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15 setembro 2006

Miserabilismo

Se há tendência que me tem vindo a irritar há uns anos, principalmente desde o início do "fenómeno" Big Brother, mas que a SIC, com programas como o Perdoa-me e afins já tinha timidamente começado, é que problemas chatos, graves ou porlongados parece que apenas têm solução à vista sendo expostos num programa de TV, principalmente se for para donas-de-casa (não me refiro às gajas boazonas da série americana).

Portanto: se alguém tem uma doença grave e não tem modo de financiar a cura, vai ao Fátima Lopes, se alguém tem apetências profissionais (sejam elas quais forem) mas não arranja trabalho, vai ao Você na TV ou então se alguém é (ou julga que é) um artista incompreendido, concorre aos múltiplos concursos de talentos existentes...

E quem não quer aparecer na televisão? E quem justamente tem necessidade de algum tipo de ajuda e prefere não recorrer à Floribella? O nosso país anda desesperado: ninguém arranja emprego, quem o tem mantém-no, à custa de aturar muitas chatices porque precisa de pagar contas, o sistema de saúde, para além de corrupto é mais que injusto, a cultura é desprezada e o verdadeiro talento ou competência é raramente reconhecido por quem deve.

Este pode parecer um discurso bastante negativo e pessimista, mas ao ver ontem, porque estive de cama, a SIC, no Contacto, a aproveitar-se indecentemente do desejo de uma miúda com um grave problema de saúde de conhecer a Floribella e da ignorância (ou ingenuidade) da mãe irritou-me. Nunca que uma situação deste tipo deveria ter sequer possibilidade de acontecer! Cada um cumpriu o seu papel: a mãe quis cumprir o desejo da filha porque gosta dela, a SIC aproveitou para espremer mais algum share de audiências à custa de desfavorecidos parecendo que estava a ajudar, mas o que eu vi foi uma grandecíssima hipocrisia que metia nojo! Coitada da miúda que era engraçada e inteligente, mas nova demais para se aperceber do abuso a que estava a ser sujeita, alimentado pelo desejo ingénuo de conhecer a sua heroína.

Recentemente, por outros motivos completamente opostos à desgraça alheia, dirigi-me à SIC (por e-mail, pelos canais próprios) para lhes fazer uma proposta de um pequeno projecto meu, a resposta que obtive foi qualquer coisa como: "... em que programa quer aparecer ou expor o seu trabalho?" ao que eu respondi prontamente que não quero nem nunca foi minha intenção aparecer na televisão. Claro que a este mail ninguém me respondeu.

Volto a perguntar: será que para se conseguir alguma coisa nesta terra uma pessoa tem de ter de se expor a programas dos coitadinhos na televisão?



Pronto, já desabafei!

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