TV-CHILD É UMA DESIGNAÇÃO QUE SE PODE DAR À MINHA GERAÇÃO, QUE CRESCEU
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31 dezembro 2005

Gentlemen

2005 termina bem e 2006 começa melhor ainda com a transmissão do episódio "Hush" da Buffy.

Cá estou eu de novo a chatear com a Buffy, mas, desde que a SIC-Radical a recomeçou a transmitir que eu queria 3 coisas: rever as primeiras séries com maior atenção, pois não as tinha visto como deve ser quando transmitidas pela SIC (feito, não perdi um episódio!); rever a 2ª série por causa do Spike e da Drusilla (feito!) e rever este episódio da 4ª série, que me marcou profundamente. Ah, sim! Espero que continuem a transmiti-la após o final da 4ª série (foi onde a SIC ficou).

É um episódio com um ambiente muito Tim Burton, se ele tivesse seguido uma vertente mais de terror. Os Gentlemen são monstros de contos de fadas, com um permanente sorriso de caveira estampado na cara, cujo objectivo é conseguirem sete corações. Para isso vão a uma cidade, roubam as vozes das pessoas para que não possam gritar e passam ao massacre. Esta descrição, do modo como é feita por Giles ao grupo, numa sala de aula vazia e na penumbra através de um retroprojector é, no mínimo, hilariante e demonstra o excelente sentido de humor e sarcasmo da série. O detalhe de ele fazer a apresentação com musiquinha clássica e ter engendrado os acetatos narrativamente como se de um conto de fadas se tratasse e com ilustrações, é simplesmente o máximo!

Todo o episódio tem um ambiente fantasmagórico ao som de uma música que não fica longe das de Danny Elfman, os Gentlemen vestem-se de fato, impecáveis e flutuam a 10cm do solo sem mexer as pernas, ondulando os braços e a cabeça lentamente. Os seus "assistentes" arrastam-se curvados e vestem coletes de forças desatados e ligaduras. Desde que a população perde a voz, todos parecem deprimidos, cabisbaixos, como se tivessem predido muito mais que a voz, a luz muda, parece que diminui um pouco de intensidade e fica mais azul. A falta de voz despoleta uma série de acontecimentos já um pouco antecipados em episódios anteriores: finalmente a aproximação de Buffy e Riley e o encontro de Willow com Tara.

É o meu episódio preferido da Buffy até agora, uma série que manteve e melhorou muita da qualidade, principalmente da escrita, não há episódios inúteis. A ligação entre o universo gótico de vampiros, bruxas e demónios com o universo solarengo de uma pequena cidade da Califórnia (suponho) de escolas secundárias, campus universitário, bares e festas através de um sentido de humor bem interessante, irónico e por vezes sarcástico é uma excelente mistura que faz com que eu tenha vindo a acompanhar a série com bastante prazer.

http://www.foxhome.com/buffy4dvd/
http://www.foxtv.de/?p=serie&s=buffy&page_id=episode&epsd=66 [DE]

25 dezembro 2005

Plágio natalício

O Natal foi a chatice de sempre, mas mesmo assim parece-me que as televisões se esforçaram e, em vez dos filmes de sempre passaram novidades como o Stuart Little 2, Eduardo mãos de tesoura (é um filme natalício mas não passa com frequência no Natal) e outros que não sei quais pois no Natal não costumo de ter oportunidade de exercitar o meu vício. Que me tenha apercebido não deu It's a Wonderful Life pela 1000nésima vez nem a Música no Coração.

A única coisa de chocante que percebi foi ver que os separadores natalícios da SIC têm as mesmíssimas músicas que os separadores natalícios da TCM. Não me parece que tenha sido o Ted Turner a seguir minuciosamente a programação da SIC para a copiar, portanto das duas uma: ou a SIC tem um patrocínio, até agora desconhecido, de Ted Turner ou são mesmo plagiadores... enfim, é a lei do menor esforço...

17 dezembro 2005

And now, for something completely different!

É uma pena a RTP Memória ser tão pouco fiável na programação, acabei de ver o finzinho de um episódio da fa-bu-lo-sa série Monty Phyton's Flying Circus!

É a melhor série de humor (britânico) que já vi em televisão e difícilmente outras lhe chegam aos calcanhares. Sou completamente fã do grupo e, até hoje, sigo os passos dos seus membros fielmente, desde os filmes de Terry Gilliam até aos documentários/viagens de Michael Palin, passando, claro, pelas performances em cinema de John Cleese e dos restantes (ainda vivos).

A mais forte recordação que tenho da série foi, quando a vi pela primeira vez, nos anos 80, ter deixado totalmente de ver as novelas brasileiras, nas quais sou completamente vidrada até hoje, porque passavam ao mesmo horário na RTP1, enquanto que os Monty Phyton passavam na RTP2. Ou então quando, mais tarde, não parei de rir quando vi, pela primeira vez no cinema, The Life of Brian.

Não tenho explicação possível para as sensações que vivo ao ver seja o que for da série, só sei que rio com vontade e do princípio ao fim. Isso basta! Pena que a série seja longa e os DVDs caros...

http://www.pythonline.com/

RTP Memória
sab. 15:00
dom. 21:00

16 dezembro 2005

Fernsehen

Alemão deve ser das línguas que conheço a única que não usa a palavra "televisão" ou similares (television) para descrever o alvo do meu vício. Contudo quase que se limitaram, do mesmo modo que dobram tudo para alemão, a traduzir a palavra: fern=longe + sehen=ver.

Na semana que passou tive uma pequenina oportunidade de fazer um zapping pela televisão alemã, um pouco para ver o que se passa por lá. No geral apanhei notícias, talk-shows, muita TV-Shop e alguns concursos, nada que me chamasse a atenção. Um pouco por isso parei na ORF2 (canal Austríaco) num programa/documentário sobre as tradições da Áustria com um apresentador, a que rápidamente chamei "Pai Natal à civil", a deambular por montanhas e vales com pequenas casinhas típicas e, a cada 10 minutos, uma banda a tocar Blass Musik (=bandas típicas de música com instrumentos de sopro). Era bonitinho e mostrava, de certo modo o que, para um latino, será a região no mais tradicional. Por isso o programa, que para um alemão talvez fosse uma grandecíssima seca, para mim cumpriu a função de entreter por alguns minutos sem exigir muita concentração.

Mais tarde, falando com alemães, fiquei a saber que lá como cá passam as séries da moda (Desperate Housewives, Stargate, etc.) e alguns filmes de interesse. Como os meus interlocutores não são pessoas que vejam frequentemente televisão e também não lhes conheço bem os hábitos e gostos, não deu para perceber mais. Há uns valentes anos atrás, quando ainda não havia por cá nem canais privados nem TV por cabo ou satélite, a nossa RTP era bem melhor que a média das televisões alemãs. Hoje-em-dia parece-me que quase todas as televisões da Europa devem ser semelhantes fora as excepções causadas pelo gosto de cada país.

http://tv.orf.at/

27 novembro 2005

Catch fry with chopstick!

Não me lembro se foi ele quem o disse, mas que o fez, fez! Morreu Noriyuki "Pat" Morita o Mr. Miyagi do Karate Kid.

Para mim, e muito provávelmente para muitos, foi através deste velhote japonês que o karate e as artes marciais japonesas (fora o judo, há muito estabelecido em Portugal) ficaram conhecidas. Eu apenas os vi na televisão onde até foram repetidos demasiadas vezes para encher programação. Felizmente, no caso dos Karate Kids (mesmo o 4º, já sem o desaparecido Ralph Macchio e com a fabulosa Hillary Swank em início de carreira), são filmes que raramente chateiam e que preenchem muito bem uma tarde ronha em frente ao aquário.

Pat Morita foi provávelmente um dos primeiros actores japoneses a estabelecer-se nos Estados Unidos e a fazer papéis de japonês, que muitas vezes, como no próximo filme Memoirs of a Geisha, são representados por actores de todo o tipo de origens orientais, menos de origem japonesa. Teve uma carreira algo prolífera na televisão, mais um motivo para o mencionar por aqui.

Wax out!

http://www.imdb.com/name/nm0001552/

26 novembro 2005

Bloganiversário

É só para assinalar que este blog se iniciou, há 1 ano, dia 24 de Novembro, com o seguinte post:

http://tv-child.blogspot.com/2004/11/csi.html (ainda vejo o CSI, talvez não tão fielmente devido às mudanças de programação).

Pelo menos o primeiro ano é comemorável, para o ano, se ainda cá estiver, não sei se me vou lembrar...

Kilt

Se há coisa que me deperta a libido são homens de saias, em particular se forem kilts. Calções também servem, mas não é a mesma coisa...

Óbviamente que as publicidades da William Lawson's me despertam, no mínimo, a atenção, apesar de os modelitos usados estarem longe do meu tipo de homem, bem mais terra-a-terra. Aliás o único a que tinha prestado mais atenção até agora foi o dos futebolistas e do grito de guerra.

