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23 novembro 2018

55!


Hoje Doctor Who faz 55 anos! Cinquenta e cinco! É extraordinário como uma série, ainda por cima de ficção-científica - um género considerado menor - ainda existe, ainda é produzida, ainda está no ar. O segredo é fácil: uma permissa muito simples e sólida, suficientemente versátil para ter sobrevivido às mudanças sociais e de gosto.

Aproveito o aniversário para falar da mais recente mudança, A 13ª Doctor.
Sou daquelas que adorou Peter Capaldi no papel de Doctor, mas como, apesar de o considerar bom argumentista, detestei o que Stephen Moffat fez com a série, distorcendo, contornando ou ignorando as regras cânones antes estabelecidas, não se preocupando com a coerência, criando intrigas cansativas de tão rebuscadas e mais buracos de argumento que um queijo suíço ou introduzindo demasiada ficção pouco científica. Por isso, as duas temporadas de Capaldi infelizmente foram fracas e inconsistentes, desperdiçando o potencial gigante trazido por Capaldi.

O anúncio de Jodie Whittaker para a 13ª Doctor gerou um tsunami de polémica que atingiu mais a costa norte-americana que outro lado qualquer. Para mim, o que importa é o actor/actriz ter um bom desempenho num papel que exige bastante ginástica e versatilidade. O género não importa. Como não tinha visto a Jodie em nada antes, não sabia como ela seria como actriz, mas em geral as diversas equipas de Doctor Who nunca escolheram maus actores, nem para os companions ou participações especiais, portanto não estava preocupada.

Mas... sim, mas, detestei o figurino! Não queria que a Doctor andasse vestida de alta-costura, ou tivesse um traje fashion, percebo e aceito lindamente a opção das calças, do casaco com capuz, as botas, etc. aliás, individualmente gosto de todas as peças, só não gosto do conjunto. É muito matchy-matchy, os arco-íris parecem forçados e no geral parece que a Doctor foi ao caixote dos donativos do guarda-roupa da TARDIS, às escuras e vendada! Isso achava eu há cerca de um ano, mal sabia que no primeiríssimo episódio a Doctor escolhe o figurino de um modo não muito diferente do imaginado por mim. Pelo menos a intenção da figurinista passou!

Isso leva-me à série propriamente dita: estou a adorar! As narrativas passaram a ser mais simples e directas, menos fantasiosas, uma ficção-científica mais terra a terra, mais ao meu gosto pessoal. A grande surpresa para mim é estar a ser bastante política e isso justifica de forma torta os arco-íris. De modo mais ou menos evidente, cada episódio tem abordado um assunto político, de guerras fronteiriças à religião e ao racismo. Por princípio, gostaria que a abordagem a assuntos políticos numa série como Doctor Who fosse mais subtil, mas estou a gostar da abordagem e da forma sensata como estão a ser integrados em narrativas, que nunca deixam de ser ficção-científica ou fogem aos cânones de Doctor Who. Também estou agostar do trio de companions, mas eu gosto sempre dos companions - só não gostei da Martha - equilibram-se uns aos outros, atenuam um pouco o eventual choque que a Doctor provoca e são os três muito divertidos. Ah sim, Jodie e Chris Chibnall (o argumentista-chefe) estão a fazer um excelente trabalho e espero que dure mais que duas temporadas!

"Think so, probably, don't know" 

Doctor Who

19 novembro 2018

Piqueniques 'Down Under'

Vi o filme Picnic at Hanging Rock quando era miúda, pré-adolescente, talvez, e fiquei fascinada. Já nessa altura gostava muito de mistério e suspanse, mas naturalmente faltava-me a maturidade para compreender o subtexto desta história. Revi-o e continuou a ser um filme marcante para mim, mas não é somente a narrativa que me continua a atrair, mas a realização e um belíssimo uso da mise-en-scène, da banda sonora e da montagem. Não revejo o filme há alguns anos, mas com certeza que essas primeiras impressões se repetirão, pois são elas, aliadas à narrativa acerca do preconceito, dos efeitos de uma sociedade repressiva e a falha de adaptação dos colonizadores às culturas nativas que dão ao filme um magnetismo impressionante.

