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23 setembro 2014

O Rebu

Ultimamente tenho notado um esforço da Globo para dar o salto da novela popular, com centenas de episódios para séries sofisticadas à americana. O remake de O Astro foi um exemplo e o novo remake, de uma novela que não passou cá, O Rebu, rebu vem de reboliço, mostra uma evolução interessante.

A produção de O Rebu é sofisticada (check), tem um elenco de primeira (check), um cenário de luxo (check), uma banda sonora meticulosamente escolhida, que equilibra a MPB com canções internacionais cool, New Order, Amy Winehouse, etc., (check), uma mise-en-scène de câmara à mão e planos de sequência (check), uma fotografia polida com uma paleta de cores frias (check) e uma montagem fluída (check). O que ainda falha e continua a ser o calcanhar de aquiles destas produções é o modo, ou o formato, como a narrativa é contada.

Apesar de uma história interessante, um whodunnit numa festa louca e cheia de luxo, num cenário de sonho, personagens complexas e narrativas secundárias que despertam alguma curiosidade, o seu desenvolvimento ainda demonstra a dificuldade em sair do formato telenovelesco em que a narrativa é esticada à exaustão e a informação redundante. Se 40 episódios é pouco para a norma das produções da Globo, são demais para a história de O Rebu, e todo o deslumbramento que me fez ficar colada ao ecrã nos primeiros episódios logo se dissipou. Em cada episódio há flashbacks que se repetem à exaustão, demasiada repetição de cenas de episódios anteriores e uma narrativa que não flui, corre aos soluços. Fazia falta uma maior economia da narrativa e não cansar o espectador com tanta repetição. Em 20 episódios, com o mesmo material em bruto, podia contar-se a mesma história, cuja maior qualidade é a não-linearidade, que estaria bem resolvida não fora a necessidade de reforçar momentos chave a todo o instante.

Mesmo assim, desde O Astro, o salto qualitativo é enorme e a prova que a máquina bem oleada da Globo há-de chegar lá, àquele patamar das séries televisivas sofisticadas e originais produzidas para um mercado internacional. Só falta mesmo encaixarem melhor o formato e largarem os tiques do formato que dominam melhor, a telenovela.

O Rebu
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