Se até agora não tocavam mais que as franjas dessa minha libido (dado os modelitos serem demasiado plástico), a última publicidade, Scottish Instinct, tocou o lado do humor. A piada ao filme Basic Instinct e o modo, muito espontâneo, com que Sharon Stone se ri da situação gozam e muito bem com o mito 'o que têm os escoceses por baixo das kilts?' e da iconografia a que nos habituou a própria marca. É uma forma muito engraçada de utilizar uma vedeta, que de certo não lhes saiu barata, numa publicidade.

http://www.ifilm.com/ifilmdetail/2680552?htv=12

13 novembro 2005

Diva

Ultimamente (quando digo ultimamente, digo nos últimos 6 meses a 1 ano) não tenho tido grande pachorra para o Herman, mas hoje, talvez porque o boneco estava lá, vi um bocadinho. Para minha surpresa a primeira convidada, para uma demasiado curta entrevista, era Marília Pêra, diva do teatro e televisão brasileiros, mas de origem portuguesa, qual Carmen Miranda, que já representou nos palcos.

Foi pena a entrevista ter sido um misto de "lambe-botismo" (melhor: "puxa-saquismo") e de muita pressa. Uma mulher como Marília Pêra, de certeza tem imensas coisas interessantes para contar, mas o que acabou por acontecer foi o Herman a tentar mostrar que fez (pelo menos desta vez) o trabalho de casa e a entrevista não fluiu. Ele contava os factos e as histórias dela e ela quase só se pode limitar a confirmar ou desmentir.

Marilia Pêra está em Portugal para representar a peça Mademoiselle Chanel que, apesar de contar a história de Coco Chanel, célebre estilista, foi escrita a pensar em Marília Pêra que é perfeita para o papel. Adoraria ver a peça, mas não é o tipo de peça barata e o mais provável é os bilhetes já terem esgotado para as "tias" que querem mostrar que têm cérebro e percebem de moda. Blaaargh!

Claro que conheço Marília Pêra das suas poucas participações em novelas e, até hoje a participação que, para mim, é mais memorável é na novela Brega e Chique (que está no meu top de novelas preferidas) em que fazia de milionária chique arruinada, Rafaela, e contracenava com Marco Nanini, o advogado do desaparecido marido. Toda a sua performance nessa novela e os seus monólogos impressionaram-me de tal forma que, desde aí, fui acompanhando, como pude, a sua carreira. Ela está no ar na novela Começar de Novo como Janis Doidona, uma hippie na reforma.

Para além das suas personagens extravagantes nas novelas, o que realmente impressiona nela é a sua fortíssima e muito magnética presença e postura. Marília Pêra é daquelas pessoas que tem uma fisionomia e expressividade impressionantes, que chamam a atenção só por estarem lá. Simpatizo imenso com a sua persona de actriz, espero um dia ter o prazer de a ver num palco.

http://www.imdb.com/name/nm0702479/

07 novembro 2005

Pedagogia efémera


É raro a publicidade ser pedagógica, de cabeça só me lembro de um único exemplo marcante que foram as campanhas de Olivier Toscani para a Benneton. A nova campanha da Vodafone, Now, especialmente o anúncio televisivo da Efémera, sugere um modo de vida e, talvez, de pensar no mínimo positivo e optimista.

Mas o melhor do anúncio é que, para além de estar muito bem feito, é marcante de uma forma super-discreta sem ser demasiado chatinho como por vezes algumas das publicidades marcantes o são. A música é engraçada e simpática sem ficar a martelar no cérebro para o resto do dia (ou da noite), ou se ficar não chateia, o insecto, a efémera, é bonitinho, parece uma libélula sem ter uma conotação demasiado feminina (por exemplo, uma borboleta), os efeitos especiais/animação/3D estão muito bem feitos e, claro, o conceito de aproveitar a vida é excelente. Está muito bem apanhado quando nos apercebemos que se trata não de uma efémera real e sim em 3D quando ela começa a jogar ténis!

De que modo se pode associar directamente este conceito, bastante filosófico e talvez utópico, a vender telemóveis já não sei. O certo é que até agora eu "empacotava" as campanhas de publicidade de telemóveis em 3 pacotes: a Vodafone era para inglês ver, a Optimus demasiado melancólica e a TMN demasiado pretensiosa no seu suposto vanguardismo, mas esta campanha é inteligente principalmente na forma como não é óbvia no seu objectivo de venda, estão a vender um modo de vida positivo e não um aparelho, e nesse aspecto estão um grande passo à frente das suas anteriores campanhas e das actuais campanhas das outras companhias.

PARABÉNS! De boa publicidade também se precisa.

Só é pena o site da Vodafone não ter uma secção dedicada às campanhas publicitárias...

06 novembro 2005

Cheddar, calças, novelos de lã e vegetais


Foi uma óptima ideia a SIC-Comédia ter rentabilizado a estreia da recente longa-metragem de Nick Park do "dynamic duo" mais 'british' à face da Terra: Wallace & Gromit.

Já só apanhei o finzinho de A Close Shave mas, como sou fã deles desde A Grand Day Out e tenho as K7's em VHS originais, felizmente posso ver quando me apetecer (e em inglês!).

Infelizmente, por razões económicas, ainda não me foi possível ver Wallace & Gromit: The Curse of the Were-Rabbit, estou curiosíssima para ver. Até agora, navegando pela net e lendo artigos de jornais e revistas adorei o penteado de Lady Tottington e, obviamente, a voz do vilão ser pelo meu actor favorito, o carismático Ralph Fiennes [lê-se Reif Faines]. Mas hei de vê-lo, a esperança é a última a morrer!!

A Grand Day Out introduzia o mote das invenções loucas de Wallace, o rigor dos rituais britânicos e a dieta de Tea, Cheese and Crackers (chá, queijo e bolachas de água e sal). A viagem à Lua para encher a dispensa em falta de queijo poderá ser uma motivação qualquer menos para eles, cujo desespero de não ter queijo é quase tão grave como não ter electricidade ou água em casa.

The Wrong Trousers traz-nos um upgrade nas invenções e um conflito de interesses entre o hóspede pinguim e Gromit, desalojado do seu lindo quarto com papel de parede azul com ossinhos. Confirmamos os laços de amizade entre Wallace e Gromit e, pelo meio, eles prendem um famoso bandido.

A Close Shave introduz, pela primeira vez, um love interest para Wallace, Wendolene Ramsbottom, e mais uma intricada aventura que envolve invenções mirabolantes e... tricot!

Estres três pequenos filmes ganharam consecutivamente imensos prémios, inclusivé do nacional CINANIMA, onde pude ver e apaixonar-me, pela primeira vez, por A Grand Day Out e pelo "dynamic duo". Como o filme que deu hoje foi o último das curtas-metragens e como também não tenho prestado muita atenção à programação ultimamente, parto do princípio que já deram os dois filmes anteriores. Só lamento que, para variar, "bonecada é considerada para crianças" e tenham passado, num canal com programação maioritáriamente para adultos, a versão dobrada em português... É que, em filmes de tal forma 300% britânicos, ao não ouvir os diálogos em inglês, perde-se metade da piada.

http://www.aardman.com/
http://www.wallaceandgromit.com/
http://www.wandg.com/

29 outubro 2005

Halloween

Como o Carnaval é o feriado mais importante para mim, será natural que também goste, mas já com bastante menos intensidade, do pouco nacional Halloween.

Só achei piada ao facto de calhar, no fim de semana que antecede o Halloween a transição da série 3 para a excelente série 4 de Buffy, the Vampire Slayer, na SIC-Radical.

Quando a série deu na SIC, vi muito mal as 3 primeiras séries, se bem que o meu interesse e fidelidade foram aumentando em consonância com o progredir delas. Vi poucos episódios da 1ª, alguns da 2ª e já com maior atenção a 3ª. Só a partir da 4ª (e não vi mais depois disso) é que fiquei fã e passei a dar outra atenção a esta excelente série. Mas um facto é que a progressão ao nível da qualidade também foi melhorando conforme o número de séries foi aumentando.

Na quarta série, para além de uma enorme melhoria dos já bons argumentos, lembro-me particularmente bem de um episódio, muito onírico, em que uns homens/seres sobrenaturais concretizavam em sonhos diurnos os desejos mais íntimos de cada um. Para além de ser decisivo na série, este episódio tem um ambiente sinistro, sobrenatural e de tal forma magnetizante que eu não conseguia tirar os olhos do écran, quando o vi.

Ao nível das histórias individuais das personagens há uma valente evolução e maturidade. Angel (felizmente) vai-se embora (sempre o achei super irritante!), Buffy arranja um novo namorado, desta vez BEM humano, mas com uma "hidden agenda", a relação de Willow com Oz vai sofrer grandes mudanças e Xander assenta com a ex-demónio Anya. Cordelia, que já não cumpria o papel de antagonista (humana) de Buffy desde a primeira série e também já não é namorada de ninguém importante, vai à sua vida e Giles aparenta ter alguma vida privada. Ah sim, o Spike volta para valer!