Quando soube da série (através do Frock Flicks) e depois quando soube que iria passar na RTP2, e ainda por cima de uma assentada, fiquei entusiasmada. Não li o livro que deu origem a ambos, mas calculei que a adaptação para série incluísse mais detalhes, eventualmente desvendasse um pouco mais do mistério. Se não tivesse visto o filme, provavelmente teria adorado a série, gostei bastante e até consegui abstrair-me da Natalie "beicinho" Dorman, que me irrita um bocado, mas tendo visto o filme mais que uma vez em fases diferentes da vida, não consigo achar a série muito mais que uma versão colorida da mesma história. Não porque o filme seja a preto e branco, mas porque tem uma estética muito branca, no guarda-roupa das raparigas, na fotografia sobrexposta, que nos fazem pensar no calor abrasador da Austrália e da probabilidade de tudo não passar de um delírio. Numa fase mais analítica, gostaria de saber exactamente o que se passou, mas nesta altura da vida, prefiro que o mistério fique na sugestão, em aberto e que cada um tire de lá o que le pareecer mais interessante.

A série Picnic at Hanging Rock satisfez esse meu lado coca-bichinhos de querer destrinçar o mistério, mas como produto narrativo-fílmico, seguiu o mesmo estilo de contar a história do filme, tirando-lhe a fotografia sobrexposta, o branco encadeante e a sugestão ao desatar os nós quase todos, não o faz de uma forma linear (felizmente!), por isso não é uma má série, mas a informação extra afnal não fazia falta e continuo a preferir o filme na sua forma "incompleta".

Picnic at Hanging Rock (série)
Picnic at Hanging Rock (filme)

07 julho 2018

Alta Costura Mas Não Tanto

Ontem aproveitei a sessão de cinema ao ar livre do Cine Conchas e fui ver o Phantom Thread. Ainda bem que não paguei para ver, não vale o meu dinheirinho suado.

Deixa-me um tanto confusa como este filme teve sucesso e até foi nomeado para Oscars (ganhou o de Melhor Guarda-Roupa?), aliás mal posso crer que tenha sido escrito e dirigido por Paul Thomas Anderson.
Trata-se de duas personagens desagradáveis, Reynolds Woodcock (Daniel Day Lewis) e Alma (Vicky Krieps), extremamente narcisistas e co-dependentes, que geram zero empatia no espectador. Para cúmulo passa-se no universo da Alta-Costura, universo pouco familiar ao comum mortal. A personagem secundária, Cyril (Lesley Manville), a irmã pragmática de Reynolds, foi a única que me gerou algum tipo de empatia.

Intriga-me os actores parecerem-me muitas vezes forçados, é verdade que trata-se de um ambiente extremamente controlado, cheio de regras e maneirismos, mas mesmo assim, ambos os protagonistas me parceram forçados, tanto nas cenas mais contidas e cheias de etiqueta, como nas cenas mais espontâneas. Daniel Day Lewis prova que é um grande actor nas cenas em que cumpre sozinho os rituais da sua personagem, Vicky Krieps é fotogénica, mas não me convenceu como actriz. Talvez não houvesse empatia entre os actores, não sei, o que acho é que não funcionou.

Gostei de toda a apresentação meticulosa dos rituais da casa, Reynolds a preparar-se, a entrada das funcionárias pela porta das traseiras, a abertura dos salões, o vestir das batas-uniformes, os acessórios, os detalhes, mas depois, para um costureiro tão meticuloso, os vestidos não correspondiam. Para além de não serem particularmente interessantes para a época, anos 50, estavam tão mal cortados! É ver o bico do peito do primeiro vestido feito para Alma, que lhe assenta uns 3cm acima de onde deviam estar. A quantidade de arrepanhados e rugas onde não deviam existir é alarmante! Os anos 50, sobretudo na alta-costura, foram uma década onde os vestidos eram extremamente estruturados, quase uma armadura em tecido no abdómen e peito, onde seria imperdoável assentarem tão mal como assentam no filme. Será que não houve tempo para fazer provas na actriz principal? É a única explicação.

