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26 julho 2010

Projecto Moda: o início

Lá vi o primeiro programa do Projecto Moda (Project Runway, versão tuga) e a primeira pergunta que me vem à cabeça é: "Porque mexeram no que estava bem?"

A grande vantagem de se adaptar formatos televisivos é parecida com um franchise: a decoração da loja e método de comercialização vêm pré-formatados e são apenas ajustados às características locais. Sendo assim, as constantes de Project Runway são:
- a imagem gráfica (logótipo, cores, etc.) - PM: check!

- a apresentadora top model - PM: check! (não havia muito mais hipóteses em Portugal)
- o assistente mentor - PM: check!
- o júri constituído por três fixos, um estilista, uma directora de revista e a apresentadora e um convidado - PM: nem sim, nem não
- 14 concorrentes com diversas formações mas com experiência - PM: fail
- banda-sonora fixa - PM: check!
- patrocínio de hotel - PM: não percebi
- trabalho executado nas instalações de uma escola de moda e/ou estilismo - PM: FAIL
- patrocínios de qualidade (tecidos, acessórios, cabelos, maquilhagem) - PM: FAIL
- realização, trabalho de câmara e montagem formatadas/pré-definidas - PM: FAIL!
- apresentação de uma mini-colecção de 12/13 peças num grande evento de moda e um prémio avultado em dinheiro para iniciarem uma colecção própria - PM: FAIL

Vou trocar por miúdos:
A imagem gráfica está praticamente igual, as cores predominantes são o azul, o preto e o branco, só não gostei do protagonismo exagerado dado à Modalfa, que não tinha rigorosamente nada que ter o logótipo pespegado na passerelle.

Certo, Nayma estava visivelmente desconfortável e nervosa, debitou texto como um autómato e teve pouquíssimo protagonismo. Espero que com o decorrer dos programas a apresentação melhore, mas começou muitíssimo mal o que demonstra que não houve ensaios suficientes ou o casting foi mal feito.

Paulo Gomes cumpre bem o seu papel, não é um Tim Gunn, mas também não estava à espera disso.

O Júri. Aqui é que começa a "criatividade" tuga... No geral gostei das escolhas, Manuel Alves é um excelente estilista, diria até dos melhores de Portugal, e é um bom comunicador sem ser paternalista, é isso que se quer num júri deste programa. Pena ser apresentado como professor e não como o grande estilista que é! Fátima Cotta, directora da ELLE Portugal, é uma escolha óbvia e lógica e ainda por cima parece cumprir bem o papel televisivo, gostei. Cristina Pinho não percebo bem de onde vem... no Project Runway original os júris fixos são o estilista (Michael Kors) a directora de revista (Nina Garcia) e a apresentadora (Heidi Klum). Porque é que Nayma não opina? Não dá para ser lido no teleponto? Será por isso que foram buscar mais uma pessoa?

Será que quiseram economizar e por isso tiraram 4 concorrentes da lista? Já agora, porque não mostraram imagens dos castings? Para já é cedo para opinar acerca dos concorrentes, mas no primeiro programa estiveram longe de ser brilhantes, qualquer um deles. E as coisas que dizem... será que foram escolhidos não pelas suas qualidades como designers mas sim pelo potencial de escândalo? Não é assim tanto... Um dos meus Project Runway preferidos, a série 4, não teve escandaleira nenhuma e tinha o melhor grupo de criativos. Acho que isto é significativo.

A banda-sonora é um pouco irritante, mas é a original e serve para dar aquele tom de concurso ao programa. Está igual, muito bem. Mas cuidado ao utilizá-la em cima das pessoas a falar! A língua portuguesa é mais fechada que a inglesa...

Não percebi em que hotel ficam os concorrentes, não os mostraram nos quartos e filmá-los a conhecerem-se no átrio de um hotel é uma péssima aposta em termos técnicos, não se percebia nada do que diziam por causa do eco que um espaço daqueles tem.

Se os concorrentes estão numas instalações existentes... parece um estúdio. Um programa destes seria uma excelente oportunidade de promover o ensino do design de moda e, já que já lá está Manuel Alves, que antes de ser professor de design de moda é estilista (e dos bons!), porque não promover o curso de Design de Moda da Faculdade de Arquitectura de Lisboa desta forma? Promover o ensino é sempre positivo.

