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25 fevereiro 2008

80 Oscars 08

(não resisti à capicua)



Ah, este ano a cerimónia foi tão aborrecida... Certo, John Stuart é um bom apresentador e manda excelentes bocas politicamente incorrectas, estava tudo muito bem produzido, a média de filmes interessantes era alta, mas... faltava aquele quê, uma barracada qualquer, uma surpresa na entrega do oscar, um número musical mais elaborado, uma montagem em video mais emocionante, um acontecimento inesperado.


O vestido de sereia de Marion Cotillard
Jean-Paul Gaultier

Gostei das fatiotas, eram mais extravagantes mas com pouca cor. Havia muito preto, cores escuras ou neutras, pontuadas com algum vermelho. Achei piada ao vestido de sereia de Marion Cotillard, gostei da cor e da coragem do vestido de Helen Mirren, gostei do arrojo do vestido de Tilda Swinton. Mas este era o ano das grávidas. Nada menos que três (fora aquelas ilustres desconhecidas que ninguém sabe): Cate Blanchett, Jessica Alba e Nicole Kidman!! Até parece o Viagem a Itália de Roberto Rosselini. Os homens foram muito clássicos, até P. Diddy e Johnny Depp estavam clássicos. Havia mais gravatas.
Amei o vestido da figurinista oscarizada Alexandra Byrne (Elisabeth: The Golden Age), odiei o de Anne Hathaway.

Quanto à cerimónia, o cenário era normal, com uma inspiração algo grega ou egípcia, todas as categorias eram antecipadas por videos nostálgicos com os vencedores na respectiva categoria nos 79 anos anteriores, os vencedores nas categorias de interpretação foram todos europeus: Tilda Swinton, inglesa (melhor actriz secundária); Javier Bardem, espanhol (melhor actor secundário); Marion Cotillard, francesa (melhor actriz) e Daniel Day Lewis, inglês (melhor actor). Talvez o acontecimento mais radical tenha sido a vencedora do melhor argumento original (por Juno), a tatuada ex-stripper Diablo Cody.


OSCAR.com

12 fevereiro 2008

Futilidades frescas

Começar a ver Gossip Girl deu-me a mesma sensação que começar a ver Beverly Hills 90210 há valentes anos atrás. Ver uma série que é politicamente incorrecta, baseada nas vidas de gente branca cheia de papel e futilidades, é, no mínimo refrescante. Não que eu seja racista, não me considero uma pessoa racista, mas gosto do lado transgressor e glamouroso da futilidade. Ah, esperem! Há uma negra, uma oriental e uma latina, deve ser para cumprir as exigências da lei... Mas Gossip Girl é melhor que Beverly Hills. É melhor porque não é produzida por Aaron Spelling, é melhor porque dentro de tanta futilidade temos pessoas reais, nem boas nem más, é melhor porque se passa em Nova Iorque e é melhor porque esta é uma verdadeira upperclass e não apenas gente com dinheiro.

O episódio de ontem fez-me relembrar quando vi um dos primeiros episódios de Beverly Hills e passou a música-pop-psicadélico-do-momento:
Betty Boo (não confundir com a personagem do desenho animado Betty Boop). Relembrei-me pois na fabulosa festa clandestina na piscina do colégio, de repente começam a passar LCD Soundsystem e ainda por cima a minha música preferida. Mas até nisso Gossip Girl é melhor, Betty Boo era apenas engraçada, com videos muito kitsch mas LCD Soundsystem é muitíssimo mais do que isso, é uma das melhores bandas do momento e já tem mais do que um êxito.

Para além de tudo isto, ligação de todo o universo ser feita através de um blog de coscuvilhice, que toda a gente envolvida lê e cuja autora permanece incógnita é bem pensada. Permite uma narração externa facilmente integrada na narrativa (há coisas que seria impossível a Gossip Girl saber, mas que são narradas) e usar os telemóveis luxuosos (mais do que a internet) como mais um veículo de comunicação e fonte de mal-entendidos.

Claro que temos ricos-bons, ricos-maus, ricos-mais-ou-menos, menos-ricos-(não se pode dizer que são pobres, só não são assim tão ricos)-bons, menos-ricos-maus, etc. Mas a história é suficientemente bem escrita, episódio a episódio, para nos deixar com aquela pontinha de curiosidade sobre o que mais irá acontecer.

E bem, temos um guarda-roupa cheio de estilo (não há uma única pessoa mal vestida), mansões, apartamentos, o colégio e hotéis fabulosos, para não mencionar o filme-fetiche de Blair (a pobre menina rica) ser um dos meus favoritos: Breakfast at Tiffany's (cuja fachada já vimos na série).

Gossip Girl

09 fevereiro 2008

Ninguém tem nada a ver com isso!


Lancia Musa c/ Carla Bruni

No tempo das Top Models ela era a que ocupava a posição mais baixa na minha lista de preferências, mas de todas as Top Models, Carla Bruni foi a que teve a pós-carreira mais rica, inteligente e interessante, sem seguir pelo caminho fácil de pseudo-actriz num qualquer filme romântico ou de acção que implicasse alguma pele à mostra.

