva no estilo <i>art déco</i> da estação, parecia que sempre foi assim, gostei da elegância e ao mesmo tempo simplicidade do décor. Porque se tratou de um décor, construído para a ocasião.</div><div><br /></div><div>A cerimónia deu-se nos mesmos moldes "simplificados" do espaço. Com as performances musicais a decorrer num espaço e tempo à parte, No terraço do Museu de Hollywood, ainda a inaugurar. Essa foi a parte que tive mais pena, de não se assistir, aos concertos durante a cerimónia, mas posso vê-los depois, se fizer mesmo questão. </div><div><br /></div><div>Já volto à cerimónia, mas quero despachar a outra grande mudança, de volta à emissão pela <b>RTP</b>. A <b>RTP</b> resolveu não seguir o exemplo e fazer uma apresentação comedida, e criar uma coisa aparatosa no Cinema São Jorge. Podem argumentar que assim estão a apoiar a cultura em Portugal, ao usar uma das salas mais usadas em Lisboa, só que não. Quem trabalha no Cinema São Jorge, trabalha para a EGAC, a empresa da Câmara que gere a área da cultura em Lisboa. Essas pessoas estão a contrato e, durante a pandemia, mesmo não havendo eventos na sala, receberam o seu ordenado, que vem do mesmo sítio que os das pessoas da <b>RTP</b>, o Estado. O programa da <b>RTP</b> teve 3 fases/núcleos: a ante-estreia do filme <i>Minari</i> (?), antes da cerimónia; uns caramelos a comentar o que se comenta nas redes sociais e a Catarina Furtado e o Mário Augusto, sentados no foyer superior do São Jorge, com 4 doses de convidados (aos pares), a comentar as cerimónia. O Mário Augusto continua o mesmo boçal de sempre. Que insistência idiota foi aquela do cinema clássico? Isso já não existe! A Catarina Furtado a mesma parvinha que sempre foi. Quando teve a Ana Rocha à frente, só soube perguntar-lhe porque o filme dela não foi candidato aos Oscars. <i>Cringey</i>! Que vergonha! Felizmente a Ana Rocha parece ser inteligente e deu uma boa resposta. E nem todos os convidados fizeram o trabalho de casa: Joana Barrios, moça com quem simpatizo bastante, confundiu o estilo de Paco Rabanne com o de Pierre Cardin. Ambos são do "space age", ambos são contemporâneos, mas tiveram estilos bem diferentes! Vindo de alguém convidada como especialista em moda, é mau. Depois Jorge Paixão da Costa quis andar na picardia com Vicente Alves do Ó, por questões parvas de gosto. Felizmente o Vicente não lhe deu corda, mas o homem não se calava! Há um fosso de diferença entre um cineasta e um cinéfilo, são poucas as pessoas que são ambos.</div><div>Felizmente, felizmente, apesar de não mostrarem rigorosamente nada do <i>Red Carpet</i>, a comitiva tuga não se sobrepôs quase nada à cerimónia. Mas depois o extra do <i>After Party</i> foi ainda pior que o <i>Red Carpet</i>, era só ouvir aquela malta no blá blá blá... Mas foi fixe ver lá o Artur Ribeiro, espero que o filme dele finalmente estreie em breve. </div><div><br /></div><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhJypzUWHK-bPrxRb7JyKfMZWdBT-t6ISU7SlUc7IlQdFNYkxgaXV7VYbFmjt_JYMgFgTCZzPTrQj24d9tw5hudyWx2onwBKhZP0qvwm_1S_0530nJT2VSbu3YTBE6lfQmtPS01/s810/tumblr_b71e54d21ac73dc9d3ea61402c36956c_8f616500_540.