TV-CHILD É UMA DESIGNAÇÃO QUE SE PODE DAR À MINHA GERAÇÃO, QUE CRESCEU
A VER TV. ESTE BLOG É 90% SOBRE TV, 10% SOBRE OUTRAS COISAS.

28 fevereiro 2005

77 Oscars

Os meus amigos ainda me perguntam "tu vês isso?", mas sim, eu acho piada ver os Oscars. É verdade que os Oscars são o que muitos dizem, apenas uma passagem de modelos, mas esse é um dos lados que me faz, há anos, ver fielmente noite fora a cerimónia.

Então começando pelo lado fashion: normalmente costumo ver primeiro qual é a tendência para os homens, uma vez que estão mais limitados no seu traje. Um ano a tendência era camisas escuras, outro o laço, outro o colarinho Nehru, etc. Este ano não houve uma particularmente marcada mas, no geral a maioria usou gravata, e não laço formal, em cores lisas e acetinadas. A excepção foi Johnny Depp que vestiu um smoking muito anos 50 azul. As mulheres este ano não variaram muito, a tendência foi uma silhueta muito anos 50 ou tinham vestidos em forma de A ou cauda de sereia [ver figura]. As excepções foram Hillary Swank, com um vestido com decote em barco e com as costas à mostra, e Natalie Portman, com um vestido com ar de deusa grega, muito diáfana. Não gostei do exagero das jóias de Beyoncé quando cantou a 2ª canção, no geral estavam todas elegantes, claro!

As cerimónias dos Oscars estão cada vez mais curtas, já lá vão os anos em que me deitava perto das 6h da manhã para dormir umas meras 1 ou 2 horitas e acordar para o trabalho a curar a ressaca de sono. O ano passado terminou por volta das 5h e este ano às 4h e qualquer coisa... qualquer dia a cerimónia é feita em fast-forward e já nem é preciso fazer o compacto de 2h para as televisões passarem no dia seguinte, é só legendar!

Parecia ao início que ia tudo acontecer sem grandes surpresas, The Aviator levou as primeiras estatuetas, mas as surpresas começaram a acontecer mais para o fim e os Oscars mais importantes não foram para The Aviator mas sim para Million Dollar Baby e Ray. Confesso que tenho um certo prazer em ver o blockbuster favorito perder esses Oscars, neste caso então, apesar de ainda não ter visto o filme, foi um prazer ver Leonardo DiCaprio, que me irrita imenso e que não acho grande coisa como actor, perder. Tenho pena para Scorsese, mas não acredito em filmes como este a não ser para passar 2h bem passadas numa sala de cinema. Para além disso acho que Clint Eastwood anda a fazer filmes muito interessantes e gosto imenso de Hillary Swank e, desculpa Anette Benning, ela é mais fixe que tu! Também ainda não vi o Ray, mas como Ray Charles é um músico excelente e o actor Principal, Jamie Foxx é igualzinho a ele, ainda bem que ganhou o Oscar! Gostei também de ver Alejandro Almenábar ganhar o Oscar po Mar Adentro (Penélope Cruz e António Banderas emocionados, chuif, chuif...) e mais ainda a curta de animação, que tive o privilégio de ver na sessão do Cinanima que vi na Culturgest, Ryan. Ah sim! os cinéfilos de cinema americano devem estar radiantes: Charlie Kaufmann ganhou o Oscar pelo melhor argumento original.

Os discursos. Este ano estava na moda agradecer à mãe, já ninguém agradece a Deus (antigamente fazia apostas a ver quem agradecia primeiro a Deus ou à família), Clint Eastwood até levou a dele! Velhinha, velhinha! O melhor discurso foi do autor da melhor canção, Jorge Drexler que, depois da vergonhosa performance de António Banderas a cantá-la, cantou somente um pouquinho da canção e não agradeceu a ninguém.

Por falar em velhinhos, foi com um enorme prazer que vi, ainda vivinho da silva e com um ar muito cute, Mickey Rooney. Outra surpresa nos convidados foi Prince, que pelos vistos já voltou a chamar-se "Prince". Outra ainda foi Yo-Yo Ma, o excelente, maravilhoso, fantástico violoncelista que foi tocar o 6º Concerto para violoncelo de Bach na homenagem aos falecidos em 2004.

Ah sim, falta-me falar do apresentador. Ao início parecia que Chris Rock ia ser agradávelmente políticamente incorrecto mas ficou-se pelo discurso de abertura em que deu algumas alfinetadas a George Bush mas depois a sua presença foi extremamente apagada e limitou-se quase a somente apresentar os apresentadores dos Oscars. De notar a falta de sentido de humor de Sean Penn que se sentiu ofendido por Chris Rock gozar com as multiplas presenças de Jude Law em filmes deste ano. Não achei nada de especial fora uma mini-reportagem à porta de um cinema em que se provou a ignorância do povo americano que desconhecia os filmes Oscarizados e para quem os melhores filmes eram títulos como Alien vs. Predator ou outros do género.

http://www.oscar.com/
http://www.imdb.com

TVI
madurgada de 27 para 28 de Fev.