Sei mais ou menos o que se segue nas 3 séries que faltam (são 7 ao todo), por ter lido os resumos nos sites oficiais, mas nada como ver com os próprios olhos, não é?

http://www.buffyweekends.com/
http://www.foxhome.com/buffysplash/

SIC-Radical
3ª, 15:00h
6ª, 09:30, 22:00
sab. 18:30

Duarte & Cª em DVD!



Afinal parece que as minhas muito longas preces foram finalmente atendidas! A RTP deixou-se de mariquices e editou provávelmente um dos seus poucos blockbusters em DVD!!

Ainda não percebi bem as especificações da "box", pelo que percebi é apenas o vol. 1, com 3 DVDs e 6 episódios! É verdade que a série era muito desejada e que é uma boa aposta no mercado, mas... abusar da boa-fé dos fans?? Não é bonito! Pelo menos é remasterizada digitalmente. Agora só resta saber (porque não encontro essa informação em lado nenhum, nem no IMDB) quantos episódios são ao todo.

Sim, a informação, oficial e não-oficial, na net sobre a série é quase nula, só para arranjar a imagem da capa foi o que foi. O site da RTP não tem rigorosamente nada fora o link da RTP-Memória. O site da Costa do Castelo Filmes, editora do DVD, é deficiente físico, os links não funcionam para lado nenhum! E na FNAC só está a imagem da capa e o preço...

A falta de profissionalismo desta terra é impressionante! Ainda há quem se admire de este país estar na crise que está, nem DVDs se editam como deve ser, francamente!!

Hoje não há links, não há quem o mereça! X(

08 outubro 2005

Anime com casa nova

Depois de andar a "massacrar" este blog com muito anime, resolvi mudá-lo de casa para um novo blog só para anime, o Anime-comic.

Portanto neste blog só farei posts sobre anime se achar muito pertinente e vou me concentrar noutros conteúdos televisivos.

http://anime-comic.blogspot.com

05 outubro 2005

Mudança radical

Ser director de programas, de canal público ou cabo, deve ser uma tarefa complicada. Há que conciliar diferentes interesses que muitas vezes não estão em sintonia: interesses pessoais, do canal de televisão, do público, dos distribuidores, etc. Portanto, apesar de não concordar com muitas das decisões dos directores de programas dos canais nacionais, não me acho no direito de dizer mal de nenhum deles.

Com isto tudo a saída de Manuel da Fonseca do cargo de director de programas da SIC e a ascenção de Francisco Penim dessa posição na SIC-Radical e SIC-Comédia para a SIC é, no mínimo, uma lufada de ar fresco. Nunca desgostei de Manuel da Fonseca, já o conhecia por escrever as famosas folhas da Cinemateca Portuguesa, antes da sua entrada na SIC, mas confesso que é capaz de Francisco Penim ser mais adequado e flexível para a função.

Manuel da Fonseca começou discreto e sóbrio, mas ultimamente andava a ceder um pouco demais aos diversos lobbies que devem rodear um director de programas, principalmente numa estação tão comercial como a SIC. Essa postura levou, e leva quase sempre, a uma "desorganização" e impresivibilidade da programação, o que, para o público, é exasperante pois assim não se consegue seguir fielmente programa algum, seja ele novela da Globo ou série de culto.

Francisco Penim tem feito um trabalho inteligente e com critério nos canais de cabo da SIC, não mudando de ideias a toda a hora e mantendo uma coerência tanto nos horários como na fidelidade às séries que tem exibido. Claro que o facto de serem canais de cabo facilita a fidelização pois os episódios são repetidos mais que uma vez ao longo da semana e os horários costumam ser BEM mais certos que os dos canais generalistas (onde a 2: ganha o prémio do mais pontual). A primeira medida de Penim na SIC, a de acabar premptóriamente com o, provávelmente, mais inútil programa de um canal português de televisão de sempre, o Shôdona Leide (não consigo respeitar o programa o suficiente para escrever o título como deve ser), foi, no mínimo, ousada e anti-conformista. Esperemos que este espírito se mantenha e torne a SIC numa televisão mais variada (culturalmente) e mais dinâmica, com maior respeito pela programação que exibe e rigor nos horários (não custa desejar que de algum lado venha o exemplo!).

FORÇA PENIM! A SIC É TUA!

www.sic.pt

26 setembro 2005

Episódio especial

Ando a falar por aqui muito de anime ultimamente, mas primeiro: gosto muito e, segundo: é impressionante a quantidade e variedade de anime que anda a passar nos canais portugueses, acho que andamos a viver tempos áureos.

Mas o que me levou a escrever aqui hoje foi um episódio de uma daquelas séries de anime que não chamam a atenção porque não são suficientemente mediáticas e porque o segmento de público delas ou é menor ou menosprezado.

Juntamente com A Rosa de Versailles, também estreou este mês no Panda um anime para raparigas, Ashita no Nadja (Nadia), do qual eu já tinha visto umas imagens em revistas da especialidade, mas que, apesar de o character design ser engraçado, não me despertou para mais nada. Como está a dar tenho acompanhado e tem me surpreendido bastante. A história, parecendo previsível à partida (romance, rapariga orfã à procura da mãe, século XIX) é bastante original e nada deprimente. Nadja é realmente uma orfã à procura da mãe mas, aqui começa a originalidade, junta-se a uma companhia de teatro de rua (saltimbancos) como bailarina. A história começa em Inglaterra no orfanato onde Nadja cresceu e vai percorrendo a Europa toda, mostrando as características locais com bastante cuidado (os episódios de Barcelona são lindos). Os componentes da comanhia são bastante exóticos só por si, e vão desde uma velhinha, muito velhinha, a Obaba, com um passado rico e algo misterioso até a um miúdo japonês que se diz samurai. Ainda há a clássica mascote que é uma das componentes que não pode faltar num anime para raparigas, neste caso são dois leõezinhos, Créme e Chocolat.

O episódio de hoje (o 26) foi, no mínimo, surpreendente. O grupo chega a Granada e, enquanto a companhia, com o calor, dorme a sesta, Nadja resolve passear nas ruas desertas da cidade. Mais ou menos por acaso encontra o seu par romântico na série, Francis. Os dois passeiam juntos e vão parar ao palácio do Alhambra. Enquanto que Nadja não pára de falar e pular animadamente, Francis apenas responde lacónico ou fala quando acha pertinente. O que se segue é um excelente e sublime trabalho de realização. A "câmera" usa lindamente o espaço para nos mostrar as diferentes personalidades, os corredores, os carramachões, as fontes, os jardins, os socalcos, os reflexos na água. Confirmamos a personalidade alegre e optimista de Nadja e percebemos que Francis tem um lado bastante soturno. Também percebemos que há uma relação muito forte entre ambos isto sempre sem recorrer a diálogos óbvios ou estratagemas simples.

O melhor vem no final quando, ao fim do dia já com muitas pessoas nas ruas, os dois se separam e Nadja percebe, ao ver o verdadeiro Francis, mais alegre, do outro lado da praça e que o Francis com quem passara o dia é o anti-herói da história o Rosa Negra. Os dois são iguaizinhos.

http://www.toei-anim.co.jp/tv/nadja/index.html (JP)
http://asahi.co.jp/nadja/ (JP)

PANDA
2ª - 6ª, 08:00, 12:00, 18:30
sáb. dom. 09:00, 12:00, 18:30

24 setembro 2005

Astro Boy


Graças aos meus gatos que me acordam, como um relógio, para lhes dar comida perto das 8h da manhã apercebi-me que está a dar um clássico de anime na TVI: Astro Boy.

Esta série não é a original, que é de 1963, mas sim uma comemorativa de 2003, ano em que, na série original, o robô Astro foi criado (7 de Abril de 2003).

A série original é mais que um clássico, é uma das primeiras séries de anime de sempre e grande percussora do género, principalmente na ficção-científica com robôs. Aliás, em 1963 a série ainda era a preto e branco, só mais tarde passou a ser a cores. Osamu Tezuka, o autor, é considerado o "pai" do anime, principalmente por causa desta série, de uma quase tão conhecida série Jungle Taitei (O Rei da selva) que inspirou o Rei Leão da Disney e também já passou por cá, e ainda uma terceira série Ribon no Kishi (A Princesa Cavaleiro). Para além de ser o responsável pela criação da indústria de anime e de ter criado o seu próprio estúdio (Mushi Productions), Tezuka também foi um prolífero autor de manga e também realizou pequenos filmes de animação de autor, alguns dos quais já tive o privilégio de ver em terras Lusas e em écran de cinema. Hoje em dia existe um parque temático, perto de Kyoto, o Tezuka World que, além de mostrar as diversas personagens criadas pelo autor ainda mostra a sua filosofia de vida.

Astro Boy, e muitas das histórias criadas e desenhadas por Tezuka reflectem muito claramente o Japão do pós-guerra em que a vontade de um futuro utópico, cheio de tecnologia de sonho entrava em conflito com as preocupações ecológicas que essa mesma tecnologia pode trazer e, claro, o devastamento que a energia atómica levou ao Japão. Daí o título original da série: Tetsuwan Atom (literalmente 'Braço forte Atom').