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="810" data-original-width="502" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhJypzUWHK-bPrxRb7JyKfMZWdBT-t6ISU7SlUc7IlQdFNYkxgaXV7VYbFmjt_JYMgFgTCZzPTrQj24d9tw5hudyWx2onwBKhZP0qvwm_1S_0530nJT2VSbu3YTBE6lfQmtPS01/s320/tumblr_b71e54d21ac73dc9d3ea61402c36956c_8f616500_540.jpg" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="font-size: x-small;">Carey Mulligan, em Valentino</span></td></tr></tbody></table><div><br /></div><div>O <i>Red Carpet</i>. Vi sobretudo fotografias, foi simples e pequeno, pois o número de vedetas convidadas era consideravelmente inferior. Os vestidos tenderam outra vez para os dourados, e foi muito bom ver uma boa percentagem dos homens a usar um estilo menos clássico, com rosa choque e dourado entre algum veludo. Adoro veludo! Gostei particularmente bastante do de Carey Mulligan e da Zendaya.</div><div><br /></div><div>A cerimónia começou bem, com um genérico funky anos 70, e música a condizer. A orquestra foi eliminada e tiveram um DJ, o que tornou tudo mais leve e menos chato. A música era disco, pop, funk e pontuou muito bem as apresentações e discursos. Já ninguém aguentava aquela musiquita dos <i>Oscars</i>! Os discursos fluíram, não foram interrompidos, foram interessantes na maioria, e com conteúdo, sem precisaremde ser provocadores. Houve alguns agradecimentos aos pais, mas cada vez menos a Deus. Ufa! Quando se via a plateia, via-se sempre os vestidos de Carey Mulligan e de Amanda Seyfried x'D E adorei o anticlímax final, deixaram o melhor actor para o fim, sim, trocaram a ordem toda à entrega dos prémios, provavelmente a achar que Chadwick Boseman iria ganhar postumamente, em que Anthony Hopkins venceu, sem estar presente na cerimónia, nem sequer aceitar em vídeo. 5h da manhã no Reino Unido, o senhor estava sossegadinho na cama! Hahaha!</div><div><br /></div><div>Estava a pensar, quando vi o alinhamento, yay, este ano temos direito a <i>after party</i>, e depois a menina Catarina e Ca. não nos deixaram ver! Cada vez menos me preocupo em ver os filmes antes sa cerimónia, não é necessário. A cerimónia tem tido a função de me mostrar quais os filmes me podem interessar ver, e é assim que a vejo agora. Interessei-me por <i>The Father</i> e <i>Manx</i>. Gostei bastante desta cerimónia, gostei do formato mais simples. Via-se toda a gente e nem senti muita falta de um apresentador e piadinhas fora de prazo. Só tive pena, como já disse, de os números musicais não estarem incluídos no tempo da cerimónia, mas tivemos uma pequenina rábula mais ou menos a meio. Nos últimos anos, mesmo sem pandemia, a cerimónia tinha se tornado uma grande seca, não me lembro de quase nada da do ano passado. Mas andava cansativa, com coisas a mais, este formato é bom, seria bom se o mantivessem.</div>Misatohttp://www.blogger.com/profile/04213304151044494941noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-9295694.post-6811270976797520022020-06-15T22:15:00.000+01:002020-06-15T22:15:43.055+01:00 O Último Estertor da Hollywood Clássica<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEja3FXZfwvSUvvQwSMno7VptJOy7-ZZJkWD4draBmPu1R1bPXwGfXTL9ch8wYpf-LGEjbRvnFoiL-yyNQbwC-DET4pUum5vCzEPMMoqa-xRWMDhEEWKeXkMklVcg-bkOFejMLGQ/s750/JerryLewis-TheLadiesMan.