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29 abril 2005

Onda portuguesa

É curioso, ao ver os primeiros episódios da novela da Globo (parabéns pelos 40 anos!) Como uma onda, a visão romântica, idealista e algo irreal que os brasileiros têm de Portugal. O mais engraçado de tudo é que em vez de me irritar, o que seria habitual, dá-me vontade de rir dado o grau de ingenuidade!

  1. Nem todo o Portugal é o "jardim à beira-mar plantado" cheio de castelos, monumentos, igrejas e arquitectura antiga que aparece nas novelas (eles deviam ver o que fizeram ao Algarve!).
  2. Nem todos os portugueses são pessoas educadas, rígidas mas idealistas e românticas como é a personagem de Daniel Cascaes (Ricardo Oliveira). Muito pelo contrário!
  3. Raramente os nomes portugueses têm grafismos diferentes como o caso do apelido Cascaes (o normal seria Cascais). E para um açoriano o nome Cascaes é completamente insólito, há outros bem bonitos e invulgares no Brasil que poderiam ter sido utilizados.
  4. O autor da novela já se justificou diversas vezes, mas o nome Almerinda é realmente pouco comum nas gerações mais novas (mesmo numa cidade de província).
  5. A questão da virgindade é menos falada mas vista com um bocado de menos pudor que nos foi apresentada na novela.
  6. Os portugueses não são tão católicos como os brasileiros e difícilmente um português filho de um defensor da liberdade na época da Guerra Colonial (e que partilha os valores do pai) será católico, quando muito comunista.
  7. Já agora: da ribeira do Porto a Matosinhos é um valente esticão, não se faz de uma corridinha. Mas isto já é uma picuinhice minha, não é assim tão importante.
No mínimo é divertido ver quão naïf é a visão que os brasileiros têm de nós, hehee!

Em relação à prestação de Ricardo Pereira, ela é bastante "pra brasileiro ver". Não que esteja a fazer uma má prestação, os primeiros episódios não são, de todo, suficientes para avaliar, mas, para mim ainda não foi desta! Até hoje os únicos actores portugueses que realmente gostei de ver nas novelas da Globo foram o Nuno Lopes (Esperança) e Maria João Bastos (O Clone e No Comando - GNT), nenhum dos dois perdeu a pronúncia de Portugal.

Uma concessão que não consigo fazer à prestação de actores portugueses no Brasil é a de abrasileirarem a pronúncia! É verdade que há muitos vocábulos que não são comuns e que muito do nosso vocabulário os brasileiros não percebem, mas falar com gramática e pronúncia "abrasileiradas", não perdoo! Irrita-me imenso e acho falta de conhecimento da própria (dos portugueses) língua. Se são actores têm obrigação de defender e conhecer o que é um dos seus primordiais instrumentos de trabalho! Também vejo de outra maneira: se já houve quem o conseguisse, porque é que se desvaloriza a nossa diferença?

Já falei diversas vezes com brasileiros (amigos, conhecidos, turistas, recém-chegados, residentes e não residentes em Portugal) e, apesar de me dar gozo de falar, entre amigos, à brasileira, a única necessidade que sinto, para me fazer compreender é ter um certo cuidado em utilizar vocabulário que seja compreensível para eles. Sinto que, numa conversa séria, estar a fazer pronúncia brasileira é o mesmo que falar com um outro estrangeiro qualquer, que fale/compreenda mal o português, "à Tarzan", um desrespeito.

É um grande elogio a Globo se interessar tanto, ultimamente, em "puxar" actores portugueses para dentro do seu maior produto, é uma exelente oportunidade de mostrar, com orgulho, amor-próprio e dignidade que temos valor e que somos dignos de tal convite. Temos de defender o que é nosso e tenho a certeza de que os brasileiros mais do que compreendem e aceitam!

De resto a novela é uma clássica novela da tarde para a Globo, com uma história um pouco mais leve e um lado de comédia e juvenil mais marcado. Está pejada de vedetas e actores que já deram provas, e, sendo a temática de "praia paradisíaca" está cheia de "belezas naturais". Comigo ainda não pegou, falta-lhe o factor X, que talvez ainda não tenha chegado, acho que a trama inicial não foi suficientemente forte e não durou mais que os 2 ou 3 episódios iniciais, isto é, já se arrasta um pouquinho (é cedo demais). Dentro das ditas "belezas naturais" de notar a presença de Sérgio Marone, directamente (ou quase) de Malhação.

http://comoumaonda.globo.com/

SIC
2ª - 6ª, cerca das 23:20

23 abril 2005

Assessores de Porcaria Nenhuma

Estreou na semana passada no GNT uma série que já me tinha despertado a curiosidade: Os Aspones (ou Assessores de Porcaria Nenhuma). A série despertou-me a atenção, especialmente pela semelhança visual e de ambiente com o filme Brazil de Terry Gilliam. Vendo os dois primeiros episódios da série, é realmente como se de um spin-off, em forma de comédia, da parte dos escritórios do filme se tratasse!