Os patrocínios, aqui realmente é feito à escala miserável e pouco ambiciosa nacional.
Os tecidos: a marca que patrocina o programa é tão conhecida que nem sequer me lembro do nome (compro tecidos há mais de 30 anos) [nota: revi o programa online, a marca chama-se Riopele]. Porque é que os tecidos foram escolhidos pelo programa? Por mais que eu goste de pied'poule e tenha ficado chocada com a "falta de identificação" da concorrente que ficou com o tecido, não é o tecido mais apropriado para um vestido de noite para uma tia 'spé' clássica! Claro que eu já imaginava qualquer coisa tipo Alexander McQueen, mas apesar da maioria dos concorrentes o apresentarem com a sua maior inspiração, parece que só ouviram falar dele pela primeira vez quando se suicidou. E de resto, um primeiro desafio em preto e branco é PÉSSIMA ideia já que são as cores (não-cores) mais difíceis de filmar! O branco fica queimado e no preto não se vêm pormenores nenhuns.
Os acessórios: francamente, Modalfa??? Nem digo mais...
Os cabelos: OK, Franck Provost chegou a Portugal há pouco anunciando-se como um grande cabeleireiro com excelentes produtos, mas não é uma L'Óreal Paris (que também se comercializa por cá há muitos anos).
A maquilhagem: não me chateia a Maybelline, tem uma boa variedade de produtos e é uma multinacional bem conhecida. Mas, ao ver os maquilhadores em acção, pareceu-me que a M.A.C tem melhores profissionais e os produtos estão acima da Maybelline. Mas é uma escolha como outra qualquer.

Na realização, câmara e montagem é que o programa se espalhou ao comprido. Não foram nada generosos com Nayma, que já estava a fazer um trabalho pouco interessante. Deram-lhe pouco protagonismo, filmaram todas as suas hesitações e pausas desconfortáveis, em suma: não a apoiaram. No decorrer do desafio não filmaram os concorrentes como no original. Quem vê o Project Runway há 6 séries há de reparar num sistema: normalmente os concorrentes que surgem na montagem de cada desafio são os três que ficam no topo, os três que ficam no fim e os eventuais escândalos ou tricas. A filmagem parecia aleatória, não se focaram em nenhum estilista em particular, escolheram mal os depoimentos (ou então os concorrentes não disseram nada de jeito e o casting falhou mais uma vez) e não houve uma coerência ao longo do programa. Durante a avaliação não mostraram as reacções dos concorrentes, não percebi se era da montagem mas os júris falavam uns por cima dos outros e, mais uma vez, Nayma não teve o protagonismo devido.
E o que é que eram aqueles efeitos horrorosos de cor ao princípio? Ew! Aquilo fez me lembrar as parvoíces que a SIC faz nas novelas juvenis... O Project Runway não é nenhuma Floribella!
No geral a realização e a montagem são muito pouco dinâmicas e os câmaras parece que às vezes acham que estão no Querido, Mudei a Casa...

E o que é que há com os prémios e a final do programa?? Um estágio numa escola à escolha do freguês? Em princípio os concorrentes não são aspirantes a estilistas, são pessoas com alguma experiência e que ainda não conseguiram vingar no mercado. O prémio deveria ser um incentivo a começarem/melhorarem o próprio negócio, mas o vencedor/a deveria poder decidir o que fazer com esse dinheiro e não ser recambiado para a escola!
E a final? Sempre é um desfile, digamos, na Moda Lisboa, com os três finalistas? Se sim e se ainda estão em gravações, vão fazer uma pausa para criar as colecções? Não percebi isso no primeiro programa e devia ter percebido. Que raio de gestão de calendário é esta? As Moda Lisboa ou outras fashion weeks têm épocas fixas, na Primavera e no Outono, será que a produção se esqueceu disso?