Antes sequer de ter consciência do que era anime ou manga, já sabia que o Sr. Tezuka existia, graças a uma colaboração e acção de divulgação que fez no Brasil, poucos anos antes de morrer (morreu em 1989) e que apareceu publicada nos livros de banda desenhada da Mônica de Maurício de Sousa.

A importância de esta série estar a passar numa televisão nacional é enorme, ainda mais porque a própria TVI já tinha passado um spin-off da mesma, criado por Frank Miller, Big Guy que também é excelente e que marca a enorme influência que determinadas séries de anime, que passaram nos anos 70/80 nos Estados Unidos, tiveram nos criadores de banda desenhada, animação e cinema (e não só). A série, infelizmente tem de ser dobrada, mas até aqui a situação não é dramática, uma vez que foi dobrada pelos estúdios da Somnorte, que já tinham dobrado antes com bastante qualidade Evangelion e cuja única falha (e não é grave) é por vezes o sotaque se notar demasiado. Não sou contra as pessoas do norte nem contra o seu sotaque, acho é que actores de voz deveriam ter um sotaque neutro e, caso necessário, usar sotaques. Mas eles vêm fazendo um excelente trabalho e melhorando a cada dobragem.

http://astroboy.jp/c/009/index.html (site oficial, JP)
http://www.tezuka.co.jp/ (site oficial de Osamu Tezuka, EN, JP)

TVI
sab. dom. 8h30

13 setembro 2005

Breakaway: Year 6

Quem me conheça há alguns aninhos há de estranhar ainda não ter falado aqui da minha série de televisão favorita, o Espaço:1999, no original Space:1999. Simplesmente esperei chegar o dia certo: 13 de Setembro de 1999, a data em que a Lua foi para o espaço.

O Espaço:1999 foi a série de televisão decisiva na minha vida, inspirou-me das mais diversas formas, desde o meu gosto por ficção científica até à opção de curso superior que tomei: o cinema.

Desde que vi a série da primeira vez e algumas das primeiras reposições houve uma pausa até revê-la, como deve ser, em DVD. O melhor desse novo visionamento da série foi perceber que a série, mesmo com o seu peculiar guarda-roupa, envelhecera bem e que se via com interesse redobrado pois a minha vivência no espaço de tempo que decorreu permitou-me vê-la com novos olhos e com bastante menos deslumbramento infantil.

O que deve ter ficado na memória da grande maioria das pessoas que viram a série, nos anos 70, foi a carismática e marcante extraterrestre Maya, interpretada por Catherine Schell. Mas a série teve duas "seasons" ou anos com produções bastantes diferentes e algumas alterações no cast. Os fãs hardcore da série, na grande maioria, só consideram a primeira season porque a segunda foi mais barata e muito mais kitsch, mas, de maneiras bastante diferentes gosto do mesmo modo das duas séries. A primeira tem argumentos muito bem construídos e histórias com muita profundidade e seriedade filosófica, um pouco invulgar para uma "mera" série de ficção-científica. A segunda, realmente é mais kitsch, mas todo o trabalho visual, a introdução do humor e algum romance um pouco exagerado deram-lhe um charme e leveza que acho que só enriqueceu a série no seu todo. E, claro, ADORO a Maya!

Até hoje me espanta a qualidade dos efeitos especiais, na grande maioria sem mácula, principalmente se formos a tomar em conta a época em que a série foi produzida (anos 70), o meio para que foi produzida (televisão) e um orçamento global bastante baixo. Era o tempo dos autodidatas, as artimanhas utilizadas eram equivalentes às dos primeiros filmes de Star Wars, os estúdios eram os famosos estúdios de Pinewood em Inglaterra (a série é de produção inglesa) e tinha o, tarde reconhecido, excelente actor actor Martin Landau como Commander Koenig.

A banda sonora é excelente, nos actores convidados aparecem pesos-pesados como Christopher Lee e Joan Collins (entre outros) e, na segunda season, o tipo dentro dos fatos de monstro não era nada menos que David Prowse, o homem que vestiu o fato de Darth Vader!

Muitos dos técnicos que trabalharam na série tiveram (ou têm carreiras) brilhantes em cinema e/ou televisão e a série foi marcante na abordagem da ficção científica actual. Mesmo os erros técnicos, no que toca a conceitos de física e astronomia não são frequentes e os que há acabam despercebidos entre as peripécias da ficção.

O título e a imagem que escolhi referem-se ao primeiro episódio em que o factor que despoleta a série acontece: a separação da Lua da órbita terrestre devido a uma explosão de lixo nuclear. Este ano comemora o sexto aniversário. Apesar de algumas incoerências cronológicas, a Lua passa a ser uma espécie de veículo à deriva no espaço encontrando outras formas de vida (na maioria humanóides) e procurando, os habitantes da Base Lunar Alpha, um novo planeta que possam habitar.

http://www.fanderson.org.uk/fanderson.html
(site do criador da série, Gerry Anderson)
http://space1999.net/
(excelente directoria e enciclopédia da série, inclui um site português)
http://space1999.net/~catacombs/main/pguide/vip.html
(guia da série em Portugal)

11 setembro 2005

Olho bicha para um gajo às direitas

Não resisti a fazer uma tradução livre do título da série original americana: "Queer Eye for a Straight Guy"! Do mesmo modo que tinha de ver, pelo menos, o programa de estreia até porque, por mais forçado que possa ser, é sempre radical no que toca aos nossos "costumes".

A princípio não me entusiasmei por duas razões:
1º: com tanta bicha LINDA que há por aí (que me fazem pensar "que desperdício"), foram escolher 5 gajos em que nenhum se aproveita, nem acho que se vistam assim tão bem.
2º: todos eles me pareceram extremamente forçados nas apresentações, não me convenceram.
Foi o ter visto alguns clips da série original e uma grande dose de curiosidade de ver como isso ia ser resolvido no nosso portuguesismo que me fez ver.

GOSTEI: deles, que estavam bem à vontade, com uma dose pequenina de lamechisse e bichisse Q.B. e da primeira vítima que se estava a lixar para o que eles fizessem, queria era agradar à mulher.
NÃO GOSTEI: do facto de terem arranjado uma primeira vítima demasiado fácil, metaleiro da pesada com um visual forte e marcante e uma casa aparentemente nova e com decoração zero (à base de móveis de pinho para satisfazer as necessidades básicas).

O metaleiro (nem sempre o hábito faz o monge) era do mais pacífico que há, protestou um bocado por causa do cabelo, mas deixou que lhe cortassem a trunfa com pouca persuasão e, no fim, olhava para o vaso onde estava enterrada a dita trunfa com um ar "cabelo cresce!". Não me admira que, daqui a 6 meses ainda não tenha visto tesoura e que a roupa nova continue nova!

Foi pena uma pessoa com um visual tão marcante passasse para completamente banal e não mantivesse nenhuma individualidade, independentemente de ficar bem ou mal nas roupas novas. Ninguém mencionou a profissão do metaleiro, mas não acredito que trabalhasse num balcão de um banco ou afins e nem que fosse esse tipo de emprego que procurava. Nem todas as pessoas precisam de "uniforme" para trabalhar e ceder a convenções sociais. Se tiver de o fazer perdendo a individualidade, está errado. Deviam ter arranjado um meio-termo, que se adequasse mais à pessoa alvo do programa.

A casa ficou bonitinha, mas também era práticamente uma casa em bruto onde tudo podia ser feito. Agora pergunto-me: a nova decoração tem algo a ver com quem a habita? NADA! Quanto às divisões normais a coisa ainda que escapou (mais ou menos), o quarto, desculpem lá, ficou quase igual, mas o sótão, o refúgio do dono da casa, que não tinha nada (só uma mesa e 4 cadeiras) bem que podia ter ficado mais engraçado. A única ligação que fizeram ao universo individual da vítima foi uma mesa de matraquilhos e uma das paredes ter sido pintada de amarelo com um motoqueiro a preto, numa Harley.

Quanto ao prato confeccionado pela vítima é daquelas coisas que eu faço quase de olhos fechados, nunca ninguém me ensinou e nunca li em lado nenhum, simplesmente usei o bom senso e a vontade de comer berigelas que adoro! E não tenho grande talento na cozinha, só cozinho porque não tenho grande alternativa.

Enfim, não é programa para fidelizar, por enquanto a SIC ainda consegue chamar a atenção para o programa, principalmente pela novidade, mas acredito que, não tarda nada, será enviado para um fim-de-semana à tarde, sem horário fixo.

http://esquadraog.sapo.pt/homepage.aspx

SIC
dom. 21h00

10 setembro 2005

Incongruências dos anime

Tenho andado a ver episódios de algumas séries de anime que tenho no meu PC (não é TV portuguesa, mas é TV na mesma) quando, ao ver um episódio de Chobits ainda agora, rebolei de tanto rir! Neste episódio, o 12, Hideki (o protagonista) consegue emprestado um leitor de DVD e logo de seguida dão-lhe uma demo de um jogo online. Depois de imenso trabalho para um inepto, como ele, em computadores pôr tudo a funcionar ele passa algumas noites a jogar, juntamente com o vizinho do lado, Shinbo e respectivos computadores, Chii e Sumomo (para uma melhor compreensão destes PCs o melhor é procurar sites sobre a série). O motivo que me fez rir tanto foram os ataques mágicos usados no jogo por Shinbo e Sumomo: "carbonara" e "chouriço" (também podia ser "chorizo")!