As siglas e os memos são hilariantes e ponto de partida para mal-entendidos mirabolantes, grande parte da acção e dos diálogos servem-se exactamente disso. A série goza com a ausência de coisas para fazer das instituições públicas que ninguém sabe para que servem. O recém-chegado chefe, face a esta dificuldade, decide então mudar o significado da sigla FMDO de "Fichário Ministerial de Documentos Obrigatórios" para "Falar Mal Dos Outros", mas fazê-lo sem sentimentos de vingança. A missão destes 5 Aspones passa a ser gozar e dar uma lição aos cidadãos comuns que cometem pequenos abusos diários.

Promete ser divertida e acutilante, os actores são de primeira, o espaço do escritório claustrofóbico e cheio de arquivos, as personagens muito bem caracterizadas. Os textos são de Fernanda Young, a mais nova das meninas do Saia Justa.

GNT
5ª, 23:30
sab., 13:00
3ª, 02:00

http://redeglobo.globo.com/Osaspones/0,22985,3946,00.html

16 abril 2005

Changing Rooms vs. Querido, mudei a casa!

Há mais ou menos cerca de um ano fiquei completamente viciada no programa de decoração da BBC "Changing Rooms". Entretanto a moda pegou e a proliferação de programas do género, primeiro na BBC Prime e mais tarde a sua repetição no People + Arts geraram um sósia no canal nacional SIC Mulher, o "Querido, mudei a casa!".
Não querendo só dizer mal de programas nacionais eu fiz um esforço para gostar do programa, mas é-me impossível. Resolvi fazer uma lista comparativa de ambos os programas para me justificar.

O título
Changing Rooms [CR]
É simples e indica com clareza o objectivo do programa.


Querido, mudei a casa! [QMC]
Um bocado comprido, um bocado sexista também. Parece que só as mulheres é que tratam destas coisas o que o próprio programa tem vindo provar ser o contrário.

Apresentador/a
CR
A primeira apresentadora, Carol Smillie, é uma clássica apresentadora popular que toda a gente conhece (em Inglaterra, claro). É informal e está à vontade. Ajuda esforçadamente os concorrentes.
O segundo apresentador, Laurence Llewelyn Bowen, é o típico designer extravagante, mas como é engraçado, irónico e desenha lindamente, ajudando a melhorar as decorações acaba sendo divertido.

QMC
Sofia Carvalho é mole e um bocado sonsa, não gera empatia e tem atitudes mariquinhas irritantes. Não produz nada de significativo. Não é divertida.

Formato
CR
2 famílias, em geral vizinhas, decoram, com a ajuda de um designer de interiores e alguns amigos, divisões nas casas inversas. Como ajudante fixo têm o carpinteiro faz-tudo, Handy Andy. O espectador vê a divisão a ser decorada com direito a imprevistos e noitadas.

QMC
O candidato escreve para o programa a pedir redecoração de uma divisão. A equipe vem fornecida de designer de interiores e profissionais técnicos (pintores, carpinteiros, etc. ) que fazem tudo fora do écran. O espectador não vê nada a ser feito. Não sei porquê há uma rúbrica que acaba por ser sómente publicidade a uma loja de decoração para encher tempo de programação.

Designers
CR
A minha opinião sobre os designers varia, há alguns que em geral detesto o que fazem, (Anna Ryder Richardson, Laura McCree) mas que como personagens televisivas acabam sendo engraçados e há três (Oliver Heath, Gordon Whistance, Linda Barker), que são os meus favoritos, que costumam acertar (no meu gosto) sempre e fazer divisões habitáveis.

QMC
Ainda não vi nenhum programa de que gostasse do resultado, em que achasse que as divisões eram habitáveis e que houvesse ideias originais, criativas sem serem pré-formatadas a tendências demasiado batidas de design muito "fashion".

Peças e preços
CR
Muitas das peças são fabricadas em MDF na altura (não percebo a predilecção por MDF dos ingleses) ou então são usados materiais antigos (não forçosamente das instalações) e reciclados. Não há publicidade descarada, mas ficamos a saber, de forma genérica quanto custaram algumas das peças mais relevantes e o preço geral da divisão, eles têm de cumprir um orçamento.

QMC
A pouca reSIClagem que é feita acaba sendo pintar mobília já existente nas divisões. Há demasiada publicidade às marcas, desde product placement até à própria indicação no final. Mas preços/orçamentos, não há rigorosamente nada e, convenhamos é a maior preocupação do consumidor geral.

Resultados
CR
Como já disse depende muito do designer. Os ingleses adoram amarelo e cor-de-rosa (vá se lá saber porquê?!), mas no geral têm uma preocupação em não usar tons saturados ou primários e preocupam-se sempre com pormenores como flores, plantas ou velinhas. Nem sempre respeitam as indicações dos donos. As "peças de arte" que fabricam costumam ser, no mínimo, interessantes, nem que seja para aprender truques e técnicas.

QMC
É sempre a parede de uma cor viva ou o papel de parede da moda (carooo!). Dá-me a sensação que, apesar de a permissa do programa se adequar mais a isso, não há uma preocupação com o cliente, mas sim com o que se mostra no programa. Como não vemos ninguém a fazer nada nem para aprender truques costuma servir. É demasiado pretensioso!

