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01 maio 2006

Pedro Costa é famoso!

Como tive uma pequena participação no Indie Lisboa, sinto-me no direito de reportar um pouco as minhas impressões do festival.

Achei o festival muito bem organizado, como uma logística impecável e generosa. Senti algumas pequenas falhas técnicas, talvez inevitáveis, pois nem todas as salas onde os filmes foram exibidos têm equipamento muito moderno, as projecções de vídeo foram as que mais sofreram com isso, mas nada da verdadeiramente grave. Todos os filmes foram legendados em português digitalmente e, ao que percebi, as traduções estavam bastante cuidadas (nada dos "azares" que por vezes aparecem tanto na televisão, como em cinemas). Em todos os envolvidos na organização do festival senti um enorme prazer em estar ali, o que se reflectia no caloroso e simpático atendimento.

O bom de estar com um pézinho dentro de um festival de cinema é que, de uma forma muito intensa, se trocam ideias e opiniões com as mais diversas pessoas, das mais diversas origens. Foi curioso constatar que, no meio das escolas de cinema no Japão e Canadá (pelo menos), Pedro Costa é o realizador português mais admirado e respeitado. Por cá, dá a sensação de que as pessoas sabem quem ele é, mas que é mais um realizador de filmes esquisitos e algo deprimentes. Talvez esta informação sirva para tentar olhar para a obra de Pedro Costa com novos e frescos olhos.

Um dos aspectos mais positivos do Indie Lisboa foi a fortíssima presença de filmes portugueses, a começar pelo "herói independente" Edgar Pêra, com uma futurospectiva integral (ou quase) dos seus filmes e uma participação nacional em grande número na competição, tanto de curtas como longas-metragens. Muitos dos participantes portugueses são "ilustres desconhecidos", no sentido em que, os que já têm cinematografia, ela não passa o suficiente em circuitos comerciais (ou mesmo pequenos ciclos) e os outros apresentaram primeiras e segundas obras o que torna o Indie num incentivo a que se produza mais e original cinema português. Infelizmente, não tive possibilidade de ver nenhum dos filmes em competição, devido às minhas tarefas no festival, a não ser alguns dos vencedores.

Também gostei do facto de não haver distinção entre filmes de imagem real, documentário e animação. De não haver categorias mas a competição estar apenas dividida entre longas e curtas-metragens.

Outro aspecto também muito positivo foi o Indie Júnior. Neste país em que, para a grande maioria das crianças (e dos pais também) cinema, ou filmes, para crianças é da Disney para baixo, haver, nem que seja uma vez por ano, filmes de autor para crianças a serem exibidos é, no mínimo, um privilégio a aproveitar por quem tem filhos ou crianças a seu cargo.

Um facto curioso foi constatar que um dos heróis independentes, Nobuhiro Suwa, japonês de origem, tem uma cinematografia com características muito europeias e que Matthew Barney, o marido da Björk, norte-americano, apresenta um filme/performance com um profundo conhecimento de rituais tradicionais japoneses.

Acredito que tenha sido uma aposta e risco bem grande, a ampliação para cerca do dobro dos filmes e número de salas, mas, apesar da indecisão na escolha do que ver e de algumas sobreposições inevitáveis de programação, foi um risco que valeu a pena correr. Todos os filmes que vi, gostando ou não, diziam sempre algo e eram todos muito inteligentes, o que prova que o critério de exibição não é levado de ânimo leve.

Estão todos de parabéns, para o ano há mais! E o Pedro Costa nem sequer tinha um filme no Indie!

Indie Lisboa

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