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20 agosto 2011

Rever o Espaço: 1999 (S2)


Space: 1999 - The Metamorph
Mentor (Brian Blessed) e Maya (Catherine Schell) em Psychon

Separei os meus comentários acerca do Espaço: 1999 num para cada série por três razões: a primeira porque acho que a série merece, a segunda porque apesar de partilharem o mesmo título, permissa, local e elenco principal, a 1ª e a 2ª séries do Espaço: 1999 parecem duas séries completamente diferentes, tamanhas foram as mudanças de uma para a outra, e por fim porque ficaria um post gigante, que seria uma seca.Eu adoro ambas as séries, mas por razões completamente opostas, só tenho pena que as qualidades de ambas não tivessem existido nas duas produções.

A 2ª série teve um aumento no orçamento, mas passei todos os episódios (excepto um ou dois) a perguntar-me onde foi parar o dinheiro a mais. No geral a 2ª série é consideravelmente menos sofisticada que a 1ª em quase todos os aspectos. Os cenários repetem-se (sempre os mesmos adereços, sempre o mesmo backlot), o elenco principal é dividido para poupar nas rodagens (muitas vezes dois episódios eram filmados em simultâneo), os efeitos especiais são mais manhosos, recorrendo demasiadas vezes ao foco de luz verde (scanning alienígena) ou ao secador de cabelo (gravity pull) e os argumentos são uma porcaria.

Transformaram o Comandante Koenig, um homem admirável e um líder muito humano, num comandante prepotente e arrogante que está sempre aos berros, a Drª. Helena Russell numa tontinha que deixou de ser convincente como médica, o Paul Morrow metamorfoseou-se em Tony Verdeschi, que apesar de ser uma personagem com potencial, é irritante, a Sandra dividiu-se em duas (Sandra e Yasko) e não faz muito mais que carregar em botões e as piadinhas finais eram completamente desnecessárias. A única personagem, e o grande trunfo da 2ª série de Espaço: 1999, que funcionou bem foi a introdução da Maya.

Ah a Maya, o sonho de todas as raparigas dos anos 70 era serem como ela! É incrível como conseguiram estragar quase todas as personagens que transitaram da 1ª série mas criaram uma tão boa, principalmente face à ausência de profundidade geral. Sendo ela uma extraterrestre, podiam fazer o que quisessem com ela e tornaram-na uma princesa inteligente, engraçada e dinâmica. Sim falta-lhe mais profundidade, se eu fosse a última da minha espécie, com certeza que não seria tão alegre e levezinha como ela, que quando o assunto é mencionado apenas responde com alguma tristeza. A Maya também serve como um mecanismo fácil para tirar as personagens de enrascadas e isso é facilitismo narrativo. Alguma angst e talvez mais pontos fracos evidentes, tornariam a Maya na heroína perfeita! Mas ela ainda é a minha!!

Ora bem, se queriam tirar o ar grave e sério ao Espaço, a Maya foi realmente uma mais-valia, ela é leve, algo frívola, divertida, interessante, mas não precisavam de tornar a Drª. Russell assim, aliás se houvesse contraste entre as duas seria muito mais interessante como relação interpessoal. Os habitantes da Base Lunar Alpha pertencem a uma organização para-militar, portanto são profissionais sérios e têm pela frente um problema mais sério ainda. Não significa que não possam ser pessoas divertidas nos tempos livres, aliás isso foi abordado pontualmente na 1ª série, mas não é de cervejas experimentais nem de brindes que trata o Espaço: 1999! Também exageraram em introduzir dois casais, bastava um. O casal Drª. Russell/Comandante Koenig podia continuar pela sugestão ou tensão sexual, que são sempre muuuuito mais interessantes, e como casalzinho "júnior" teriam então a Maya e o Tony, que acabam por sê-lo muito menos que deveriam. Mas eram os anos 70 e ainda não tinham sido criados a Maddie Hayes e o David Addison, de Moonlighting, ou o Mulder e a Scully, de X-Files. Nisso os argumentos não ajudaram, na grande maioria são mais do mesmo, a fórmula repete-se de modo demasiado óbvio e não têm um tema individual e profundo como tinham os da 2ª série.

Mas nem todas as mudanças foram más! Os uniformes evoluíram, tornaram-se menos "abstractos" com a adição de casacos e novas peças, a banda-sonora, apesar de mais americanizada, continua interessante, há personagens novas que é pena não serem aprofundadas e bons temas em potencial. Infelizmente os episódios verdadeiramente bons, ou pelo menos à altura dos da 1ª série, contam-se pelos dedos (The Metamorph, The Exiles, The Mark of Archanon, The AB Chrysalis) e há episódios que uma pessoa se pergunta o que estão ali a fazer (The Taybor). E depois há outros que ficaram na memória por causa da componente visual, quem se esqueceu dos monstros "esparguete à bolonhesa" de Bringers of Wonder?? Ou das amazonas escarlate de The Devil's Planet?

Em suma: 1ª série pelos argumentos e pela sobriedade, 2º série pelo factor kitsch e pela Maya.

Space: 1999 Net, Português
Catacombs - Space: 1999 Year 2

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