25 fevereiro 2005

Tesouros Russos

Ontem, lá para as 3h da manhã na SIC, por incrível que pareça e sem anúncio prévio, passaram dois tesouros distintos do cinema Russo.

O primeiro foi o que me pareceu "O Homem da Câmara de Filmar" um clássico do cinema Russo documental (mudo) que marcou o cinema pelo mundo fora, com, aparentemente, uma nova banda musical que me soou a Michael Nyman dos seus tempos de colaboração com Peter Greenaway. O filme é um percurso mais ou menos alucinante pela vida diária da época, numa espécie de retrato realista com uma única mediação, a câmara de filmar. Já o apanhei a meio e acabei por não ver tudo, mas o que me parece estranho é que nem no site da SIC encontro informação alguma, portanto nem com certeza absoluta posso afirmar que era este o filme, porque, sendo a raridade que é, nunca tive antes a oportunidade de o ver.

http://www.imdb.com/title/tt0019760/

O segundo, que deu em seguida, e continuo sem certezas absolutas, foi o "Russian Ark", um filme recente experimentalista, que se trata de um único plano de sequência (plano único, sem cortes) filmado com as facilidades das novas tecnologias de video digital. Neste filme faz-se um percurso histórico sobre os vários acontecimentos que se passaram dentro das paredes do Museu Hermitage em S. Petersburgo. Sei que o filme teve um trabalho invulgar, tendo sido ensaiados os actores e inúmeros figurantes durante longo periodo de tempo para depois ter sido filmado, de uma só vez num único take. Este filme passou nas saudosas sessões da Associação Zero em Comportamento no Cine 222 em Lisboa, mas também não tive oportunidade de o ver na altura. Escusado será dizer que dada a hora não vi o Russian Ark até ao fim.

http://www.russianark.spb.ru/eng/index.html

É uma pena que tais obras passem a tais horas e pior, como se de alucinações se tratassem, sem uma única menção nas listas de programação!

21 fevereiro 2005

Eleições na TV?

Ainda bem que há a RTP2, agora 2:, e TV Cabo!

A ver se este país melhora!

19 fevereiro 2005

O Fahrenheit original

Por causa do filme de Michael Moore, Fahrenheit 9/11, tenho pensado muito que podiam aproveitar para passar o filme que deu origem ao título deste: Fahrenheit 451. O meu desejo foi atendido, vai passar brevemente na SIC Radical.

Fahrenheit 451 é um dos melhores e mais sublimes filmes de ficção-científica, realizado pelo realizador da Nouvelle Vague, François Truffaut, baseado no livro homónimo de um dos melhores e mais conhecidos autores de ficção-científica, Ray Bradbury.

Ray Bradbury fez parte de um grupo de apaixonados pela ficção-científica nos anos 50-60 que difundiam a sua paixão por variadíssimos meios desde a conceituada revista Omni a guiões para a série de televisão Twilight Zone (Quinta dimensão) de Rod Serling. Para além de Ray Bradbury e de Rod Serling alguns dos nomes envolvidos nessa vaga foram o sarcástico escritor Kurt Vonnegut e o actor, por vezes também autor, William Shatner. Os livros de Ray Bradbury são de leitura bastante acessível mas muito poéticos e cheios de conteúdo. Em Portugal encontram-se editados e traduzidos para português bastantes títulos, principalmente em edições baratinhas de bolso. Não há desculpa para não os ler, vale a pena!

De François Truffaut é difícil falar em poucas linhas, mas os seus filmes são os mais poéticos e acessíveis do grupo da Nouvelle Vague, onde experimentou muitos géneros, sendo este exemplo um dos seus mais belos e politizados filmes. São filmes como este que mostram que a ficção-científica não é um género menor, reduzido a naves espaciais e heróis intergalácticos, que há obras de primeira categoria, mas que infelizmente a grande maioria fica no papel e poucas sobrevivem no grande écran. Fahrenheit 451, apesar de dentro do género da ficção-científica, não é um bom filme só por causa disso, ultrapassa o género tornando-se, pelo seu subtexto num filme sobre a liberdade de expressão e a liberdade pessoal que ninguém nos pode arrancar.

http://www.imdb.com/title/tt0060390/

SIC Radical
brevemente, talvez para a semana

Mais CSI

Do mesmo modo que CSI: Miami nos foi apresentado num episódio de CSI, CSI: New York foi, na 4ª feira passada, apresentada num episódio de CSI: Miami. Isto significa que o AXN, infelizmente vai interromper a série CSI para dar lugar ao CSI: New York, já a partir da próxima semana.

