TV-CHILD É UMA DESIGNAÇÃO QUE SE PODE DAR À MINHA GERAÇÃO, QUE CRESCEU
A VER TV. ESTE BLOG É 90% SOBRE TV, 10% SOBRE OUTRAS COISAS.

26 setembro 2005

Episódio especial

Ando a falar por aqui muito de anime ultimamente, mas primeiro: gosto muito e, segundo: é impressionante a quantidade e variedade de anime que anda a passar nos canais portugueses, acho que andamos a viver tempos áureos.

Mas o que me levou a escrever aqui hoje foi um episódio de uma daquelas séries de anime que não chamam a atenção porque não são suficientemente mediáticas e porque o segmento de público delas ou é menor ou menosprezado.

Juntamente com A Rosa de Versailles, também estreou este mês no Panda um anime para raparigas, Ashita no Nadja (Nadia), do qual eu já tinha visto umas imagens em revistas da especialidade, mas que, apesar de o character design ser engraçado, não me despertou para mais nada. Como está a dar tenho acompanhado e tem me surpreendido bastante. A história, parecendo previsível à partida (romance, rapariga orfã à procura da mãe, século XIX) é bastante original e nada deprimente. Nadja é realmente uma orfã à procura da mãe mas, aqui começa a originalidade, junta-se a uma companhia de teatro de rua (saltimbancos) como bailarina. A história começa em Inglaterra no orfanato onde Nadja cresceu e vai percorrendo a Europa toda, mostrando as características locais com bastante cuidado (os episódios de Barcelona são lindos). Os componentes da comanhia são bastante exóticos só por si, e vão desde uma velhinha, muito velhinha, a Obaba, com um passado rico e algo misterioso até a um miúdo japonês que se diz samurai. Ainda há a clássica mascote que é uma das componentes que não pode faltar num anime para raparigas, neste caso são dois leõezinhos, Créme e Chocolat.

O episódio de hoje (o 26) foi, no mínimo, surpreendente. O grupo chega a Granada e, enquanto a companhia, com o calor, dorme a sesta, Nadja resolve passear nas ruas desertas da cidade. Mais ou menos por acaso encontra o seu par romântico na série, Francis. Os dois passeiam juntos e vão parar ao palácio do Alhambra. Enquanto que Nadja não pára de falar e pular animadamente, Francis apenas responde lacónico ou fala quando acha pertinente. O que se segue é um excelente e sublime trabalho de realização. A "câmera" usa lindamente o espaço para nos mostrar as diferentes personalidades, os corredores, os carramachões, as fontes, os jardins, os socalcos, os reflexos na água. Confirmamos a personalidade alegre e optimista de Nadja e percebemos que Francis tem um lado bastante soturno. Também percebemos que há uma relação muito forte entre ambos isto sempre sem recorrer a diálogos óbvios ou estratagemas simples.

O melhor vem no final quando, ao fim do dia já com muitas pessoas nas ruas, os dois se separam e Nadja percebe, ao ver o verdadeiro Francis, mais alegre, do outro lado da praça e que o Francis com quem passara o dia é o anti-herói da história o Rosa Negra. Os dois são iguaizinhos.

http://www.toei-anim.co.jp/tv/nadja/index.html (JP)
http://asahi.co.jp/nadja/ (JP)

PANDA
2ª - 6ª, 08:00, 12:00, 18:30
sáb. dom. 09:00, 12:00, 18:30

24 setembro 2005

Astro Boy


Graças aos meus gatos que me acordam, como um relógio, para lhes dar comida perto das 8h da manhã apercebi-me que está a dar um clássico de anime na TVI: Astro Boy.

Esta série não é a original, que é de 1963, mas sim uma comemorativa de 2003, ano em que, na série original, o robô Astro foi criado (7 de Abril de 2003).

A série original é mais que um clássico, é uma das primeiras séries de anime de sempre e grande percussora do género, principalmente na ficção-científica com robôs. Aliás, em 1963 a série ainda era a preto e branco, só mais tarde passou a ser a cores. Osamu Tezuka, o autor, é considerado o "pai" do anime, principalmente por causa desta série, de uma quase tão conhecida série Jungle Taitei (O Rei da selva) que inspirou o Rei Leão da Disney e também já passou por cá, e ainda uma terceira série Ribon no Kishi (A Princesa Cavaleiro). Para além de ser o responsável pela criação da indústria de anime e de ter criado o seu próprio estúdio (Mushi Productions), Tezuka também foi um prolífero autor de manga e também realizou pequenos filmes de animação de autor, alguns dos quais já tive o privilégio de ver em terras Lusas e em écran de cinema. Hoje em dia existe um parque temático, perto de Kyoto, o Tezuka World que, além de mostrar as diversas personagens criadas pelo autor ainda mostra a sua filosofia de vida.

Astro Boy, e muitas das histórias criadas e desenhadas por Tezuka reflectem muito claramente o Japão do pós-guerra em que a vontade de um futuro utópico, cheio de tecnologia de sonho entrava em conflito com as preocupações ecológicas que essa mesma tecnologia pode trazer e, claro, o devastamento que a energia atómica levou ao Japão. Daí o título original da série: Tetsuwan Atom (literalmente 'Braço forte Atom').