Por fim há a "linha fantasma" do título. Pelo trailer e por tudo o que li e ouvi acerca do filme, supunha que esse traço obsessivo de Reynolds fosse mais presente, mas insistente e por isso mais sinistro e talvez assustador. Mas não, é mostrado umas 3-4 vezes ao longo do filme e de forma bastante discreta, de forma que nem se percebe porque lá está.

Para um filme sobre alta-costura, os vestidos parecem feitos por amadores, para um film sobre gente meticulosa e obsessiva, isso fica estabelecido nos primeiros minutos e a questão das frases bordadas perde-se por ser pouco frisada. Por fim a caracterização das personagens e o desempenho não me convencram, o que torna este num filme bonitinho, com uma realização tecnicamente boa, uma montagem que cumpre, mas que não traz nada de surpreendente, nem na narrativa nem a nível cinéfilo. Parece um desperdício de recursos.

Phantom Thread

15 maio 2018

Um Roubo, um Assassínio e Muitas Falcatruas

Antes que termine, tenho de falar em Pega Pega, provavelmente a novela da Globo com a melhor intriga dos últimos tempos.

À medida que os valores de produção têm melhorado, que claramente mais dinheiro é investido nas telenovelas, a criação de séries de luxo e o aumento de novelas de época, a qualidade dos enredos tem diminuído proporcionalmente. As narrativas são mais do mesmo, inclusive tenho reparado em histórias repetidas, somente com cenários diferentes, ou histórias mal alinhavadas, que apenas se sustentam com uma boa produção e um bom elenco. Apenas as comédias se vão safando, mais pelo entretenimento que proporcionam e um ou outro bons desempenhos, que outra coisa.

*** ESTE POST CONTÉM SPOILERS ***

Pega Pega começa por destacar-se no genérico, ao som de A Hard Day's Night, dos Beatles (interpretado pelos Skunk), numa animação engraçada, algures entre os Monty Python e Wes Anderson, que nos dá o tom. Tudo começa com uma golpada engendrada por bandidos estreantes, os funcionários de um hotel de luxo, que roubam o dinheiro da venda do mesmo. Esse roubo acaba por trazer à tona uma teia de crimes do passado, que acabam por ligar todas as personagens da novela, divididas em três núcleos: o Carioca Palace, a Tijuca e a Esquadra de Polícia.
A maneira gradual como os 4 bandidos vão sendo descobertos, desenrolando cada um, um pedaço dessa teia. Um assassinio, um outro assalto, um rapto, corrupção e uma barriga de aluguer. Tudo temperado com as doses certas de drama, romance e comédia, aliados a um bom e equilibrado elenco, tornam cada episódio cativante, sem tempos mortos nem chouriços a encher.

Só espero que este núcleo de produção, incluído o elenco onde estão alguns favoritos meus: Elizabeth Savalla, Mateus Solano, continue a produzir pérolas destas e que não sejam ofuscados pelas imitações foleiras de Game of Thrones, com actores portugueses a fazer um mau sotaque brasileiro.

PS - Cheias de Charme voltou a ser exibida na Globo, Vida de Empreguete em repeat novamente :D

Pega Pega

14 maio 2018

Canções no Gelo

Ui, já não via com alguma regularidade campeonatos de Patinagem Artística há tanto tempo! Tanto que entretanto as regras mudaram imenso, mas a que estranho mais é a possibilidade de usar canções com voz, as quais antes só eram permitidas nas galas de encerramento.

Calhou este ano eu saber dos Jogos Olímpicos de Inverno a tempo e horas e, com a ajuda da box, conseguir ver quase tudo da Patinagem e mais um cheirinho de outras modalidades. Quase tudo pois, para além de o Eurosport 1 já não transmitir tudo do princípio ao fim, ainda por cima há erros na grelha fornecida às operadoras e por vezes em vez de patinagem apanhei com biatlo ou slalom. Não me queixo, até gosto de ver, mas quero poder ver tudinho, de ponta a ponta, da Patinagem! Também não andam a transmitir as entregas de medalhas, só espero que transmitam a cerimónia de encerramento da Patinagem, costuma ser um ponto alto na modalidade.