Para quem está habituado a ver anime de vez em quando esbarra com surrealismos destes, das duas uma: ou os japoneses acham que a palavra soa bem e introduzem-na na história sem mais preocupações ou sabem o significado e brincam com isso. Neste caso eu voto pela segunda hipótese, carbonara ainda vá lá, mas para chegarem a chouriço... Só sei que ainda me estou a rir :D


http://www.tbs.co.jp/chobits/ (site oficial, japonês)
http://dark-chii.net/ (site de fã, em inglês)

31 agosto 2005

Rosa de Versailles



Já resolvi, pelo menos parte, do meu dilema das revistas. Experimentei comprar a tal revista que vi publicitada (Zapping) e a primeira impressão é bastante boa: a começar pela capa que anuncia a 5ª série de CSI (que, se gundo o que li na Premiere, vai ter 2 episódios realizados por Quentin Tarantino), tem a programação da TV Cabo em pormenor (até tem a do Fashion TV), algumas, não demasiadas mas pertinentes, notícias e reportagens, e uma entrevistazita. Só tem um problemazito: não tem a programação dos 4 canais generalistas, mas tb são só 4 e posso sempre acompanhar a programação online.

Mas a verdadeira boa notícia, excelente notícia, foi ver anunciada a estreia de Versailles no Bara (Rosa de Versailles) ou Lady Oscar, como vai ser o título português, uma das mais clássicas séries de anime de sempre.

Não vale a pena ter ilusões, provocadas pelo ar antiquado (e é antiga, a série) e feminino, que a história é muitíssimo interessante, muito forte e pouco infantil.

A história acompanha o percurso da Rainha Maria Antonieta (a dita rosa de Versailles), desde a sua Áustria natal até à sua morte, pela guilhotina, na revolução francesa. Mas a protagonista não é ela, a protagonista é uma rapariga/mulher com nome de homem: Oscar François de Jarjayes, uma das 4 filhas de um general do Rei Luís XV que, farto de ter só raparigas resolveu dar-lhe um nome de homem e educá-la para o seguir na profissão e herdar os seus bens (naquela altura as mulheres não herdavam nada). Oscar é destinada à guarda pessoal de Maria Antonieta, quando ela vai para a corte francesa, e, ao longo do tempo, acaba por se tornar uma das poucas pessoas de confiança e honestas que a rodeiam. A vida de Oscar começa num idílio infantil de maria-rapaz, passa por dilemas de sexualidade provocados pelo modo de vida muito pouco convencional para a época, amores e desilusões, um grande amor, amadurecimento, política e morte.

Práticamente quase todas as personagens existiram na realidade exceptuando Oscar e algumas das pessoas que a rodeiam (André e Rosalie, por exemplo) até o pai dela, o general Jarjayes, acho que existiu. Para quem não sabe esta parte da história francesa, cheia de intrigas e romance, é uma boa maneira de aprender com uma ficção bem construída e sem grandes falhas históricas, que eu, que não sou especialista, tenha dado por isso.

Este anime é baseado numa extremamente popular manga dos anos 70 no Japão, criada por Ryoko Ikeda. A própria série também é dos anos 70 e também foi muito popular. Passou já há largos anos em França e em Itália, sendo muitíssimo popular em ambos estes países e teve, inclusive, uma adaptação para cinema, realizada por Jacques Demy e rodada em França. E, claro está, é um dos meus anime e manga preferidos.

O character design pode parecer algo familiar ao espectador de anime mais atento, é de Shingo Araki, o mesmo character designer dos Cavaleiros do Zodíaco.

Não consegui encontrar nenhum site oficial, nem mesmo em japonês, talvez porque a série ainda não foi editada em DVD e a produtora (Tokyo Movie Shinsha) faliu nos anos 80. Aqui ficam alguns sites de fans:
http://www.destinyofroses.org/oscar/
(site com notas sobre as falhas históricas na narrativa e não só)
http://www.interlog.com/~dgsimmns/RoV/RoV.html
(site bastante simples, mas com informação muito completa sobre a Rosa de Versailles)

Canal Panda
2ª a dom. 22h30

27 agosto 2005

Revistas de TV

Há muitos anos que sou (era) compradora fiel da TV Guia, mas decidi que finalmente ia largar o vício.

Durante bastante tempo (principalmente antes de haver concorrência) a TV Guia correspondia mais ou menos ao que deveria ser a revista guia de televisão para Portugal, mas nos últimos anos, principalmente depois da venda da TV Guia, a revista piorou tanto que deixou de ser uma revista de televisão para passar a ser uma revista de fofocas e cusquices.

Confesso que cusquices em doses moderadas, como não vou ao cabeleireiro, até que me dão algum gozo, mas dominarem uma revista, que tem uma ultilidade específica que por causa disso não é cumprida, é que não!

A meu ver, uma revista de televisão, principalmente com o nome "TV Guia" deve se concentrar, principalmente, em informar, com a maior precisão possível e com alguma antecedência a programação dos canais públicos (a TV Guia, agora sai às 2ªs com a programação a começar também às 2ªs, o que não dá jeito nenhum), cabo e satélite do país onde é editada. Já pude consultar algumas "TV Guides" de outros países e, em geral, são até mais gordas, mas as suas páginas, para além da programação, são preenchidas com artigos, críticas e reportagens sobre os programas a dar, filmes, séries, actores, profissionais de televisão e, em doses BEM mais pequenas, alguma cusquice ou até mesmo nenhuma cusquice. Um pouco mais parecidas com revistas como a Premiere.

O problema é que (basta olhar para uma banca de revistas, parecem feiras) em Portugal, ultimamente, para vender qualquer publicação com sequências agrupadas de palavras é preciso vir um brinde qualquer inútil e com volume ou então ter um escândalo menor na capa. A TV Guia que tinha escapado em parte a esse estigma começou, nesta nova vida privada, a viver de pequenos escândalos de protagonistas de reality shows e de intrigas arrancadas à força por fotógrafos plantados nas esquinas das ruas mais frequentadas pelas celebridades (?) do burgo. As notícias às vezes eram tão desinteressantes que se limitavam a ser fotos pouco nítidas ou de má qualidade de gente conhecida às compras no Chiado ou nas Amoreiras simplesmente porque passaram à frente do fotógrafo na dita esquina. Outra coisa sempre me irritou: um dos repórteres mais antigos da casa, um "suposto" especialista em coluna social, insiste, até hoje, em escrever Chanel (a famosa marca de roupa e alta-costura criada por Gabrielle "Coco" Chanel) com dois "N" -> Channel. Alguém lhe devia dizer (digo eu agora) que a senhora Coco Chanel (com um "N") era francesa e que channel em inglês quer dizer canal (talvez seja por escrever numa revista de TV), isto entre muitos outros erros similares.

Por mais que comprasse a TV Guia por vício ou por falta de coisa melhor com a programação de TV, finalmente fartei-me quando dei por mim a nem folhear como deve ser a revista e nem ler um único artigo, a única coisa que escapava eram mesmo as palavras cruzadas.

Mas agora preciso de uma alternativa. Os jornais estão fora de questão (papel a mais), já não existe um Se7e para nos alegrar a semana às 5ªs feiras, ver a programação na net é confuso e moroso (há sites de canais de TV que nem lembram ao menino Jesus) e as outras revistas de TV são iguais ou piores que a TV Guia. Resta-me tentar as revistas de TV Cabo e afins a ver se servem, vi publicitada uma no outro dia (mensal), mas aceito sugestões.

22 agosto 2005

Travessia no deserto

Afinal a travessia no deserto não tem sido tão seca como o país está. Principalmente os canais generalistas têm nos brindado com filmes importantes e de qualidade, que normalmente passam no Natal ou no outono. Ontem deu Hero, de Zhang Yimou, e Catch Me If You Can, de Steven Spielberg, na SIC, que já tinha passado Lord of the Rings - Two Towers e um filme excelente, com Gary Sinise, The Impostor.

Para além da SIC a RTP1 e a 2: continuam a passar bons filmes e a TVI, mais modestamente também tem passado algumas coisas de jeito. Nos canais de cabo tem havido o ciclo de filmes velhinhos de ficção-científica no Hollywood (The Incredible Shrinking Man, Tarantula), que infelizmente perdi, ontem, se não me engano no AXN, estava a dar o excelente e mítico The Blues Brothers e até mesmo a SIC-Mulher tem passado mais que lamechadas dramáticas francesas, há pouco passou Anna and the King, versão original e musical com Deborah Kerr e Yul Brynner.

Pelo menos os filmes são bem tratados, ao contrário das fabulosas séries de culto que felizmente têm passado nas nossas TVs, não fossem os intervalos gigantes da SIC e cortarem os genéricos finais (Hero, talvez por ser chinês, nem sobreviveram os nomes dos protagonistas) tudo seria perfeito.