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="400" data-original-width="750" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEja3FXZfwvSUvvQwSMno7VptJOy7-ZZJkWD4draBmPu1R1bPXwGfXTL9ch8wYpf-LGEjbRvnFoiL-yyNQbwC-DET4pUum5vCzEPMMoqa-xRWMDhEEWKeXkMklVcg-bkOFejMLGQ/s320/JerryLewis-TheLadiesMan.jpg" width="320" /></a></div><div><br /></div><div>Este mês, a <b>FOX Movies</b> resolveu fazer um ciclo de filmes de Jerry Lewis e eu resolvi revê-los, pois já não via nenhum desde os anos 90, época em que também passava o <i>The Jerry Lewis Show</i>, o seu programa de variedades, na nossa TV.</div><div>Passaram os filmes, por ordem cronológica: <i><a href="https://www.imdb.com/title/tt0052141/?ref_=nm_flmg_act_54" target="_blank">Rock-a-Bye Baby</a></i>, <i><a href="https://www.imdb.com/title/tt0051649/?ref_=nm_flmg_act_53" target="_blank">The Geisha Boy</a></i>, <i><a href="https://www.imdb.com/title/tt0053716/?ref_=nm_flmg_act_47" target="_blank">Cinderfella</a></i>, <i><a href="https://www.imdb.com/title/tt0055069/?ref_=nm_flmg_act_46" target="_blank">The Ladies Man</a></i>, <i><a href="https://www.imdb.com/title/tt0057372/?ref_=nm_flmg_act_43" target="_blank">The Nutty Professor</a></i>, <i><a href="https://www.imdb.com/title/tt0057683/?ref_=nm_flmg_act_41" target="_blank">Who's Minding the Store</a></i>, <i><a href="https://www.imdb.com/title/tt0058456/?ref_=nm_flmg_act_40" target="_blank">The Patsy</a></i>, <i><a href="https://www.imdb.com/title/tt0058018/?ref_=nm_flmg_act_39" target="_blank">The Disorderly Orderly</a></i>, <i><a href="https://www.imdb.com/title/tt0059166/?ref_=nm_flmg_act_37" target="_blank">The Family Jewels</a></i>, <i><a href="https://www.imdb.com/title/tt0059166/?ref_=nm_flmg_act_37" target="_blank">Boeing, Boeing</a></i> e <i><a href="https://www.imdb.com/title/tt0066564/?ref_=nm_flmg_act_25" target="_blank">Ja, ja, mein General! But Which Way to the Front?</a></i>. Filmes do final dos anos 50, início dos 60. <i>The Nutty Professor</i> passou com o título português <i>As Noites Loucas de Dr. Jerryl</i>, mas eu lembro-me bem de ver o filme em cartaz com o título <i>O Professor Chanfrado</i>. Em que ficamos?<br /></div><div><br /></div><div>Tal como os filmes de cordel, estes filmes têm uma fórmula básica: Jerry Lewis faz sempre de trapalhão ingénuo, que conquista a sua felicidade no final. É quase sempre uma personagem plana, mas que muda o <i>status quo</i> à sua volta. Costuma ter um interesse romântico, na pele de uma menina jeitosa, loirinha, um pouco mais vivida que ele, mesmo que seja mais nova. Também costumam contracenar com ele actores veteranos, como a fabulosa Agnes Moorhead, Peter Lorre ou Tony Curtis. São 90 a 100% filmados assumidamente em estúdio, mesmo a maioria dos exteriores são em estúdio, têm pelo menos um número musical ou uma <i>big band</i> convidada, uma equipa técnica fixa e, <i>last but not least</i>, os figurinos femininos são de Edith Head. Um regalo para os olhos. A única coisa que varia é o contexto, onde há um pouco de tudo, uma universidade, uns grandes armazéns, animar as tropas num país ocupado, uma terra pequena, uma pensão de raparigas. O conflito costuma ser o desajuste das personagens de Jerry, que faz com que quem o rodeia se adapte, porque é bom rapaz. Claro que nem todos têm todos estes elementos e há sempre pequenos quadros que se tornam memoráveis, como o da máquina de escrever, em <i>Who's Minding the Store</i>, ou os magníficos cenários de <i>The Ladies Man</i> ou <i>The Patsy</i>.