E, por fim, o que há com a estreia apressada do programa? O Project Runway norte-americano anuncia cerca de SEIS meses antes a data de estreia. O tuga (insisto no termo pois revela a pequenez e falta de ambição e organização do PM) anunciou, e nem sequer foi no site oficial mas na fanpage do FaceBook, na VÉSPERA que o programa ia estrear! Era para fazer concorrência à final do Achas que Sabes Dançar? Isso só os deve ter feito perder audiências, pois quem seguiu o programa desde o início, mesmo que queira ver o Projecto Moda, vai sempre querer ver a final. O que lhes custava ter anunciado as coisas como deve ser, esperar pelo menos uma semana e fidelizar um público? Parece que ninguém pensa nisso na RTP e na Fremantle.

Projecto Moda (Project Runway) - RTP

11 julho 2010

Vampiros vampirizados

Já tinha mencionado no post anterior ao de leve que Lua Vermelha, a telenovela/série juvenil com vampiros da SIC, era demasiado parecida com Twilight. Não é parecida, é um PLÁGIO DESCARADO!!!

Basicamente eles pegaram em Twilight, esticaram por não-sei-quantos episódios, mudaram dois ou três aspectos para a coisa não se tornar demasiado secante (nem aí foram originais, foram buscar tudo a Rebelde Way) e já está! Até o nome da protagonista está lá perto: Bella, Isabel? Vá lá que o Edward não é Eduardo mas Afonso. Hoje vi um bocado do episódio em que Isabel descobre que Afonso é um vampiro, ATÉ OS DIÁLOGOS SÃO IGUAIS! Que escândalo!

O moço que faz de Afonso é mais feiinho que Robert Pattinson (cuja única qualidade é ser uma carinha laroca) mas dá-lhe ares e é tão mau actor como ele. A moça que faz de Isabel, vá lá, está mais próxima de ser actriz que a moça que faz de Bella. É talvez essa a única qualidade de Lua Vermelha...

Prometo que não maço mais este blog com vampiros da tanga.

04 julho 2010

Sobre vampiros

Acabei de ver o Twilight na TV. É daqueles filmes que me recuso a pagar cerca de €5 num cinema para ver e, neste caso, ainda bem! Mas tinha de ver para tentar perceber do que se trata afinal tanto fanatismo.

Twilight é apenas um filme palerma, com péssimas actuações e um argumento tão frágil que se desfaz na primeira dentada. Sim, Robert Pattinson é uma carinha laroca, mas devia ter permanecido o Cedric Diggory de Harry Potter. A moça não lhe fica muito atrás, é bonitinha, se bem que para quem gosta tanto do Sol do Arizona ela é muito pálida e gótica, não? Só lhe faltam mesmo as rendas pretas. E, por favor, vampiros a jogar basebol?? Quem se lembrou de tal parvoíce?

Agora, a SIC não poderia ter sido menos literal no plágio que fez em Lua Vermelha? Até a protagonista se chama Isabel e as primeiras cenas do filme são replicadas literalmente... que falta de imaginação!

Mas deixei o melhor para o fim. Fora o Drácula canónico, do qual gosto de todas as versões que vi e li até agora, Nosferatu, Dracula de Coppola, os Draculas antigos de Bèla Lugosi e Peter Cushing, o Por Favor não Me Morda o Pescoço, de Polanski e afins, até hoje só gostei de um filme de vampiros, o Near Dark de Kathryn Bigelow e de duas séries de TV: Buffy, the Vampire Slayer (já escrevi profusamente neste blog acerca da série) e True Blood, de Alan Ball. Em todos estes três casos gosto de como respeitam os cânones (nada de vampiros à luz, mesmo que enevoada, do dia) e os subvertem criando uma nova narrativa original. No caso de Near Dark é o Sol abrasador do Arizona, que é o principal problema dos vampiros, em True Blood é a xenofobia no Sul white trash e racista dos Estados Unidos e na Buffy é a subversão do tema série juvenil e protagonista loira burra.

Enfim, eu gosto de vampiros, assim como gosto de filmes de terror, mas já me começa a irritar esta "moda" iniciada pelo Twilight, que ainda por cima trata os vampiros como humanos... é apenas uma desculpa lamechas para mais um high-school movie sem grande interesse...
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