Mesmo assim não deixam de passar as secas de TODOS os verões como Fim de semana com o morto, American Pie (que é bom, mas já cansa de tanto passar) e outros filmes baratuchos que vêm no pacote com os filmes de primeira qualidade.

Boas previsões são:
RTP1
Amadeus (sábado, 27/08)
Chicago (domingo, 28/08)

Hollywood
Rollerball, o original com James Caan (3ª, 23/08)
Misery e Eyes Wide Shut (4ª, 24/08)
Futureworld, com Blythe Danner, mãe de Gwyneth Paltrow, e o clássico Raging Bull (5ª, 25/08)
Merry Christmas Mr. Lawrence (6ª, 26/08)
Drácula, com Donald Pleasance e Laurence Olivier (sábado, 27/08)
O último Imperador e American Grafitti (domingo, 28/08)

Há mais, mas não dá para andar a esmifrar programação de filmes nos sites portugueses, ou são lentos ou não estão actualizados...

http://www.imdb.com

15 agosto 2005

Nova Gallactica

Depois de ter revisto parte dos episódios da primeira série da Battlestar Gallactica, fartei-me e cheguei à confirmação de que só via a série nos anos 80 porque não havia mais nada e tudo o que vinha à rede era peixe. A série antiga, dos anos 80, é a maior seca não tem personagens interessantes e a intriga é demasiado moralista, demasiado 'preto no branco' e cheíssima de incoerências tanto dentro do próprio universo, como na suposta relação com a nossa realidade actual.

Mas... mais uma vez um dos melhores produtos televisivos da actualidade foi maltratado e "empurrado" para uma tarde de feriado, na falta de conteúdo para uma tarde de semana habitualmente preenchida com horas seguidas de novelas. Falo do filme/episódio piloto da nova série Battlestar Gallactica, da qual já tinha ouvido imenso falar e visto os primeiros minutinhos em casa de um amigo que o tirou da net.

Eu estava bastante céptica, principalmente depois do baque, maior do que o esperado, ao rever a série antiga, não tinha a mínima vontade de ver. Mas, como estava em casa a fugir do calorão, aproveitei o "preenchimento" da tarde deste feriado na SIC para ver o filme de que tanto já ouvira falar.

A história, intriga, personagens e universo com que me deparei não têm comparação com a pirosada da série original fora as pequenas homenagens (a música da série original num evento oficial, as cartas de jogar e as placas metálicas ao pescoço de Starbuck hexagonais, entre outros) que de vez em quando pontuavam o filme.

Os Cylons já não são, como diz Baltar "torradeiras cromadas ambulantes" e sim androides quase humanos à semelhança dos replicants em Blade Runner. Ainda existem robôs mas a sua estética é mais interessante que a anterior, mantêm o olho ciclópico vermelho de um lado para o outro (convenhamos que era engraçado) mas nas mãos têm garras e parecem menos um tipo qualquer dentro de uma armadura cromada e mais uma máquina de guerra.

Starbuck e Boomer, desta vez, são mulheres. Starbuck mantém o temperamento rufia simpática mas com bastante mais densidade emocional e Boomer, aparentemente é uma espiã Cylon sem o saber (ainda). A relação entre o Comandante Adama e Apolo (Apolo, Starbuck e Boomer não são os nomes próprios deles mas sim cognomes de uso militar) não é aquela coisa melosa e simpática, sem conflitos que víamos na outra série, mas sim uma relação conflituosa principalmente devido à morte prematura do irmão de Apolo, que culpa o pai. Não há cãezinhos cibernéticos, para nosso enorme alívio!!!

Grande parte da intriga vive de conflitos tanto de poder militar como político e não há misticismo exacerbado na procura da Terra Santa (ufa!). Aliás a suposta Terra Santa não existe, ninguém acredita verdadeiramente nela, é simplesmente uma manobra emocional que o Comandante usa para que os populares não entrem em pânico e colaborem na fuga.

O vilão, Baltar, não é verdadeiramente um vilão, mas sim um homem inteligente cheio de dúvidas éticas e os Cylons são extremamente sedutores e têm uma grande curiosidade sobre nós humanos, apesar de não hesitarem quando chega a hora do massacre.

Ninguém é invencível e ninguém é estanque, demasiado bonzinho ou demasiado mau. São boas personagens com grande potencial para evoluir.

Pena que o filme acaba num cliff hanger, portanto era bom que isto fosse um prelúdio para a transmissão da série, de preferência na SIC-Radical onde os horários são respeitados e cada episódio é transmitido mais que uma vez por semana, dando a oportunidade a quem gosta de não perder pitada.

http://www.scifi.com/battlestar/

03 agosto 2005

Euforia seguida de desilusão

Nesta travessia do deserto que é a televisão no verão, soube hoje que vai haver uma adaptação ao cinema de uma das minhas séries perferidas de telvisão, quando era pré-alfabetizada, o Carrocel mágico. Mal fui investigar um pouco sobre o dito filme, desiludi-me logo:

1. é em 3D, logo perde todo o charme das marionetes da série
2. tem um vilão, o que tira aquele ar idílico e psicadélico da série cujas narrativas não eram moralistas à americana
3. a Anita é completamente diferente e tem um design mais realista, o que lhe tira TODA a graça
4. a vaca nem sempre tem a flor na boca, fica sem o ar psicadélico "anos 60"

Permanece uma dúvida: será que vão manter os nomes originais dos anos 70? Ou vão "traduzi-los" o que tornará a Anita em Florença coisa parecida?
Com isto tudo, acho que o entusiasmo que tal filme me poderia despertar morre à partida e ficam as excelentes memórias que, uma das séries mais engraçadas de TV para miúdos pequenos dos anos 70, me deixou.
Sim porque nem o café, em frente à minha casa, que se chamava Saltitão, sobreviveu e, há uns 6 ou 7 anos sofreu uma remodelação, para os alumínios de sempre, e nem o boneco do Saltitão, que estava lá dentro sobreviveu.

www.magicroundabout.com

17 julho 2005

Golden Globe Awards

Vi, pela primeira vez, a transmissão dos Golden Globe Awards na RTP1 e fiquei com uma agradável sensação de simpatia pela cerimónia.

Ao contrário dos Oscars, que dividem as cetegorias por função/profissão dentro de uma equipa técnica e artística de um filme, os Golden Globes dividem as suas categorias por géneros e não fazem distinção entre televisão, telefilmes ou cinema, o que hoje-em-dia é pertinente.

Quanto à cerimónia em si, é bem mais simpática que os Oscars. É mais intimista, pois a sala é mais pequena e dá a sensação que as únicas pessoas que estão a assistir são os nomeados nas diversas cetegorias e que não há, para além da ocasional esposa, marido ou mãe, uma grande quantidade de anónimos. Outro aspecto simpático é os convidados estarem sentados em mesas redondas e não em cadeiras em filas. Dá um ar de quem está ali para se divertir um pouco e não só para apanhar uma seca de não-sei-quantas horas a ver os outros a ser galardoados. Mais ainda: os discursos não têm limite de tempo o que nos permitiu, na cerimónia a que assisti, ver Robin Williams no seu melhor, que é o improviso, durante quase 10 minutos! Também não há números musicais ou afins pelo meio, que antigamente eram o forte dos Oscars, mas que entretanto perderam a graça, a cerimónia decorre a um ritmo mais fluido, sem secas.

Para além disso, as vestimentas, principalmente das mulheres, têm a tendência de continuar a ser glamourosas (como manda o figurino) mas um pouco menos formais e barrocas que nos Oscars.

Acho que, em termos de cerimónias de entrega de prémios os Golden Globe Awards venceram!

http://www.hfpa.org/

14 julho 2005

História da minha TV


Era uma vez, nos anos 60, uma televisão SONY, portátil, que vivia numa loja algures no Oriente. Um belo dia, um engenheiro português, em viagem de trabalho, achou-lhe graça. Como não tinha televisão comprou-a, pois era fácil de transportar no avião.

Essa televisão foi a única televisão existente no meu dia-a-dia durante os meus primeiros 10-11 anos de vida. É a preto e branco (ainda nem se sonhava com TV a cores) e só sintoniza a banda de VHF, o que queria dizer que só se podia ver a RTP1, a RTP2 era na banda UHF. O aparelho tem cerca de 30x20x35cm. O botão grande serve para buscar os canais onde eu e o meu irmão buscávamos incessantemente, sempre na esperança de vermos a RTP2, mesmo que em fantasma, esperança essa em vão, não havia hipótese! O interruptor é igual a um interruptor da luz, ao lado do grande, e os outros botões eram o contraste, brilho, etc. Todo o design é similar ao design de um rádio portátil, a antena, o pézinho, a asa...

Os nossos amigos, vizinhos e alguns familiares surpreendiam-se sempre com o tamanho diminuto da nossa TV e perguntavam-nos como conseguiamos ler as legendas. "Uma questão de hábito", respondíamos Uma certa altura partiu-se a pontinha da antena, semelhante a uma antena de rádio, mas ela continuou a funcionar lindamente. Mais tarde fundiu-se um fusível, mas foi substituído e ela ainda funciona!