</div><div><br /></div><div>Acho uma certa piada a Jerry Lewis, as histórias dos seus filmes são simples, mas eficazes, tem ideias geniais, que têm sido copiadas inúmeras vezes, e um excelente desempenho de todos. Aliás, acho que Lewis é um bom actor, a dada altura fixou-se demasiado num registo um bocado palerma, que é muito cansativo. Quando Lewis actua a sério, mesmo em cenas de comédia, percebe-se o seu talento, o problema é que descamba sempre para o registo da idiotice, que por vezes estraga. As caretas, os trejeitos e aquela voz irritante, tornaram-se de tal forma a sua imagem de marca, que é impossível escapar. No entanto, os seus filmes são muitíssimo bem produzidos, dentro do sistema de produção clássico do <i>Studio System</i>. Ele era com certeza extremamente popular, pois mesmo dentro deste tipo de produção, estes filmes tinham um belo orçamento. O mais discreto destes todos é <i>Geisha Boy</i>, onde o orçamento da direcção
artística foi gasto na produção fora de portas. Falando em <i>Geisha Boy</i>,
para um filme dos anos 50, com um título infeliz, filmado no Japão, no meio da ocupação
americana do pós guerra e da segregação, com uma temática pró-americana, o
filme tem um enorme e invulgar respeito pela cultura japonesa. Todos os
actores orientais, falando ou não inglês no filme, são japoneses ou seus
descendentes, os cenários naturais muito bem filmados e os únicos
<i>clichés </i>são as paisagens turísticas. Os kimonos todos genuínos e
vestidos como deve ser, até um consultor japonês o filme tem! Não sei
até que ponto Edith Head teve mão e opinião no guarda roupa japonês, mas
se teve, também teve imenso respeito e nada parece desajustado.. <br /></div><div>Gosto muito da <i>estética guerra fria</i> destes filmes. Têm uma direcção artística, muito <i>clean</i>, com uma paleta de cores desaturadas, onde predomina o branco e as únicas cores vivas costumam ser o vermelho, o azul celeste, o verde relva, o amarelo ou o laranja. Cores muito solares. Essas cores vivas, em geral estão directamente associadas a Lewis, como se para o destacar. Esta estética também era popular em televisão de estúdio, e conjuga elementos clássicos com elementos modernistas. O melhor exemplo para descrever esta estética, é uma memória que tenho
de mais tarde, do <i>Jerry Lewis Show</i>, onde uma varanda, tão grande como um
terraço, tinha relva sintética (<i>astro turf</i>) e um banco baloiço,
provavelmente com tecido às flores. Há uma varanda semelhante, que se vê bem no final de <i>The Patsy</i>.</div><div><br /></div><div>Jerry Lewis é filho, ou neto, do <i>Vaudeville</i>, isso nota-se no modo como os seus filmes são concebidos em forma de quadros.
