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30 dezembro 2008

Branca de Neve sexy


Fui ver o espectáculo de bailado Branca de Neve, muitíssimo anunciado pelas ruas da cidade e não só, mas cujo cartaz sempre me agradou. Sempre achei que as maminhas da menina se parecem com duas maçãs no negativo. Depois quando vi imagens e soube que os figurinos são de Jean-Paul Gaultier, sendo eu fã do estilista, em particular do seu trabalho mais criativo para espectáculos, e há muito que não via nada dele, visto que perdeu algum protagonismo na cena da moda internacional, entusiasmei-me!

Já não ia há que tempos ao grande auditório do CCB e, portanto, já não me lembrava do quão disparatada era a sala. Acho que depois deste tempo todo ainda vejo mais defeitos na sala, o primeiro de todos é não fazer rigorosamente sentido nenhum uma sala de espectáculos moderna, supostamente num edifício que deveria ter sido o último grito dessa mesma modernidade na época em que foi construído, ter uma planta à séc.XVIII onde se construíam as salas para o público se mirar a si próprio (nem as luzes eram totalmente apagadas) e não para olharem para o palco onde os espectáculos eram o pretexto para a sociedade se reunir e dar largas às intrigas, escândalos e encontros menos próprios, e mostrar a última moda nos vestidos das senhoras mais proeminentes. Era uma espécie de televisão portuguesa moderna das pseudo-vedetas e socialites. Depois a sala do CCB não tem uma acústica famosa e não se vê o palco como deve ser sem ser na plateia, e mesmo assim bem, bem só nos lugares centrais. As filas são demasiado próximas, eu que tenho 1,75m fico com os joelhos encostados à cadeira da fente e os acabamentos são frios e não particularmente bonitos. E ainda resta a questão das saídas de emergência, que são poucas e mal distribuídas...

Em geral gostei do espectáculo. Visualmente era muito bonito, o guarda-roupa ecléctico e sensual contrastava lindamente com cenários sóbrios mas eficazes, as luzes estavam maravilhosas e, apesar de não ser a maior fã de Mahler, gostei da escolha das músicas, só sentindo a falta de uma orquestra ao vivo, até porque a acústica das gravações não tinha nada a ver com a sala onde vi o ballet. A coreografia era uma espécie de reinterpretação do clássico, tornando-se mesmo assim bastante acessível a um público pouco conhecedor não sendo demasiado densa ou abstracta. Notou-se claramente que todo o espectáculo foi criado em redor do pas-de-deux entre a Branca de Neve e o Príncipe, quando ele a encontra no bosque desmaiada, uma lindíssima peça coreográfica, muito bem executada, claro está. Só não gostei da distribuição da narrativa, que se esticou demasiado ao início, assemelhando-se às coreografias tradicionais dos sécs. XVIII e XIX, onde o importante era mostrar dança, distorcendo a narrativa em função dela.

Em suma, Branca de Neve, do Ballet Preljocaj, é um bom espectáculo, mas, com tanta publicidade e marketing, estava à espera de algo mais moderno e arrojado, talvez tão arrojado como os figurinos, onde a Rainha Má era uma espécie de reinterpretação da Rainha Má da Disney, versão S/M Gaultier, a Branca de Neve de uma sensualidade e erotismo quase pueril, o Príncipe um toureiro e os Sete Anões uns mineiros sexy. Aliás nunca os Sete Anões foram tão sexy!!!

BALLET PRELJOCAJ - PAVILLON NOIR - CENTRE CHOREGRAPHIQUE NATIONAL

1 zappings:

Nuno Cargaleiro disse...
Este comentário foi removido por um gestor do blogue.
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