Antes sequer de ter consciência do que era anime ou manga, já sabia que o Sr. Tezuka existia, graças a uma colaboração e acção de divulgação que fez no Brasil, poucos anos antes de morrer (morreu em 1989) e que apareceu publicada nos livros de banda desenhada da Mônica de Maurício de Sousa.

A importância de esta série estar a passar numa televisão nacional é enorme, ainda mais porque a própria TVI já tinha passado um spin-off da mesma, criado por Frank Miller, Big Guy que também é excelente e que marca a enorme influência que determinadas séries de anime, que passaram nos anos 70/80 nos Estados Unidos, tiveram nos criadores de banda desenhada, animação e cinema (e não só). A série, infelizmente tem de ser dobrada, mas até aqui a situação não é dramática, uma vez que foi dobrada pelos estúdios da Somnorte, que já tinham dobrado antes com bastante qualidade Evangelion e cuja única falha (e não é grave) é por vezes o sotaque se notar demasiado. Não sou contra as pessoas do norte nem contra o seu sotaque, acho é que actores de voz deveriam ter um sotaque neutro e, caso necessário, usar sotaques. Mas eles vêm fazendo um excelente trabalho e melhorando a cada dobragem.

http://astroboy.jp/c/009/index.html (site oficial, JP)
http://www.tezuka.co.jp/ (site oficial de Osamu Tezuka, EN, JP)

TVI
sab. dom. 8h30

13 setembro 2005

Breakaway: Year 6

Quem me conheça há alguns aninhos há de estranhar ainda não ter falado aqui da minha série de televisão favorita, o Espaço:1999, no original Space:1999. Simplesmente esperei chegar o dia certo: 13 de Setembro de 1999, a data em que a Lua foi para o espaço.

O Espaço:1999 foi a série de televisão decisiva na minha vida, inspirou-me das mais diversas formas, desde o meu gosto por ficção científica até à opção de curso superior que tomei: o cinema.

Desde que vi a série da primeira vez e algumas das primeiras reposições houve uma pausa até revê-la, como deve ser, em DVD. O melhor desse novo visionamento da série foi perceber que a série, mesmo com o seu peculiar guarda-roupa, envelhecera bem e que se via com interesse redobrado pois a minha vivência no espaço de tempo que decorreu permitou-me vê-la com novos olhos e com bastante menos deslumbramento infantil.

O que deve ter ficado na memória da grande maioria das pessoas que viram a série, nos anos 70, foi a carismática e marcante extraterrestre Maya, interpretada por Catherine Schell. Mas a série teve duas "seasons" ou anos com produções bastantes diferentes e algumas alterações no cast. Os fãs hardcore da série, na grande maioria, só consideram a primeira season porque a segunda foi mais barata e muito mais kitsch, mas, de maneiras bastante diferentes gosto do mesmo modo das duas séries. A primeira tem argumentos muito bem construídos e histórias com muita profundidade e seriedade filosófica, um pouco invulgar para uma "mera" série de ficção-científica. A segunda, realmente é mais kitsch, mas todo o trabalho visual, a introdução do humor e algum romance um pouco exagerado deram-lhe um charme e leveza que acho que só enriqueceu a série no seu todo. E, claro, ADORO a Maya!

Até hoje me espanta a qualidade dos efeitos especiais, na grande maioria sem mácula, principalmente se formos a tomar em conta a época em que a série foi produzida (anos 70), o meio para que foi produzida (televisão) e um orçamento global bastante baixo. Era o tempo dos autodidatas, as artimanhas utilizadas eram equivalentes às dos primeiros filmes de Star Wars, os estúdios eram os famosos estúdios de Pinewood em Inglaterra (a série é de produção inglesa) e tinha o, tarde reconhecido, excelente actor actor Martin Landau como Commander Koenig.

A banda sonora é excelente, nos actores convidados aparecem pesos-pesados como Christopher Lee e Joan Collins (entre outros) e, na segunda season, o tipo dentro dos fatos de monstro não era nada menos que David Prowse, o homem que vestiu o fato de Darth Vader!

Muitos dos técnicos que trabalharam na série tiveram (ou têm carreiras) brilhantes em cinema e/ou televisão e a série foi marcante na abordagem da ficção científica actual. Mesmo os erros técnicos, no que toca a conceitos de física e astronomia não são frequentes e os que há acabam despercebidos entre as peripécias da ficção.

O título e a imagem que escolhi referem-se ao primeiro episódio em que o factor que despoleta a série acontece: a separação da Lua da órbita terrestre devido a uma explosão de lixo nuclear. Este ano comemora o sexto aniversário. Apesar de algumas incoerências cronológicas, a Lua passa a ser uma espécie de veículo à deriva no espaço encontrando outras formas de vida (na maioria humanóides) e procurando, os habitantes da Base Lunar Alpha, um novo planeta que possam habitar.

http://www.fanderson.org.uk/fanderson.html
(site do criador da série, Gerry Anderson)
http://space1999.net/
(excelente directoria e enciclopédia da série, inclui um site português)
http://space1999.net/~catacombs/main/pguide/vip.html
(guia da série em Portugal)

11 setembro 2005

Olho bicha para um gajo às direitas

Não resisti a fazer uma tradução livre do título da série original americana: "Queer Eye for a Straight Guy"! Do mesmo modo que tinha de ver, pelo menos, o programa de estreia até porque, por mais forçado que possa ser, é sempre radical no que toca aos nossos "costumes".