A cerimónia de abertura apesar de curta foi impressionante com as coreografias de drones e gostei dos figurinos, quais flocos de neve, das porta-estandarte.

Além de se poder usar agora canções (muito Coldplay e musica pop óbvia :P ), há também uma nova categoria na patinagem, a competição por equipas e a pontuação é dada de forma diferente. Mas as técnicas ainda permanecem as mesmas e ainda competem alguns atletas que me são familiares. Outros, os da velha guarda, ou tornaram-se treinadores/coreógrafos, ou vejo-os na assistência. (Olá Katarina Witt!). Eu já sabia destas mudanças, que já se deram pelo menos antes dos Jogos em Sochi (2014), mas esta é a primeira vez que acompanho as competições da modalidade como deve ser desde a mudança.

Quanto à competição em si, é giro ver como as tendências estéticas mudaram, agora a elegância e fluidez são muito favorecidas, enquanto que nos anos 90 era a técnica pura e dura que dava medalhas. Se a nota técnica fosse boa, a artística podia ser má, mas não tirava a medalha, já que ter uma nota artística muito boa não era para todos. Continua a não ser para todos, mas nota-se um esforço maior para além de fazer a cruzinha na caixinha das diversas técnicas, os pontos artísticos, mais subjectivos, agora adicionam a essa nota mais contabilizável, em vez de fazerem parte de uma média. Parece mais justo também e obriga ao tal esforço adicional para ser mais bonitinho. Pelo que percebi, os fatos já não contam para a pontuação, o que a meu ver também é mais justo, não se trata de uma passagem de modelos.

Mas já que falo em fatos, com pontuação ou não, são uma parte importante nos campeonatos de Patinagem e vejo também uma sofisticação que é novidade para mim. OK, ainda há bling de obrigar ao uso de óculos escuros (como se o gelo não fosse branco o suficiente), mas já não é lamber o fato de cola e rebolar o/a patinador(a) numa banheira de lantejoulas e cristais, qual croquete cintilante. Os fatos dos homens andam particularmente interessantes em termos de design, com alguns exemplos bem bonitos. Os das mulheres são mais inconsistentes, variando entre os trapinhos de chiffon pendurados e os fatos com transformações. No meio disto tudo, muitas vezes pergunto-me como certos fatos foram feitos, alta tecnologia!

Mas tenho saudades, imensas saudades dos comentadores ingleses do Eurosport! A minha box oferece a possibilidade de mudar a língua entre o português e o inglês, não fosse o inglês falar espanhol! Por acaso na Patinagem o inglês fala inglês, mas só percebi isso a meio, "absolutely fantastic!", e foi decepcionante perceber que as comentadoras portuguesas ainda são as mesmas que há mais de uma década, no tempo em que o Eurosport era sempre em inglês, quase se pegaram num campeonato de patinagem na RTP2. Tenho de me conformar, mas antes gostaria que, entre outras alarvidades, deixassem de dizer "há (xxx) anos atrás". Minhas senhoras, ou será melhor "damas" (sic), o "há" já estabelece o tempo na frase em português, o "atrás" não está lá a fazer nada!

Houve transmissão da cerimónia de encerramento da Patinagem, mas não a mostraram completa, e a Cerimónia de Encerramento propriamente dita foi igualmente bonita, cheia de videomapping e tal, mas desta vez sem drones, estava demasiado vento.