Com o mega-sucesso que o muitíssimo carismático e charmoso William Petersen (eu gosto dele, confesso) deve ter tido como Gil Grissom, os produtores não quiseram deixar os créditos por mãos alheias e escolheram para as séries "filhas" dois excelentes actores que têm o seu "quê" de carisma: David Caruso para o CSI: Miami e Gary Sinise, excelente no seu ar perturbado de quem sofre sempre por não-sei-o-quê, para CSI: NY. Tanto um como outro, apesar de não terem o mesmo impacto que o practicamente desconhecido William Petersen (entrou no filme Manhunter, primeira adaptação de Red Dragon da saga do Silêncio dos Inocentes), têm ambos créditos firmados em TV e cinema e preenchem muito bem o papel de chefia das séries.

Outra coisa engraçada de que me apercebi nas 3 séries é a limitação da paleta de cores. Em CSI é essencialmente um ambiente nocturno com a predominância do preto rasgada pelo colorido pontual mas vivo dos neons. Em CSI: Miami predominam os pôr-do-sol com cores quentes e abusam, um pouco demais, a meu ver, dos filtros castanhos para dar aquela atmosfera quente de praia ao fim do dia. Em CSI: NY é uma paleta quase monocromática de cinzentos e azuis frios. É interessante ver como através de um estratagema tão simples eles diferenciam as séries para o olho menos atento do espectador comum.

A ver se o genérico também tem a música dos The Who!

http://www.cbs.com/primetime/csi_ny/

AXN
3ª, 21:30

14 fevereiro 2005

Levi's + Shakespeare

Já lá vão os tempos de publicidades bombásticas da Levi's, quem não se lembra do "Mr. Fantastic", das sereias ao som de Underwater Love ou do "Spaceman"? Todas essas publicidades eram excelentes e revelaram alguns talentos, tanto cinematográficos como musicais, mas as mais recentes publicidades para televisão da Levi's, se bem que mais discretas, ganham em subtileza.

A última que vi é um diálogo romântico entre um rapaz e uma rapariga, num ambiente urbano americano, nada de especial até aqui não fora o texto, o primeiro diálogo entre Bottom e Titânia na peça de William Shakespeare, "Sonho de uma noite de verão". Sendo esta peça uma das minhas preferidas do meu dramaturgo mais-que-preferido pude reconhecer o texto o que me deixou imensamente orgulhosa. Está aqui mais uma prova da riqueza das peças de Shakespeare e da sua fantástica versatilidade.

Deixo o link da minha modesta abordagem a esta peça, feita mais ou menos há um ano sob a forma de hipertexto: SNNV2004

http://www.eu.levi.com/index.jsp?lang=en&region=pt

12 fevereiro 2005

Myth Busters

Tropecei neste programa no meio de um zapping e talvez seja a coisa mais disparatada mas super divertida da TV por cabo!



Jamie e Adam são dois técnicos de efeitos especiais para cinema que resolveram se dedicar a desmascarar mitos populares. Os dois são doidos varridos e têm um aspecto a condizer: Jamie é careca, anda sempre com uma boina à francesa e tem uma bigodaça farfalhuda que mais parece uma morsa, Adam é um pouco mais convencional, tem o cabelo e a barba ruivos e costuma andar com um fedora de abas largas.

Os mitos que tentam desmascarar vão desde ver se implantes de silicone rebentam em grandes altitudes ou se é mesmo perigoso falar ao telemóvel numa bomba de gasolina! Para isso constroem gadgets inimagináveis com a ajuda de assistentes e ainda têm uma folklorista para assistir na parte da pesquisa. Não é raro as experiências acabarem em explosões ou muito malcheirosas!

http://dsc.discovery.com/fansites/mythbusters/mythbusters.html

Discovery Channel
sáb. 20:00

10 fevereiro 2005

Goodness Gratious Me!

They're back!



Sim, os indianos irritantes já estão de volta há umas 3 semaninhas.

Não podia deixar de comentar esta hilariante Britcom que tem imenso de original e de auto-crítica. Estes indianos não se vêem como os melhores do mundo ou "o povo coitadinho mais infeliz do mundo" (usando uma frase da
Doremi). Eles vêm-se, de forma naturalmente exagerada, pelos vícios e maus hábitos de um povo imigrante há, pelo menos, 3 gerações em Inglaterra.