Música
CR
Música composta para o programa, nada de extraordinário, mas fácilmente identificável.

QMC
Hip-hop ou Drum & Base da moda demasiado presente, chega a ser irritante.

http://www.bbc.co.uk/homes/tv_and_radio/cr_index.shtml
http://mulher.sapo.pt/sic/XtD8

Changing Rooms
People + Arts
5ª, 20:00, 23:00 (há mais horários)

Querido, mudei a casa!
SIC Mulher
3ª, 22:00 (há mais horários)

14 abril 2005

Cerimónias célebres (ou seja: um casamento e três funerais)

Com tanta perturbação na rotina da programação habitual é-me impossível não comentar...

Tudo começou com a morte, e subsequente funeral da Irmã Lúcia com o Papa já doente... depois a doença e morte do Papa (que ainda não terminou em termos mediáticos), a morte do Príncepe Rainier do Mónaco e o casamento do Príncepe Charles e da Camila.

A uma conclusão chego: as mortes de pessoas religiosas são verdadeiramente importantes nas nossas televisões, quanto mais o Papa. Eu ainda me lembro dos dois anteriores Papas que morreram um seguido do outro, nos anos 80, apesar de nessa altura também parar tudo, o impacto foi completamente diferente. A televisão não tinha a relevância que tem hoje neste tipo de acontecimentos e, ao contrário do seu antecessor (não me perguntem o nome, que não me lembro), João Paulo II aqueceu, e bem, o seu lugar no Vaticano.

Foi é pena que com tanto alarido à volta do Papa a morte do Príncepe Rainier, uma pessoa bem mais simpática e interessante aos meus olhos, ter sido um bocado abafada. Mas como também acho que se deve é recordar as pessoas em vida e não na morte, isso acaba por não ser tão relevante assim.

O casamento de Charles e Camila é outra história. Quem viu o Casamento dele com a Lady Di e até mesmo o funeral dela, poderá dizer que este foi mais do que discreto, tanto em acompanhamento como em escala. Apesar de ter sido celebrado nos idos anos 80, o casamento de Charles com Lady Di foi um acontecimento tão gigante que teve direito a celebrações de fazer inveja a qualquer cigano que se preze! Lembro-me que teve direito a todo o tipo de merchandising e antecipação e preparativos de meses. Este, pelo contrário foi minúsculo, não foi em Londres e teve muito pouca gente, convidados e povo nas ruas. Os convidados deslocaram-se da conservatória para a igreja (do outro lado da rua) num autocarro ou a pé (os príncepes William e Harry foram a pé com as primas) as câmeras da BBC esforçavam-se para apanhar os grupos maiores e mais juntinhos de povo a assistir e em não apanhar buracos na assistência. No meio dos convidados foram imensas celebridades, principalmente actores, como Rupert Everett, Phil Collins, Rowan Atkinson, Joanna Lumley e um dos dois casais do "Goodness Gratious Me!". Foi tudo muito elegante e discreto, ao contrário dos casamentos dos príncepes e princesas de Espanha não se viram quebras de protocolo nem toilettes mais arrojadas. Tudo muito inglês, tudo muito cínico, pelo modo como a BBC fez o programa até parecia que os ingleses já estavam conformados com a heresia que Charles cometeu à querida (dear) Lady Di que nunca, nunca mesmo sairá dos seus corações.

Enfim, com isto ocuparam-se manhãs e tardes televisivas, adiando filmes, séries, telenovelas e enchendo telejornais.

03 abril 2005

Letras

Videoclips é um dos meus formatos televisivos favoritos, embora o seu lado ficcional seja um pouco secundário mas não de todo esquecido. Ultimamente já não sigo as novidades tão fervorosamente como há alguns anos atrás mas ainda aprecio imenso.

Fazendo um zapping, fui parar à MTV, uma destas madrugadas, hora a que a MTV, em geral passa os melhores clips nos programas de música alternativa ou de dança. Todo feito em computadores, em 3D, o vídeo que estava a dar, é um vídeo já algo antiguinho, The Child por Alex Gopher, cuja música é bastante conhecida mas o vídeo nem por isso. Vi este vídeo a primeira vez numa das fa-bu-lo-sas mas infelizmente não continuadas exposições Cyber no CCB.

O vídeo consiste principalmente em planos/cenas nas ruas de Nova Iorque mas em que todos os objectos e personagens são substituídos, dentro do possível, pelas palavras que designam o que são. Por exemplo para as pessoas está escrito "person" ou "rasta", para os edifícios "building" ou "Chrysler" ou "Brooklyn Bridge" (com um grafismo muito engraçado) e para os carros "taxi" ou, o meu preferido: "veryveryverylonglimo".

Já a ideia é muito boa mas a fluidez com que as imagens se conjugam e a pequena narrativa que conta, tornam o vídeo um todo muito interessante e eficaz.

http://www.mtv.com/bands/az/gopher_alex/artist.jhtml
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