PyeongChang 2018 Olympics

22 março 2018

Plástico Nacional

É impressionante como os anúncios da Domplex pouco ou nada mudaram em 30 anos! Completamente adequados à RTP Memória! X'D

05 março 2018

90 Oscars - A Vergonha das TVs Nacionais

Por mais que a Giuliana Rancic, do E!, seja detestável, por mais que tenham sido irritantes os comentários ou locuções parvas por cima dos discursos originais, ao longo dos anos na TVI ou RTP1, por mais que fosse exasperante só ter acesso durante anos a versões Readers Digest, na RTP1, nunca, NUNCA as TVs nacionais desceram tão baixo como a vergonhosa parada de monstros que a SIC e a NOS encenaram este ano! Que raio de fantochada foi aquela? Auto promoção descarada, convidados "VIP" que pouco ou nada têm a ver com os Oscars, menos ainda com cinema, até convidados que "não tinham visto nenhum filme nomeado" e o declaram com toda a lata em directo para o país tinham! Para além de me deixar furiosa e extremamente chocada, só me apetecia enfiar a cabeça num buraco! QUE VERGONHA!

Como se não bastasse, o segmento seguinte, supostamente a Passadeira Vermelha, foi completamente boicotada por três comentadores em estúdio, mal moderados por José Carlos Meleira, jornalista e pivô que eu tinha bastante em conta até ontem à noite, estava mal preparado, disseram um monte de trivialidades e passadeira vermelha? Mostraram 3 ou 4 convidados e mesmo assim conseguiram falar por cima deles. Os convidados em estúdio até eram bastante decentes, João Lopes, crítico de cinema dos bons, de quem gosto muito e sei que é um fã sério de cinema, para além de não costumar dizer disparates, o ex-director de moda da VOGUE Portugal, cargo que JCM anunciou mal e não corrigiu, falou pouco, mas não falou mal, sobretudo dos vestidos, mas em termos gerais e Joana (?), jovem actriz da SIC, também não esteve muito mal no pouco que disse. O grande problema deste segmento é que para além de ninguém dizer nada de substancial, de JCM não deixar ninguém desenvolver, ainda teve o desplante de dizer: "estamos aqui a ver a passadeira vermelha", mas a nós, espectadores, que estávamos lá para isso, NÃO MOSTRARAM NADA!

Rita Moreno: 2018 - 1962

Felizmente há outras maneiras de ver a passadeira vermelha online e digo já que o melhor momento de moda foi a reciclagem do vestido de 1962, que levara aos Oscars, de Rita Moreno, cujasaia foi feita a partirdeum obi brocado, e ainda por cima ficou-lhe super bem em ambas as vezes! De resto, gostei do vestido espampanante de Whoopi Goldberg e gostei imenso do fato de calças de Emma Stone. Nos homens nada de muito marcante, as mulheres não mostraram nenhuma tendência, excepto talvez mais mangas que o habitual.

A cerimónia felizmente correu sem comentários nenhuns no canal 700 da NOS, fora os loops irritantes nos intervalos, foi óptimo, nem com publicidade apanhámos. Aparentemente os comentadores punham-se a opinar por cima dos discursos na SIC, mas não vi, já tinha tido uma overdose de estupidez.
Em si, gostei do cenário, cada vez com mais bling, mas sempre num estilo Art Déco, que só lhes fica bem, adorei os momentos "parvos", Helen Mirren, qual Preço Certo, a fazer festinhas ao JetSki, prémio para o discurso mais curto, e a ida ao cinema o outro lado da rua, surpreender os espectadores. Foi giro, não foi brilhante. Não acho grande piada ao Jimmy Kimmel. De resto, os prémios foram completamnte previsíveis, Frances McDormand e Gary Oldman pareceram aqueles Oscars de carreira, pois já tardavam, e não especificamente por causa dos filmes, se bem que merecidos e, não achando que Guillermo Del Toro estivesse no seu melhor em The Shape of Water, foi com um certo regozijo que vi um filme de ficção-científica/fantasia ganhar o melhor filme do ano. Será que a Academia está mesmo a mudar? E bom, arriscaram a reprise de Warren Beatty e Faye Dunaway no anúncio final e desta vez sem enganos embaraçosos.

Oscars.com


PS - tenho já um post alinhavado acerca dos Jogos Olímpicos de Inverno, mas ainda não terminei de ver tudo o que tenho gravado, publico logo que tenha visto.

