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05 janeiro 2019

Anjos

 
Comecei o meu ano televisivo com o filme Himmel Über Berlin (Asas do Desejo), obrigada RTP2!

Vi o filme pela primeira vez, com 17-18 anos, provavelmente no Quarteto, ou talvez no Londres ou Fórum Picoas, pois eram os únicos cinemas da época em Lisboa que passavam filmes de autor. Desde então revi o filme diversas vezes, muitas na televisão, algumas no cinema, mas há muito que não o revia. Estava curiosa para ver se a minha experiência de ver o filme tinha mudado: não mudou.

A sensação maravilhosa, de um misto de melancolia mas que deixa um calorzinho por dentro, continua a mesma! Naturalmente apercebi-me de mais alguns detalhes que não tinha percebido antes, é esse um dos prazeres de rever filmes sublimes. O prazer de perceber alemão, francês e japonês, retiram as limitações de depender da legendagem e da eventual má tradução, de apanhar o texto no momento certo, sem ter de tirar os olhos da imagem. Mas a cena que revi com outros olhos é a cena do reencontro, no concerto do Nick Cave, onde tudo se encaixa maravilhosamente. O vestido vermelho de Marion, a camisa vermelha de Nick Cave, que habitualmente é branca ou em cores neutras, a canção The Carny, a coreografia da câmara no espaço do concerto (aliás lindo, como todos os décors do filme), o vermelho também no casaco colorido de Damiel e, por fim, o reencontro de almas ao som de From Here to Eternity. Perfeito!

Tinha medo de achar que tinha visto o filme com o deslumbre da adolescência e que essa memória me tinha ficado marcada. Mas não, Himmer Über Berlin é um filme sublime, lindo, meticulosamente bem feito, emocionante e não envelheceu. Aquela Berlim dos anos 80, que eu conheci, está lá, congelada, provavelmente numa das melhores representações que teve no cinema.

Himmel Über Berlin

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