No meio da transição, em termos históricos e técnicos, estes filmes
parecem antigos e conservadores, face à vanguarda, que ganhava terreno a
olhos vistos. Por seguirem o modelo dos musicais clássicos, como os filmes de Esther Williams ou Fred Astaire, são o que restou dos filmes de estúdio da Hollywood clássica. Mesmo assim, estava à espera de os filmes terem mais tiradas, agora politicamente incorrectas, do que na realidade têm. Apesar de comédia <i>slapstick </i>e dentro do sistema, Jerry Lewis consegue esquivar-se sempre a tópicos mais sensíveis, dando-lhe uma certa intemporaneidade.<br /></div><div><br /></div><div>É muito interessante ver estes filmes de uma assentada, analisar os elementos em comum e deleitar-me com a sua estética reconfortante, mesmo que irrealista. Não devem em nada aos filmes actuais em termos de ritmo e, apesar de serem uma representação utópica do <i>American Dream</i>, como são muito bem feitos e exercem bem a <i>suspension of disbelief</i>, ainda se vêm muito bem hoje.<br /></div>Misatohttp://www.blogger.com/profile/04213304151044494941noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-9295694.post-75473483904746003812020-06-06T13:53:00.000+01:002020-06-06T13:53:44.320+01:00(Inserir Banda Sonora Dramática)<div>Existe um estilo de série (e filmes também, mas vou concentrar-me nas séries), que quer que seja levada a sério, que se instalou neste século. Este estilo não é assim tão novo, apareceu com a revolução nas séries de TV, com o <i>Twin Peaks</i>, <i>Wild Palms</i> e, mais tarde <i>X-Files</i>, mas parece que se tornou moda com o crescimento das produtoras e canais, como a <b>HBO</b>, <b>Netflix</b>, <b>Amazon Prime</b>, etc.</div><div><br /></div><div>Mas afinal do que s trata? São séries dramáticas, que envolvem alguma intriga misteriosa ou conspiração, fotografadas em tons escuros, acinzentados ou sépia, e cuja banda sonora é constituída por sons graves, dramáticos, com muitas cordas, acordes bruscos e cenas de silêncio musical total. Eu gostava deste estilo, sobretudo quando era novidade e tinha a magnífica banda sonora de génios como Angelo Badalamenti, que ajudou a estabelecer o ambiente melancólico e insólito de <i>Twin Peaks</i>. Enquanto era em doses moderadas, funcionava. Mas eis que nesta quarentena consumi muitas séries de seguida, na TV e não só, e quando comecei a perceber um padrão, começou a irritar-me, mesmo que o restante conteúdo não fosse mau.</div><div><br /></div><div>Nestas séries que vi recentemente estão: <i>Chernobyl</i>, <i>Star Trek: Picard</i> (a que tem a melhor banda sonora destes exemplos) e a portuguesa <i>A Espia</i>. Nenhuma destas séries é má, mas também nenhuma tem na narrativa variações dramáticas suficientemente fortes para sustentar estas bandas sonoras muito monocórdicas. Isso acaba por ter um efeito contraproducente, dá-me sono ou faz com que a minha atenção seja desviada para outras coisas (como por exemplo escrever este post enquanto um episódio corre na TV).</div><div><br /></div><div>Sobre <i>Chernobyl </i>já escrevi, <i>Star Trek: Picard</i> não é má, mas parecia mais que estava no universo de <i>Caprica </i>que de <i>Star Trek</i>. No geral gostei, mas não é de todo marcante. Tem mais um efeito nostálgico, talvez testamentário, e falta-lhe uma certa patetice, que dava cor a <i>Star Trek</i>. Cá está, leva-se demasiado a sério.</div><div><i>A Espia</i>, protagonizada por Daniela Ruah, de quem sou fã desde os <i>Jardins Proibidos</i> e não decepcionou, é uma boa série portuguesa, sobre a espionagem em Portugal durante a II Guerra Mundial, um tema não abordado vezes suficientes na ficção nacional. É muitíssimo bem produzida, tem uma bela fotografia, boa realização, a história não é má, tem excelentes desempenhos dos actores (apesar de achar que os sotaques estrangeiros precisavam de mais um bocadinho assim), bom guarda-roupa e uma dessas bandas sonoras dramáticas. O problema não é a série em si, é a redundância e já haver demasiadas séries com um estilo semelhante, que faz com que <i>A Espia</i> se perca no meio delas, por não ter nada que a faça destacar.</div><div><br /></div><div>De qualquer modo, fico feliz por se andarem a produzir séries como <i>A Espia</i> em Portugal, significa que algo está a mudar e os defeitos técnicos e de estilo que marcavam negativamente a ficção nacional, estão defiitivamente em vias de extinção.</div><div><br /></div><div><a href="https://www.cbs.com/shows/star-trek-picard/" target="_blank">Star Trek: Picard</a></div><div><a href="https://www.rtp.pt/play/p7048/a-espia" target="_blank">A Espia</a><br /></div>Misatohttp://www.blogger.com/profile/04213304151044494941noreply@blogger.com0