29 janeiro 2018

Ficção-Científica Barroca

Mas não, não é o Flash Gordon, nem o Dune. É o Jupiter Ascending. Primeiro façamos uma pausa para apreciar como o título Jupiter Ascending é bom: tem pelo menos 2 interpretações imediatas: Júpiter em ascenção (astrologia), ascender a Júpiter e uma terceira interpretação após ver o filme: Júpiter a ascender; é fácil de traduzir sem perder os vários significados e é intrigante q.b.

Confesso que quando Jupiter Ascending estreou, não lhe dei muita importância, nem sequer percebi que é das Wachovski, mas passou este fim de semana no AXN, pelo que aproveitei a oportunidade para ver.

Trata-se de um filme bastante engraçado e mais inesperado do que pensava. Só achei uma coisa deveras irritante: a banda-sonora. Para além de a música não ser nada de especial, nem particularmente bonita, nem particularmente marcante, não há um miserável momento de silêncio no filme inteiro! Em cima disso, alguns dos efeitos sonoros, são muito irritantes e estão demasiado em primeiro plano, para não falar num clássico dos dias de hoje: os diálogos muito baixos em relação às cenas de acção, o que faz com que, em casa, tenhamos de estar constantemente a ajustar o volume. Creio que é suposto haver um certo equilíbrio, a não ser que haja alguma justificação estética ou narrativa. Neste caso, como em muitos outros, não se justifica e torna-se demasiado invasivo na experiência de ver o filme.

Mas vamos às coisas boas: gostei muito da história, tem algumas parecenças com o Flash Gordon, pessoa da Terra levada para um universo futurista barroco, com uma intriga política e de poder em curso, seres com asas, híbridos humanos com outros animais reconhecivelmente da Terra. O paralelismo que estabeleci com o Flash Gordon não é inocente, provavelmente se fizessem hoje um remake [vá-de retro, em equipa ganha não se mexe!] e se quisesse optar por uma estética igualmente barroca, provavelmente não seria muito diferente deste filme. Também noto algumas parecenças vagas com o Dune, nas lutas pelo poder e controlo de planetas inteiros.
Gostei como a narrativa toma um curso um pouco de conto de fadas de cabeça para baixo, lembra-me o Stardust nalguns aspectos. A ideia, já presente em The Matrix, de estarmos a ser manipulados por seres algures fora do nosso universo conhecido, não é original, mas é uma temática popular na literatura de ficção-científica, que é das minhas preferidas junto com as viagens no tempo, e é pouco usada em cinema. Obrigada manos/as Wachovski!
Também gosto, e gostei neste filme, da Mila Kunis, foi bem escolhida para este papel,tanto pela figura física, como pelo seu estilo de interpretação, mesmo sendo desejável que fosse um pouco mais que uma princesa em perigo, apesar do twist de uma mulher-a-dias ser a dona da Terra :D

Visualmente gosto de terem optado por um lado mais barroco, mas acho que, mesmo dentro do barroco, não simplificaram e há demasiada informação visual que não está lá a fazer nada. Mas neste caso é mesmo uma questão de gosto pessoal, e dentro do que se faz hoje, apesar de tudo, gosto do que vi, especialmente de alguns figurinos.

Jupiter Ascending passou um bocado despercebido e é pena, não é um filme brilhante, mas é bastante acima da média do que se vê por aí de filmes de acção/efeitos especiais e é muito bom de se ver.

Jupiter Ascending (imdb)

13 janeiro 2018

Portugal de Fachada

Oh, sim, está na hora de cascar!

Por acompanhar outras novelas no canal Globo, tenho apanhado uns rabinhos da novela Tempo de Amar e ando chocada com diversos aspectos desta novela.