Esta foi provávelmente uma das primeiras TV's portáteis e da SONY em Portugal e está guardadinha para um dia eu a herdar (está prometida!).

Há uns 4 ou 5 anos encontrei esta foto na net, modelo igualzinho à minha TV, com a pequena diferença que a minha tem o painel da frente preto e não branco. Deixei ficar o nome do autor da foto na imagem, afinal não fui eu quem a tirou. Mais ou menos por acaso veio-me há poucos dias à cabeça que tinha cá essa foto, nada mais adequado para um blog chamado TV-Child, portanto a minha foto está oficialmente mudada!

11 julho 2005

Cinefilia no feminino

Como cinéfila que sou adorei na emissão desta semana do Saia Justa ver e ouvir as meninas falar de frases famosas de filmes. O que mais me encantou foi ver que a escolha tanto de frases como de filmes foi inteligente e pouco agarrada a clichés. Márcia Tiburi escolheu "O Gatopardo" de Visconti, Mônica Waldvogel escolheu "Some Like It Hot" de Billy Wilder, Luana Piovani escolheu [ups, sinceramente não me lembro] e Betty Lago escolheu "Exterminador Implacável II". O resto das "lines" que passaram, foram baseadas numa escolha/eleição das melhores "lines" de sempre do cinema feita por um organismo em Hollywood, e passaram algumas das minhas preferidas como "Frankly, my dear, I don't give a damn!" de Rhett Butler a Scarlett O'Hara em "Gone With the Wind".

A escolha das meninas e alguns dos outros filmes de que falaram (Alien, Blade Runner) apresenta uma excelente lição a quem faz as escolhas de programação para o canal SIC-Mulher, onde só passam filmes lamechas, programas chatinhos ou melosos e se vêm poucos cérebros a funcionar. As mulheres não vivem num universo cor-de-rosa em que as únicas preocupações para além das óbvias (não vou dizer) são questões sociais ou afins. Nós também gostamos de divertimento fútil, de piadas idiotas, de "ajavardar" e de coisas ditas mais masculinas como filmes de acção e ficção-científica. Não há uma televisão "mais feminina" ou "mais masculina" o que queremos é opção de escolha e, sinceramente, haver necessidade de um canal chamado SIC-Mulher é tão deprimente com haver necessidade de haver um dia da mulher...

http://globosat.globo.com/gnt/

GNT
5ª, 16:30
2ª, 13:30

Ad? Aid? Eight?

Tenho pouco a dizer sobre a emissão do Live Eight (8), vi muito pouquinho. A emissão foi confusa e pouco publicitada. O que me apercebi foi que, ao longo do dia, ia saltitar de canal em canal, começando na RTP1 (parte que vi) transitando depois entre a 2: e a RTP-N.

A coroa de glória da nossa emissão do Live Eight foi a dificuldade de Margarida Pinto Correia em pronunciar as palavras "aid" [eid] e "eight" [eit] em inglês, pronunciando em vez disso, respectivamente, "ad" [ad] e "aid" [eid]. Talvez tivesse sido boa ideia ensaiar um pouquinho de véspera, porque "Live Ad"(?) que eu saiba não faz parte dos planos de Bob Geldof e "Live Aid" já lá vai há 20 anos.

Apesar de detestar Elton John percebi, pela emissão do seu concerto, que a emissão não foi integral, sendo a escolha dos segmentos a mostrar, única e exclusivamente feita pela produção ou apresentadores portugueses, o que, a meu ver é pena. Mas como os dinheiros de edição em DVD irão na mesma para a causa da fome em África, eu perdoo.

Foi com prazer e alguma nostalgia que vi o concerto dos Duran Duran, banda que me marcou e marcou a minha geração, principalmente porque não pude ver o recente concerto que deram em Lisboa. Estão em boa forma e recomendam-se!

Só espero ter possibilidade de ver pelo menos parte dos concertos das outras bandas de que gosto e que participaram.

27 junho 2005

Salitre


Na semana passada fui assistir, na Cinemateca, à ante-estreia do filme de uma ex-colega e amiga. Desta vez não acompanhei a evolução do projecto (mas estava por perto) mas tinha bastante curiosidade em ver o resultado.

Salitre é uma curta-metragem, bastante concisa, com um tema claro, muito bem exposto e com alguma ironia. Não vou contar a história senão estraga! No todo gostei bastante do filme, era bastante equilibrado, com boa fotografia, muito bom casting, bom guarda-roupa, adereços, etc. e boa banda-sonora. Como é um filme com poucos diálogos ainda tem a vantagem de ser acessível a todas as línguas sem grande necessidade de tradução. A linguagem verbal é substituída pela linguagem do cinema.

A razão porque falo aqui deste filme é simples: zanguei-me com o cinema português há bastantes anos (era uma defensora fervorosa) e tenho acompanhado pouco as longas-metragens que têm sido feitas. Pelo contrário as curtas-metragens, nem que seja porque tenho alguma ligação pessoal com alguém que fez o filme ou simplesmente porque passam em double feature (sessão dupla) tenho acompanhado com alguma assiduidade.

Mas não é só por isso. Gosto do formato das curtas metragens (do mesmo modo que gosto muito de ler contos), quem as concebe tem de transmitir as suas ideias de uma forma mais directa, clara e concisa o que muda o modo como a narrativa é exposta, faz com que a linguagem cinematográfica, do espaço-tempo, imagem e som, se sobreponha à, por vezes demasiado presente, linguagem verbal. As curtas portuguesas que tenho visto nos últimos anos têm me satisfeito bastante, identifico-me com elas e acho que são um produto acessível e comerciável. Todas elas mereciam ter maior exposição ao grande público do que a que tiveram, todas elas mereciam passar na televisão e não ficarem reduzidas a festivais como o de Vila do Conde.

Este filme foi co-produzido pela RTP, só espero é que esse seja um factor que sirva para que o filme não só passe no programa Onda Curta, mas também que seja vendido a outras televisões como o Canal Hollywood que, entre as longas, passa curtas-metragens, em geral europeias, mas nunca vi nenhuma portuguesa.

Felizmente que sairam DVDs com compilações de algumas das curtas portuguesas, produzidas há alguns anos e que valem a pena comprar, se não me engano nem eram muito caros.

Falta de tempo para haver sumo

Tal como concursos, não sou muito fã de talk-shows. Para mim ficará para sempre no coração o formato americano na versão Arsenio Hall, que foi o talk-show que me pôs a ver talk-shows. [wou-wou-wuou!] Também vejo muito de vez em quando Late Night With Conan O'Brien ou o Jay Leno, mas nada que se compare ao Arsenio Hall!

Por isso mesmo o sucesso do programa da igualmente famosérrima Oprah Winfrey passa-me totalmente ao lado. Lembrei-me no outro dia de um dos poucos programas a que assisti do princípio ao fim (talvez o único em que aguentei). O tema era, se não me engano, o recente filme com Richard Gere e Jennifer Lopez, Shall We Dance?. Tratando-se de um remake de um mega-sucesso recente japonês é factor decisivo para me dar alergia e urticária se porventura pusesse os pés no cinema para ver o mesmo, só talvez o facto de conhecer os convidados (parece que de vez em quando o programa se dedica a anónimos) me fez ficar a ver.

A própria Oprah é simpática, acessível, parece a vizinha do lado, cheia de conselhos e ombro amigo a dar... Mas o pior é mesmo o formato!

Começa o programa [os diálogos que transcrevi livremente são apenas da Oprah]:
"Boa noite, sou a Oprah, bem-vindos, etc., etc... (...) hoje vamos ter como convidados Jennifer Lopez e Richard Gere, apresentando o seu novo filme!"

INTERVALO
"Então um aplauso para a nossa convidada de hoje: Jennifer Lopez! (...) Olá Jennifer! Estás muito elegante! O cão, o gato, o piriquito, estão todos bem?"
Jennifer cumprimenta de volta e responde.
"Como foi fazer o filme?"
Jennifer começa a responder com frases feitas.
"Agora vamos interromper, voltamos já"
INTERVALO
"Agora um aplauso para o nosso outro convidado! Richard Gere! (...) Olá Richard, bem-vindo de volta ao programa, o cão, o gato, o piriquito, estão todos bem?"
Richard cumprimenta, faz uma pausa entre os gritinhos histéricos da plateia 100% feminina, e responde.
"Então foi bom dançar com a Jennifer no filme?"
Richard responde com frases feitas (gritinhos histéricos da plateia, cada vez que abre a boca).
"Vamos fazer mais um pequeno intervalo, voltamos já!"
INTERVALO
"Olá, estamos com Jennifer Lopez e Richard Gere que nos trouxeram um excerto do filme em que contracenam (...)"
Vemos um excerto do filme.
"Não saiam dos seus lugares voltamos já com Richard Gere e Jennifer Lopez."
INTERVALO
"Olá, estivemos com Jennifer Lopez e Richard Gere, que nos trouxeram o seu último filme, Shall We Dance? (...) Tive muito gosto em estar convosco aqui, cumprimentos lá em casa!"
Richard e Jennifer saem sorrindo e acenando para a plateia.
"Boa noite, até amanhã!"
Fim do programa.

