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31 janeiro 2007

Novela blockbuster

Tenho visto muitas capas de revista com a nova novela da Globo a passar na SIC, Páginas de Vida, o que demonstra o seu sucesso. Claro que tenho visto, até porque, para além de viciada em televisão, adoro novelas brasileiras. As novelas de Manoel Carlos costumam ser o tipo de novelas muito melodramáticas que me fazem lembrar sempre os filmes de Douglas Sirk, com Rock Hudson. Apesar de detestar o género, tal como os filmes de Douglas Sirk, costumo gostar das novelas dele pois são mesmo muito bem escritas e, naturalmente, bem feitas.

Mas nem tudo são rosas. Normalmente as novelas, dada a sua longa duração, costumam ser desequilibradas havendo um investimento extra no início e no fim e, eventualmente também numa pequena fase lá pelo meio. As novelas de Manoel Carlos também não são excepção se bem que as fase de fazer render o peixe são mais curtas e menos secantes. Outra característica das novelas blockbuster da Globo são inícios que implicam cenas gravadas num país estrangeiro, as óbvias mortes e casamentos para despoletar a narrativa e finais cheios de efeitos especiais e cenas que impliquem duplos.

O bom de Páginas de Vida é que resolveu muitíssimo bem dois aspectos do programa obrigatório. Os casamentos foram tratados com alguma simplicidade e serviram para introduzir uma personagem secundária bastante interessante, a fotógrafa de casamentos Isabel, e as mortes foram tratadas com sobriedade e uma lógica surpreendente. A de Lalinha foi discreta e no seguimento lógico da vida sem se porlongar em demasia, a de Nanda extremamente dramática mas muito bem pensada uma vez que não se recorreu a expedientes fáceis, como por exemplo ela, depois da discussão com a mãe, atravessar a rua e ser atropelada. O acidente foi isso mesmo, um acidente, e apesar de ela estar perturbada, ela queria viver, portanto não agiria de forma tão irracional. Afinal dizem que uma mulher grávida ou mãe tem os intintos de sobrevivência à flor da pele, não é?

Entretanto Páginas da Vida já entrou na clássica "2ª fase", outra característica das novelas blockbuster, e as coisas ainda andam ao rubro. A transição foi um pouco longa mas bem feita: em vez do típico texto a dizer "5 anos depois" foram mostrando as variadas passagens do ano, para marcar os anos, pontuadas pelo meio com os acontecimentos mais importantes na vida das personagens da história, não se concentrando apenas nos protagonistas.

Apesar de gostar muito de Regina Duarte, a personagem reincidente "Helena" é enervante de tão boazinha, simpática e humana. O que nos vale são os conflitos que sempre surgem em volta de uma personagem assim...

Apesar de já estar colada à novela, gostava de, pelo menos uma vez, ser surpreendida não apenas na qualidade da escrita, da realização ou no desempenho excepcional de alguns actores mas também que a estrutura não fosse tão previsível. Agora não me lembro de qual, mas já ouve novelas com 1ª, 2ª e/ou 3ª fase que não as desenrolavam cronológicamente, que as iam expondo em paralelo, à medida da necessidade dos acontecimentos. Esta é uma maneira de escrever novelas mais arriscada, implica, até certo ponto ter uma narrativa fechada, para não haver incoerências na história, o que não permite a flexibilidade do público poder influenciar os destinos das personagens. Com a prática e notoriedade que já têm alguns dos autores de novelas da Globo, Manoel Carlos, Glória Perez, etc. bem que podiam arriscar.

Páginas de Vida

SIC
2ª-sab. cerca das 22:00

28 janeiro 2007

Nem tudo são flores

Passado quase um ano e apesar de eu assumidamente gostar deste tipo de produto televisivo, Floribella tem, na grande maioria das vezes, uma qualidade bastante duvidosa.

Para além de uma iluminação e fotografia sem criatividade e muito pouco cuidada (chapões de luz, cenas nocturnas que parecem diurnas, etc.), o pior é mesmo a montagem. Duas cenas com personagens diferentes ou mesmo antagonistas, se passarem no mesmo cenário e serem montadas de forma a parecer que se passam ao mesmo tempo, acontecem com demasiada frequência. Este tipo de falhas gigantes de raccord (situações em que a continuidade cronológica ou espacial da acção é rompida) demonstram que depressa e bem, não há quem. Mas a montagem de Floribella, para além de extremamente básica não utiliza os truques mais simples e académicos de montagem, quando os tem frequentemente à mão de semear. Dou um exemplo: Magda e Delfina estarem a conspirar contra Flor por ela também ser herdeira da família (cena muito frequente) e a montagem nos levar na cena seguinte para uma cena no café com personagens que não têm nada a ver com o que se estava a falar. O lógico e académico neste tipo de cena é, por exemplo, aproveitar para passar para uma cena (também muito frequente) em que Flor tem dúvidas existenciais acerca do pai desconhecido.