Ando chocada, pois a novela passa-se 50 a 60% em Portugal algures nos anos 20-30 e:
- não tem um único actor português para amostra, nem o canastrão do Ricardo Pereira;
- já nem sequer ninguém faz o mínimo esforço de falar com uma pronúncia aportuguesada, nem de usar expressões idiomáticas típicas de cá, naquele registo irritante, cheio de chavões, mesmo que
- os regionalismos, sejam de cenários, nomes ou outros não fossem respeitados, não o são;
- existe um convento claramente nortenho, em pedra escura, com ar de granito, acho que até a vila/aldeia principal é perto do Porto, portanto provavelmente no Douro, contudo alguns nomes e os poucos regionalismos são mais característicos do Sul;
- até perdoaria o clássico preconceito de um estrangeiro a retratar outro país generalizando sem grande preocupação de fazer pesquisa, mas depois continuam a achar que os portugueses se tratam todos por "tu", independentemente da idade ou classe social;
- a vida quotidiana, em tempos árduos num Portugal muito conservador, é excessivamente romantizada onde seria bem mais interessante ampliar o drama da vida dura vigente, face à guerra iminente e a uma mentalidade cinzenta;
- o figurino das portuguesas é demasiado descascado para a nossa mentalidade fechada, quase nenhuma usa chapéu ou algo na cabeça, numa época onde ninguém saía de casa de cabeça descoberta;
- há uma estranha ausência de portugueses bigodudos na melhor oportunidade que tiveram de os ter sem se tornar num cliché cansado;
- foram buscar o Salvador Sobral, claramente uma manobra de mediatismo, pelo menos é português, mesmo que o estilo da canção não encaixe na época da novela, encaixa no lado romântico.

Enfim, o que ameniza isto tudo é que pelo que percebo pela narrativa, o Brasil também está retratado através desse filtro rosa-sépia e muitas das situações que já pude observar são descabidas e de um romantismo lamechas.

Mesmo assim acho vergonhoso terem a lata de passar esta novela em Portugal, só espero que tenham valores baixos de audiência... por cá.

Tempo de Amar

04 janeiro 2018

Do Politicamente Incorrecto


Comecei o ano a fazer uma mini-maratona de Little Britain enquanto ainda tinha o serviço NOS Play gratuito [acabou hoje - só vi 4 episódios de The Handmaids Tale :'( ]. Quando a série deu na RTP2 cheguei a ver alguns episódios e adorei, mas naquela altura tinha alguma dificuldade em lembrar-me do horário, acho que foi quando a Britcom passou de sábado para domingo, e acabei por não a ver com a fidelidade que gostaria. Infelizmente só consegui ver a 1ª série e metade da 2ª - estava a saber tão bem! - mas agora só quando a NOS der outra abébia destas, ou na candonga - o mais provável...

Enfim, que limpeza de cérebro, até o sinto a cintilar! Actualmente uma série destas geraria TANTOS problemas! Mesmo no Reino Unido!! Nudez frontal, preconceito, rudeza, insolência, racismo descarado, acho que a lista completa do politicamente incorrecto aplica-se! Mas tudo com aquela fleuma inglesa do: "insultas-me de alto abaixo, mas fá-lo tão bem que quero mais, mais!" Quando vi a série a primeira vez, quem me chamou mais a atenção da dulpa foi Matt Lucas, com aquela figura peculiar, principalmente na personagem the-only-gay-in-the-village Daffyd. Mas agora por quem me apaixonei foi por David Walliams, no seu escocês ("iyeeeeesss?"), nos seus travestis ("I am a lady, I do as a lady"), no Sebastian bichona, e todos os outros! É impressionante como ambos se transformam fisicamente, como ambos dão uma variedade tão grande de personagens e, principalmente, mulheres, como conseguem ser hilariantemente imbecis e iconclastas, como em cada episódio dei pelo menos uma bela e sonante gargalhada! Depois temos os convidados especiais, a narração brilhante a rebentar a 4ª parede de Tom Baker (sim, o 4º Doctor), o Ministro de Anthony Head, sim, "the bloke from Buffy", e como toda aquela insolência é tão divertida!

Tenho de deixar aqui a minha admiração embevecida pela qualidade impressionante das inúmeras perucas usadas pela dupla e também pelo guarda-roupa magnificamente pensado ao último detalhe!

Ver esta série com os olhos de hoje mostra como o mundo perdeu o sentido de humor e anda a levar-se demasiado a sério. Houve aqui um tipo qualquer de regressão, apetece dizer: "GROW UP!"

FELIZ 2018!!
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