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13 junho 2012

Oh não, remakes!

Acabei de saber que ainda este mês estreia no Brasil um remake da novela Gabriela, adaptada do livro de Jorge Amado e um clássico televisivo.

Em geral sou contra remakes, o que não significa que não dê o braço a torcer e admita que nalguns casos valeu a pena. Um deles foi outra novela, a Ti Ti Ti. Mas se em Ti Ti Ti a novela beneficiou com a actualização, a Gabriela dos anos 70 é uma novela perfeita.

A razão porque sou contra remakes, sejam eles televisivos ou em cinema, é porque com o hype que se cria à volta do novo produto, nestes tempos de divulgação a 100 à hora, a obra original perde-se e cai muitas vezes no esquecimento. Aconteceu por exemplo com O Sítio do Picapau Amarelo, cuja versão dos anos 70/80 era claramente superior à dos anos 2000, com o filme The Thing, de que só se fala da versão de John Carpenter, a Guerra dos Mundos, The Haunting (o meu filme de terror preferido), cujo remake é medíocre apesar dos bons actores, e muitos outros remakes de filmes de culto série B, quem nem uma miserável edição em DVD mereceram após terem sido sobrepostos pelos remakes. Outra razão é que infelizmente na grande maioria dos casos os remakes ficam aquém dos originais, muitas vezes perdem em história, ganham em exagero de efeitos especiais e maus actores contratados porque são vedetas.

Em Gabriela, que revi há poucos anos em cor gloriosa e não perdi um episódio, tudo é perfeito: a história, o modo como está dividida entre os episódios, o número de episódios que não é exagerado, a ausência de "palha", os actores, muitos deles actualmente grandes veteranos com imenso sucesso, a fotografia, a banda-sonora, os figurinos, as piadas, tudo!

É mais que óbvio que vou ver se estrear, provavelmente vai, em Portugal, mas vou ter saudades da Sónia Braga, da Dina Sfat, do Armando Bogus, da Elisabeth Savalla (ai a Malvina!), do Paulo Gracindo, do Fúlvio Stefanini (o Tonico Bastos) e tantos outros actores, um casting perfeito para os seus papéis. Gabriela é uma novela tão bem feita que não envelheceu, tão bem escrita que quase 40 anos depois uma pessoa ainda se empolga com o decorrer dos episódios, mesmo sabendo o que vai acontecer, tão bem encenada que não sentimos nos actores maneirismos artificiais ou datados. Não duvido que esta versão seja uma produção cuidada, a Globo raramente falha nesses parâmetros, mas o modo como as novelas se produzem actualmente tira a coesão e uma certa pureza que tinha a produção dos anos 70, faz render o peixe e valoriza aspectos pouco importantes por razões exteriores à narrativa.

A grande diferença de ver a versão dos anos 70, a primeiríssima novela brasileira a estrear em Portugal, que foi descobrir uma máquina de produção magnífica, ainda por cima na nossa língua. Rever a novela foi redescobrir actores, que entretanto se tornaram caras conhecidas e perceber que merecem o sucesso obtido, foi perceber que a novela tem excelente qualidade, é, de certa forma, intocável. Ver esta nova versão vai ser inevitavelmente decepcionante, seja porque as expectativas são muito altas, seja porque se embirra com determinado actor, a comparação será sempre injusta e dificilmente, por melhor que esta adaptação seja, chegará aos calcanhares da anterior.

Gabriela - TV Globo

09 junho 2012

Crónica Marciana


Ray Bradbury, o escritor de ficção-científica que me viciou em ficção-científica deixou-nos há uns dias.

Ray Bradbury não é apenas importante como escritor, mas também pela sua contribuição para cinema e televisão. Nas décadas de 50 e 60 era comum autores de ficção-científica contribuírem com contos ou adaptações para as inúmeras séries de TV de ficção-cientifica existentes, tais como Hitchcock Presents ou  Twilight Zone, onde Bradbury foi dos mais prolíficos. Foi quando tinha acabado de ler As Crónicas Marcianas (The Martian Cronicles, edição da Caminho Ficção-Científica) que me apercebi disso, pois repunha na RTP2 a Quinta Dimensão. Era muito nova para ter visto a série quando estreou, mas já era adolescente quando repôs e a engolir ficção-científica aos magotes. Naturalmente que reconheci diversas vezes autores das histórias da Twilight Zone, entre eles o meu preferido de então, Ray Bradbury.

Alguns anos mais tarde estreou, acho que na RTP1, o Ray Bradbury Theater, onde o próprio adaptava e apresentava cada episódio. Nessa altura já era o seu nome que me levava a ver a série. Anos antes, antes de saber quem era esse autor chamado Ray Bradbury, vi o filme de François Truffaut, Fahrenheit 451, adaptado de um livro de Bradbury com o mesmo nome, que me impressionou muito. Até hoje e infelizmente ainda não li o livro.

São inúmeras as adaptações a TV e cinema, não vou sequer enumerar as que vi, mas é de salientar a enorme importância que Bradbury teve no desenvolvimento e popularização da ficção-científica a sério nestes meios. Para mim, mesmo sendo fã incondicional da ficção-científica em qualquer meio, é na literatura que o género se revela no seu melhor e foi com literatura de ficção-científica que cresci a ler.

Sr. Bradbury, tiveste uma vida muito rica, partilhaste-a com o mundo inteiro, foste uma das grandes influências desta modesta blogger. Espero que te divirtas na Cidade Fantástica.

Ray Bradbury
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