Com racismos, sem racismos, a ordem do dia é ser politicamente incorrecto e com isso rir às gargalhadas!

http://www.screenonline.org.uk/tv/id/521352/index.html
http://epguides.com/GoodnessGraciousMe/

2:
sab. 23:00


09 fevereiro 2005

Finalmente ficção Nacional...

Não tenho escrito sobre ficção nacional em grande parte porque na maioria dos casos ou não vejo, ou não presto atenção. Até Amanhã Camaradas, dada a dimensão e qualidade da sua produção merece ambos.

Confesso que não vi tudo pois só a ideia de ver 3 horas seguidas de uma história, no mínimo densa, para além de assustador é seca! Mas o que vi deu-me uma ideia bastante boa do conteúdo geral e é disso que vou falar.

Em geral achei a série (?) sem mácula, com uma produção extremamente bem cuidada, fotografia excelente, cenários muito bem trabalhados e guarda-roupa sem as pequenas falhas de modernidade que de vez em quando se infiltram. O trabalho de actores foi muito sério e profissional, estando todos os intervenientes muito convincentes sem "teatralices" e vedetismos. A história faz parte de uma fase muito importante da nossa história do séc. XX que é pouco ou mal ensinada nas escolas e que os portugueses ainda têm alguma dificuladade em assimilar. 10 pontos só pela escolha da história! Em suma um excelente produto.

A apontar, achei talvez um pouco demasiadamente cinematográfico, isto é, planos muito abertos, poucos grandes planos e o genérico com letras demasiado miudinhas para um écran de televisão. Também achei a banda sonora demasiado repetitiva, apesar da extrema importância que Luís Cilia teve na época do 25 de Abril. Este tipo de banda sonora torna-se cansativa, principalmente em televisão. A cadência da acção por vezes também era muito repetitiva e lenta o que, da forma como foi programada a série, resulta em desvantagem.
Por último o maior "crime": porque resolveram programar uma série de 6 episódios de cerca de 1 hora em duas noites? Ainda por cima a começar às 22-23 horas e a acabar à 1-2 da manhã? Se era para apanhar o prime-time e a fidelidade do espectador, acho que teria sido mais interessante passar os 6 episódios de segunda a sábado, sempre no mesmo horário, por exemplo depois da novela. Até porque o espectador é fiel, o problema são as cadeias de televisão que alteram os horários constantemente sem pré-aviso o que faz com que se percam episódios pelo meio... Espero que reponham a série brevemente, por exemplo na semana entre o 25 de Abril e o 1º de Maio, e desta vez um episódio por dia em horário nobre.

Mais um mau pormenor: o site da SIC, que se dá ao trabalho de ter mini-sites das novelas brasileiras (que já os têm mais completos na globo) e de séries como o CSI, nem uma páginazinha tem dedicada a esta série... assim a promoção das produções nacionais vai longe...
http://www.sic.pt
http://www.imdb.com/title/tt0229881/

Foi-se um ídolo nacional

Na semana passada morreu um dos meus ídolos, o actor Canto e Castro. Infelizmente tal facto parece ter passado despercebido à grande maioria dos espectadores, tal como na vida, também na morte Canto e Castro não foi homem de protagonismos. Não vi exaustivamente todos os canais nacionais nesse dia (aliás soube da notícia pela rádio) mas pelo que percebi pouco mais houve que uma pequena notícia no Jornal da Noite da SIC. A 2: que costuma, nem que seja, repor algum especial ou programa com as personalidades que tenham morrido, nada fez de nota.

Canto e Castro era um dos melhores e mais interessantes actores nacionais que era tão bom tanto em comédia como drama, televisão ou cinema. Este tipo de actores não são frequentes no panorama nacional, julgo que se tivesse feito carreira fora de portas e gostasse de protagonismo como algumas jovens "vedetas" nacionais, o facto da sua morte teria sido mais notado e mais pessoas de várias gerações se lembrariam da carreira dele. Não tive o prazer de o conhecer pessoalmente mas calculo que quem o tenha feito, tenha tido a possibilidade de aprender imenso com um grande profissional e artista.

A fase da sua multifacetada e muitíssimo rica carreira que mais me marcou foi curiosamente a mais discreta delas todas, as dobragens de desenhos animados. No tempo em que os actores que faziam as vozes eram sempre os mesmos, Canto e Castro fazia sempre de avôzinho e ocasionalmente um vilão secundário, graças à sua voz rouca. É pena esse tipo de trabalho não ser considerado importante no nosso país, Canto e Castro fazia-o de modo excelente!

Fica aqui a minha modesta homenagem a quem foi, para mim, o maior actor português meu contemporâneo.

Henrique Canto e Castro, 1930-2005
http://www.imdb.com/name/nm0134611/
Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...

false

false