Primeiro saiu elegantemente de circulação, passo estratégico para que se deixasse de associar a sua imagem ao universo mais materialista da moda, depois editou um disco em que convenceu (e bem!) de que sabia cantar e agora toda a sua postura na relação/casamento com Sarkozy, presidente da República Francesa tem sido do mais impecável e pessoal possível. Os dois estão a conseguir convencer o mundo que ninguém tem nada a ver com as vidas privadas das figuras públicas e que o que elas fazem nas suas vidas não implica um mau desempenho nas suas profissões públicas. Ah Sarkozy é presidente da França? Certo, mas o que é que a sua vida amorosa tem a ver com as suas ideias políticas? Ah Carla Bruni é cantora e ex-Top Model? Certo, mas porque raio é que tem de parar de cantar só porque se casou com o presidente de um país? Já só falta implicarem por ela ser italiana...

Acho muito bem que Sarkozy case com quem bem lhe apetecer e que Carla Bruni tenha garantido que não se vai tornar numa primeira-dama dondoca mas sim numa primeira-dama cantora. O que preferem? Uma dona de casa inútil, que oferece chás de caridade ou uma mulher bonita, elegante e activa que ainda por cima é boa cantora. Os tempos de Grace Kelly já lá vão e aqui nem sangue azul existe.

03 fevereiro 2008

e a flor murchou...

Agora que finalmente a Floribella acabou de vez, aqui ficam os pensamento que fui acumulando nestes meses.

A segunda série começou logo coxa: o Frederico, o príncipe e grande amor de Flor, está morto, a série demorou demasiado tempo a estrear (quase 2 meses) e o horário mudou de nobre para vespertino, o que não ajudou nada.

Ao começar a ver a segunda série percebi logo uma série de elementos que passaram a fazer com que não desse nem metade do gozo a ver que a primeira: a empatia que existia entre Luciana Abreu e Diogo Amaral, não existiu entre Luciana e Ricardo Pereira (mesmo até ao fim). A continuação de um vício, que já se tinha notado no fim da primeira série, de aumentar em tamanho e número os subplots rocambolescos, sem grande critério e verosimilhança. A mudança de visual de Flor foi forçada deixando ela de ter o ar fresco que contrabalançava o excesso psicadélico do guarda-roupa e, por fim, a Flor quase não cantou ao vivo, todo o núcleo da banda foi de certa forma abandonado, sendo cantada apenas uma canção nova ocasionalmente e não por Flor. Nunca gostei muito das canções, continuei a não gostar muito das canções da segunda série, se bem que com alguma evolução, mas uma das "promessas" que nos fora dada inicialmente era a da banda, que seria o sonho da vida de Flor, mas isso perdeu-se de tal forma que já nem se tentava arranjar desculpas (na narrativa) para a falta de investimento na banda, no desfilar de peripécias na vida de Flor.

O próprio desempenho dos actores pareceu-me menos naturalista e senti um aumento de maneirismos em Luciana Abreu. Deu-me a impressão que se via um produto popular e colorido, mas sem que os envolvidos acreditassem muito nele. As bruxas, que muito tinham cativado o público na primeira série também ganharam demasiados maneirismos de modo a que já não convenciam ninguém, aos primeiros episódios, de que poderiam fazer algum mal a alguém. É verdade que todos sabíamos que elas nunca poderiam vencer, mas pelo caminho gostamos de achar que talvez até possam, é isso que faz um bom vilão e uma história cheia de picos de emoção.

Por outro lado, a campanha de promoção foi desequilibrada. Se por um lado houve mupis e anúncios de página inteira a anunciar a série e a qualidade do design do merchandising melhorou consideravelmente, por outro foi bastante demorada a sua chegada e muito menos numerosa. As novas peças de roupa marca Floribella eram bem mais vestíveis, engraçadas e bem feitas e o jogo, que saiu muito recentemente, tem muito bom ar.

Ao longo dos meses em que foi exibida a série a SIC demonstrou insegurança no produto através de anúncios contraditórios, mudanças de horário, falhas na exibição, tudo sem pré-aviso, episódios exibidos duas vezes seguidas, montagens em que só 25% do episódio eram cenas novas, a série arrastou-se infindavelmente até que acabou um mês depois do anunciado, sem pompa nem circunstância. Ainda existiram as polémicas cor-de-rosa acerca de uma provável zanga entre a protagonista e a estação, facto que não me parece que tenha beneficiado alguém.

Enfim... continuo cheia de pena que a Floribella tenha, apesar do sucesso, sido tratada acima de tudo como produto de segunda por ser alegre, colorido, excêntrico e para miúdos, mudando este tratamento apenas quando o dinheiro falava mais alto. Ainda acho que poderia ter sido um percurso mais digno, especialmente esta segunda série que ficou bastante aquém da primeira.

Floribella
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