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06 setembro 2006

Anita

Tive dois ou três livros da Anita, pois a minha mãe (e com razão!) achava que promoviam um modo de vida pueril e conservador em que as mulheres são boazinhas, bem comportadas e primorosas donas-de-casa. O que a minha mãe falhou em ver nos livros da Anita (e talvez não) era o que apelava tanto a mim como às outras raparigas (até hoje!): as lindas e românticas ilustrações e a forma idílica como o mundo era mostrado, à laia de conto de fadas.

Há muito tempo que nem sequer folheio um livro da Anita, mas ando espantada com o facto de um produto, que já era considerado antigo quando era miúda, ainda sobreviver e a ter sucesso! Com a estratégia, até bem simples, de marketing de transformar a Anita em fascículos coleccionáveis com o bónus de uma boneca e de uma reprodução do "fato da semana" para vestir, a Anita tem tido um renascimento impressionante! Quase todos os dias vejo alguma miúda, dos 6 aos 8 anos, com um enorme cartão do fascículo da Anita na mão e com um sorriso de satisfação nos lábios, sem sequer lhe passar pela cabeça que, nos anos 70, miúdas da idade dela (provávelmente a mãe dela também) matariam para possuir algo semelhante, se existisse.

Não há dúvida que há desejos e sentimentos que são cíclicos e universais, com tanta crise ninguém quer pensar em realismo na ficção, as pessoas precisam de produtos para sonhar acordadas. Foi assim nos anos da depressão, nos anos 30, nos Estados Unidos, em que os musicais e estrelas como Shirley Temple vingaram e agora volta a repetir-se nesta crise indefinida e desfocada pela qual parece que o mundo anda a passar (talvez o culpado ainda seja o "el Niño" ou o Bin Laden).

Associo sempre picos de ficção fantasista a estes periodos, pode ser filosofia de algibeira, mas o certo é que não me tenho enganado.

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