Espremido, espremido... com tanto intervalo e repetição de cumprimentos e frases feitas só ficámos a saber que Richard Gere e Jennifer Lopez contracenam e dançam juntos num filme chamado Shall We Dance?, que são ambos amigos íntimos [?] de Oprah Winfrey e que o público do programa é um rebanho de mulheres (com ar de dona-de-casa americana) histéricas.

O que nos safa, no meio disto tudo, é que os intervalos comerciais da SIC-Mulher são menos e menores que os americanos e não temos de aturar 10 minutos de publicidade entre tão pouco programa como nas novelas em horário nobre na casa-mãe da SIC.

Deve ser programa para americano ver... alguém me consegue explicar a razão para tanto sucesso? Eu nem quero experimentar em ver mais que segundos daqueles episódios com temáticas lamechas! Acho que tinha de ter um alguidar para amparar o vómito e me tinham de levar para o hospital desidratada!

http://www2.oprah.com/index.jhtml

SIC-Mulher
2ª-6ª, 08:00, 14:00, 19:00, 00:00
sáb., 13:30, 20:00
dom., 10:00

13 junho 2005

Dois comunistas e um poeta

Ultimamente, quando morre alguém famoso, parece que não querem ir sózinhos...

Vasco Gonçalves foi uma pessoa que, tal foi o seu protagonismo na vida pública no pós-25 de Abril, marcou muito a criança que eu era. Tinha dele uma imagem de um homem alto, duro mas ao mesmo tempo simpático e acessível. Tive o privilégio de me cruzar com ele nessa época e de ter um desenho meu autografado por ele.

Álvaro Cunhal marcou muito mais gente ainda, foi uma grande figura da política nacional quando ainda havia distinções claras entre correntes políticas e tudo era muito preto no branco (tal como as suas sobrancelhas). Retirou-se quando as sobrancelhas já estavam grisalhas mas nunca deixou de ser um homem extremamente inteligente e amante das artes. É notável que tenha produzido tanto em condições tão precárias como as que teve quando esteve preso.

O poeta foi Eugénio de Andrade, também merece a minha homenagem apesar do pouco conhecimento que tenho da sua obra (sim, sou uma desnaturada, mesmo!). Mas, apesar de ser sempre triste a morte de um artista, dos artistas fica sempre o que eles têm de melhor: a sua obra e essa fica para sempre na memória de quem gosta dela. Deixo aqui um poema dele que me mandaram recentemente por mail:

O Sorriso

Creio que foi o sorriso,
o sorriso foi quem abriu a porta
Era um sorriso com muita luz
lá dentro, apetecia
entrar nele, tirar a roupa, ficar
nu dentro daquele sorriso
correr, navegar, morrer naquele sorriso.

Eugénio de Andrade
in O Outro Nome Da Terra

Felizmente que destes três ficaram muitas memórias tanto em registo (televisivo, livros, edições, etc.) como nas pessoas que de alguma forma foram tocadas por eles. A mim dá-me sempre imenso gozo em ver as imagens dos anos 70, em que todos eram amigos e de ver essas personalidades com um ar empenhado a seguir as suas convicções e os seus sonhos.

12 junho 2005

Complexo de culpa

Talvez por causa do comportamento vergonhoso que a RTP1 tem tido com a excelente série Lost, tentaram se redimir este domingo à tarde com uma espécie de "resumo alargado" da série até agora. De qualquer modo isso não desculpa as constantes mudanças de horário, juntar episódios, passar episódios extra em feriados, usar a série como tapa-buracos e tirar os importantes pré-genéricos que, neste caso, não são um resumo do episódio anterior e tudo sem ser anunciado! E, pior ainda, não passaram a seguir nenhum episódio! Alguém devia denunciar a RTP à Disney, que é a distribuidora da série! (concordo a 100% com o que Criswell, na revista Premiere, escreveu este mês - Junho 2005 - acerca da exibição de Lost na RTP1).

Se há qualidade nesta série uma delas é a construcção da narrativa em série, isto é, a acção passa-se ao mesmo tempo, mas como é impossível de mostrar tudo em televisão, onde o lado interactivo não existe, as mesmas situações são repetidas sob o ponto de vista das diversas personagens integrantes da história. Por exemplo, o prórpio acidente de avião e os acontecimentos que o antecederam são repetidos variadíssimas vezes, em diversos episódios, conforme o foco está sobre a personagem de Jack, Charlie ou Claire ou outra, isto possiblita-nos ver a mesma situação sob os diversos pontos de vista e contar a história como se de um puzzle se tratasse.

Ora, com resumos alargados, a RTP1 não se redime de forma alguma, pois está a contar a história de uma forma mais linear e, pior ainda, com uma narração por cima o que tira todo o suspanse e mistério à série. Apenas estragam um excelente trabalho que ainda por cima já está feito.

O melhor que tinham a fazer seria repor a série, desta vez BEM anunciada e sem alterações de horário. Já agora: reponham na 2: e à noite, que é um horário bem mais apropriado para uma série onde morrem pessoas, se mostra o lado mais negro do ser humano e onde há sangue, bastante sangue, apesar do cenário paradisíaco de uma ilha tropical...


RTP1
algures num domingo à tarde (ou outro horário, quem sabe?)

10 junho 2005

Carolina e os homens

Carolina e os homens é o título de um telefilme português pertencente a uma série (Amores Desamores) de contos de Mário de Carvalho adaptados para a RTP1.

Por razões que não interessam aqui, tive acesso ao argumento desta história e, quando vi que ia dar, tive a reacção de sempre quando tenho algum conhecimento de "dentro" de uma obra a passar ao público: um misto de curiosidade em ver o resultado final e de orgulho por ter tido a possibilidade de acompanhar parte do processo criativo.

Os argumentos para cinema e televisão são objectos pragmáticos, com uma escrita objectiva, são ferramentas de trabalho acima de tudo. Portanto o espaço deixado à imaginação do leitor é o espaço deixado à criatividade de quem produz e realiza o dito argumento.
Ao ler o argumento original, sempre pensei que a história tinha um bom potencial televisivo pois sempre a encarei como uma espécie de comédia negra em que a Carolina do título é uma psicopata no que diz respeito às suas relações amorosas e o Vicente, seu amante/namorado é um tipo numa crise de meia-idade com uma grande falta de iniciativa. Pena foi a realização mais-ou-menos com um forte aroma àquele cinema português de que toda a gente diz mal...

Houve algumas alterações ao argumento que li, infelizmente uma estrutura narrativa menos linear não foi mantida e confesso que aqui sou parcial: se me derem a escolher eu vou sempre para o não-linear, que faz com que o espectador faça uma ginástica mental maior, mas que também enriquece a narrativa. Também não vi a necessidade de mostrar a parte onde Vicente conhece Carolina. Basta ler um manual de escrita de argumento ou realização para ler que se deve começar a acção sempre o mais tarde possível. Mas estas alterações não são graves, eu é que preferia a história como a li.

Os actores foram muito bem escolhidos: Virgílio Castelo é um óptimo actor e tem uma excelente ginástica e presença televisiva. A rapariga, Anabela Moreira, surpreendeu-me pela positiva, tem boa presença e não foi excessiva, como muitas vezes acontece com jovens actrizes, muito bonitinhas e a iniciar carreira.

O que gostei menos foi mesmo a realização e a banda sonora muito pouco interessante. A realização é sem graça, com algumas, tímidas, tentativas para ser mais moderna mas que não funcionaram. Há demasiadas pausas silênciosas, daquelas mesmo à "cinema português", e as cenas de ligação são demasiado extensas e pouco dinâmicas. Não houve aposta no lado de comédia (negra), o que poderia ter enriquecido imensamente o filme.
A banda sonora se, em vez das pianadas melancólicas à "cinema português", tivesse apostado em Jazz e músicas mais mexidas tinha ajudado, e bastante, a enriquecer o filme e a dar o tal tom de comédia negra, foi pena.

Mais uma nota em relação ao guarda-roupa: foi também pena que uma rapariga tão bonita como é a Anabela Moreira ter sido vestida com uma roupa tão sem graça, só a lingerie escapou, essa sim era sexy-sweet1, o que ficava a matar à personagem! Nas roupas de exteriores deviam ter apostado num visual mais moderno e não numas roupinhas que pareciam saidinhas directamente do mais triste que se fez nos anos 80... ficariam fantásticas umas saias rodadas, tipo Prada, como se usam agora, e umas blusinhas diáfanas. Serviam a personagem que ficava sexy e moderna mas muito feminina e doce. Em relação à personagem de Virgílio Castelo: não percebi o shopping spree2 que ele fez, a única justificação é a de um product placement3. Afinal no "antes" e no "depois" a diferença era pouca ou quase nenhuma.

PS - afinal não foi desta, Júlio Carp.

http://195.245.179.232/EPG/tv/epg-janela.php?p_id=18936&e_id=3&c_id=1

Amores Desamores
RTP1
5ª, 23:30


1. sexy e doce
2. ida às compras
3. colocação de produtos em écran com fins de publicidade
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