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14 janeiro 2009

Sangue pasteurizado

Tenho andado a seguir True Blood e Kyle XY pelo MOV e True Blood é daquelas séries estranhas, que aparentemente tem pouco para eu gostar (fora os vampiros, se bem que isso também não é decisivo), mas pela intensa e estranha sensação que me deixa após cada episódio, não quero perder.

Gostei de Sete Palmos, a anterior série de Alan Ball, mas o excesso de personagens importantes e interessantes era um bocado distractivo. Estava lá a presença de um autor inteligente, que sabe criar excelentes personagens e narrativas inteligentes e que reflectem a realidade de um modo interessante, mas não me conseguia concentrar numa personagem favorita e acabei por não ver a série com atenção.

True Blood muda completamente o universo, deixa de ser uma família branca, classe média alta, mas um pouco excêntrica com um negócio diferente, tudo muito limpo na aparência mas sórdido por baixo dela, para ser uma comunidade "white trash" onde a protagonista serve num bar local num futuro próximo ou alternativo onde os vampiros saíram do armário graças à invenção japonesa de sangue artificial (tru Blood).

Apesar de ser um tipo de vida e gente que não quero conhecer na realidade, gosto muito mais deste universo mais "porco" e menos linear, que me tem surpreendido a cada episódio. Começando por Sookie Stackhouse, a protagonista, uma rapariga aparentemente pateta mas com uma personalidade forte e inteligente e que consegue ler os pensamentos das pessoas. Sookie, maravilhosamente interpretada por Anna Paquin, parece parva mas é uma força da natureza e sabe se defender muito bem apesar de se colocar constantemente em situações de risco, um bocado por um apelo do desconhecido. Bill, o vampiro, parece um tipo banal, calmo, circunspecto e pouco falador, mas luta o tempo todo contra a sua natureza apesar de claramente gostar de Sookie e não lhe ir fazer mal. Os dois iniciam uma relação na base dessa atracção pelo desconhecido, Sookie porque não consegue ler os pensamentos de Bill e sempre teve curiosidade em relação aos vampiros e Bill porque Sookie já lhe salvou a vida umas vezes, não o julga e quer conhecê-lo.

A relação de ambos vive de uma tensão sexual brutal, parece que sempre que estão juntos os dois têm de se estar a tocar, é de um magnetismo irresistível que tem pouca comparação com outras séries onde tensão semelhante existia, mas que alimentava-se do facto de o casal não se poder unir (Maddie e David - Moonlighting, Mulder e Scully - X-Files). Aqui eles vão poder unir-se pois não é com sexo que o mistério será desvelado, mas claro que Alan Ball faz render essa sensação, senão também não tinha piada.

Depois os dois têm de lidar com o preconceito numa terra pequena onde quando alguém espirra, toda a gente fica a saber, no sul dos Estados Unidos e o facto de os vampiros não se quererem verdadeiramente integrar, a luta deles não é uma luta pela justiça, mas sim de sobrevivência. Os humanos representam um lado bruto e ignorante e os vampiros um lado selvagem e irresponsável. Ninguém é verdadeiramente bom ou verdadeiramente mau, mas os vampiros são perigosos num modo mais físico e os humanos num modo mais psicológico de maquinações e intriga. E depois há sexo... como Sookie muito bem disse no episódio de ontem (o 4º, se não me engano) "está toda a gente a pensar em sexo!" ao que Bill respondeu "não é preciso ler mentes para perceber isso".

Seja onde for que Sookie e Bill forem, não vão encontrar o paraíso e o sossego, mas mais uma vez citando Bill a Sookie: "os vampiros estão sempre a correr riscos, prefiro corrê-los contigo.". É da união deles que vive a série, uma união e pêras!

Sendo séries com universos opostos, o cunho de Alan Ball sente-se na coerência da escrita e em personagens ricas, cheias de personalidade, mesmo que essa se manifeste pouco. Cada episódio introduz uma nova peça ao puzzle e deixa-nos a pensar em que mais poderá acontecer.

HBO: True Blood

MOV
3ª: 22:00

2 zappings:

dYn@ disse...

Olá.
Surgiu a notícia de que a série Kyle XY foi cancelada...

Misato disse...

Que pena, era daquelas séries discretas, mas boas.

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