Mas a cereja em cima do bolo foi uma cena/plano que deu há alguns dias: sem que as cenas anteriores ou posteriores a este plano tivessem alguma relação remota com esta, resolvem mostrar-nos um plano fixo do ramo da árvore no quarto de Flor, com um efeito especial, de pelo menos um minuto de duração, sem nenhum outro tipo de acção/interacção com personagens. Com algum esforço posso tentar interpretar este plano, mas que não tem rigorosamente lógica nenhuma dentro da narrativa estabelecida pela montagem, ah isso não tem!

Digo e redigo: a SIC tem na Floribella um tesouro a explorar comercialmente, mas não soube fazer as coisas. A promoção e merchandising veio tarde e a más horas (quase seis meses depois do lançamento da série) e não é grande coisa, exageram no tempo de antena Floribella, são demasiadas horas no ar, e tudo quanto é produto SIC tem de ter Floribella. Com tanto exagero o público farta-se demasiado depressa e acontece o mesmo que aconteceu à TVI e ao Big Brother, o segundo teve metade das audiências do primeiro e assim sucessivamente. Por mais que Floribella continue a ser popular, anda a arrastar-se em demasia, as diversas peripécias começam a ser repetitivas e já se anseia há demasiado tempo por uma conclusão.

Floribella

SIC
2ª - sab.: 21h15

18 janeiro 2007

*queijo gratinado

Mais uma tradução feita com os pés: No programa Martha na SIC-Mulher, Martha Stuart dava a sua "lição de culinária nº10: Almondegas". Infelizmente a brilhante tradução na legendagem de um dos ingredientes das ditas almondegas era queijo gratinado, mas o que ela disse foi grated cheese e o que deitou para a mistura foi queijo (parmesão - parmegiano reggiano) ralado. Acho que queijo gratinado numa mistura para fazer almondegas, deve torná-las um bocado borrachentas (vai na volta é bom??!)...

grate

09 janeiro 2007

Uns €€€ para George Lucas

Ao chegar à bilheteira da exposição de Star Wars (a qual eu TINHA de ver) vi que havia desconto até aos 7 anos de idade ao que perguntei: "e nós os fãs de pedra e cal, desde os anos 70, que estamos fartos de dar dinheirinho ao George Lucas?". Mal sabia eu quão sábia e premonitória era esta pergunta...

Mesmo que fosse de graça, a exposição está mal montada, os objectos/obras em exposição vêm-se muito mal, não existe uma ordem lógica para expor os objectos e há excesso de objectos dos 3 filmes mais recentes (Episode I, II e III) em detrimento de memorabilia fundamental na saga, em especial dos 3 primeiros filmes (Episode IV, V e VI). Millenium Falcon: nem um cheirinho, Star Destroyers: apenas uma torre, Death Star: apenas um holograma de uma empresa (aparentemente portuguesa) de meios de publicidade, sabre laser: só o de Darth Maul e muito mais faltas...

Uma das coisas que mais me entusiasmou ver (se é que se pode chamar ver ao que aconteceu) foram dois exemplos de matte paintings expostos, mas ambos estão TÃO mal iluminados que um deles práticamente não se vê. Passo a explicar: matte paintings são umas pinturas, feitas inteiramente à mão, com técnicas especiais, que se usam como cenários, como por exemplo o poço onde Luke Skywalker fica pendurado em Império Contra-Ataca, com uma pequena área pintada de preto onde a acção, filmada em escala real com os actores numa réplica desse pedaço de cenário, é posteriormente sobreposta opticamente (hoje-em-dia são feitos essencialmente em 3D). Este trabalho é altamente especializado, e a saga Star Wars foi responsável por alguns dos melhores matte paintings da história do cinema e os profissionais que trabalham nesta área são e sempre foram raros. É realmente um crime que duas obras de arte que são aquelas pinturas sejam tão menosprezadas em tal exposição.

Mas se fosse apenas isso... infelizmente quase todos os objectos encontravam-se iluminados em contra-luz (muito provávelmente para evitar que sejam tiradas fotografias decentes - preferia que fossem proibidas fotografias mas as coisas se vissem como deve ser), o que faz com que nem ao vivo seja possível vê-los em condições. Infelizmente também muitos dos modelos/maquetes só podiam ser vistos de um ou 2 ângulos, em particular todas as peças de guarda-roupa que se encontravam em vitrines, onde não se podiam ver as costas ou certo tipo de pormenores.

Mais infelizmente ainda, para além da fraca qualidade dos textos originais ainda temos que apanhar com traduções feitas em cima do joelho, quem sabe se não num tradutor automático, tipo babelfish. Felizmente que a versão em inglês também lá estava, onde cotton swabs são cotonetes e não tufos de algodão...

Mesmo assim, apesar de a relação qualidade-preço ser desequilibrada, é daquelas oportunidades únicas e para ver aquelas peças decentemente só muito provávelmente num museu no Skywalker Ranch ou coisa parecida.
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