A princípio não me entusiasmei por duas razões:
1º: com tanta bicha LINDA que há por aí (que me fazem pensar "que desperdício"), foram escolher 5 gajos em que nenhum se aproveita, nem acho que se vistam assim tão bem.
2º: todos eles me pareceram extremamente forçados nas apresentações, não me convenceram.
Foi o ter visto alguns clips da série original e uma grande dose de curiosidade de ver como isso ia ser resolvido no nosso portuguesismo que me fez ver.

GOSTEI: deles, que estavam bem à vontade, com uma dose pequenina de lamechisse e bichisse Q.B. e da primeira vítima que se estava a lixar para o que eles fizessem, queria era agradar à mulher.
NÃO GOSTEI: do facto de terem arranjado uma primeira vítima demasiado fácil, metaleiro da pesada com um visual forte e marcante e uma casa aparentemente nova e com decoração zero (à base de móveis de pinho para satisfazer as necessidades básicas).

O metaleiro (nem sempre o hábito faz o monge) era do mais pacífico que há, protestou um bocado por causa do cabelo, mas deixou que lhe cortassem a trunfa com pouca persuasão e, no fim, olhava para o vaso onde estava enterrada a dita trunfa com um ar "cabelo cresce!". Não me admira que, daqui a 6 meses ainda não tenha visto tesoura e que a roupa nova continue nova!

Foi pena uma pessoa com um visual tão marcante passasse para completamente banal e não mantivesse nenhuma individualidade, independentemente de ficar bem ou mal nas roupas novas. Ninguém mencionou a profissão do metaleiro, mas não acredito que trabalhasse num balcão de um banco ou afins e nem que fosse esse tipo de emprego que procurava. Nem todas as pessoas precisam de "uniforme" para trabalhar e ceder a convenções sociais. Se tiver de o fazer perdendo a individualidade, está errado. Deviam ter arranjado um meio-termo, que se adequasse mais à pessoa alvo do programa.

A casa ficou bonitinha, mas também era práticamente uma casa em bruto onde tudo podia ser feito. Agora pergunto-me: a nova decoração tem algo a ver com quem a habita? NADA! Quanto às divisões normais a coisa ainda que escapou (mais ou menos), o quarto, desculpem lá, ficou quase igual, mas o sótão, o refúgio do dono da casa, que não tinha nada (só uma mesa e 4 cadeiras) bem que podia ter ficado mais engraçado. A única ligação que fizeram ao universo individual da vítima foi uma mesa de matraquilhos e uma das paredes ter sido pintada de amarelo com um motoqueiro a preto, numa Harley.

Quanto ao prato confeccionado pela vítima é daquelas coisas que eu faço quase de olhos fechados, nunca ninguém me ensinou e nunca li em lado nenhum, simplesmente usei o bom senso e a vontade de comer berigelas que adoro! E não tenho grande talento na cozinha, só cozinho porque não tenho grande alternativa.

Enfim, não é programa para fidelizar, por enquanto a SIC ainda consegue chamar a atenção para o programa, principalmente pela novidade, mas acredito que, não tarda nada, será enviado para um fim-de-semana à tarde, sem horário fixo.

http://esquadraog.sapo.pt/homepage.aspx

SIC
dom. 21h00

10 setembro 2005

Incongruências dos anime

Tenho andado a ver episódios de algumas séries de anime que tenho no meu PC (não é TV portuguesa, mas é TV na mesma) quando, ao ver um episódio de Chobits ainda agora, rebolei de tanto rir! Neste episódio, o 12, Hideki (o protagonista) consegue emprestado um leitor de DVD e logo de seguida dão-lhe uma demo de um jogo online. Depois de imenso trabalho para um inepto, como ele, em computadores pôr tudo a funcionar ele passa algumas noites a jogar, juntamente com o vizinho do lado, Shinbo e respectivos computadores, Chii e Sumomo (para uma melhor compreensão destes PCs o melhor é procurar sites sobre a série). O motivo que me fez rir tanto foram os ataques mágicos usados no jogo por Shinbo e Sumomo: "carbonara" e "chouriço" (também podia ser "chorizo")!

Para quem está habituado a ver anime de vez em quando esbarra com surrealismos destes, das duas uma: ou os japoneses acham que a palavra soa bem e introduzem-na na história sem mais preocupações ou sabem o significado e brincam com isso. Neste caso eu voto pela segunda hipótese, carbonara ainda vá lá, mas para chegarem a chouriço... Só sei que ainda me estou a rir :D


http://www.tbs.co.jp/chobits/ (site oficial, japonês)
http://dark-chii.net/ (site de fã, em inglês)
Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...

false

false