TV-CHILD É UMA DESIGNAÇÃO QUE SE PODE DAR À MINHA GERAÇÃO, QUE CRESCEU
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27 junho 2010

Uma nova era


Como já contei na História da minha TV, passei a minha infância com uma TV, a preto e branco, apenas com a banda de VHF (que só permitia ver a RTP1) e ecrã de 6 polegadas. Depois passei a minha adolescência com televisões a preto e branco, com ecrã de 15 polegadas, com a ocasional variante para uma a cores e de ecrã de 20 polegadas. E a idade adulta passei-a essencialmente com uma TV, flatscreen, a cores, com ecrã de 15 polegadas (se bem que ultimamente não era a minha original, mas uma emprestadada de pior qualidade). Até Janeiro passado... mais concretamente até há 15 dias atrás quando montei a parafrenália toda.

Nesta nova era de flatscreens LCD, plasmas, etc. tornou-se relativamente fácil adquirir televisões novas a bons preços. Eu continuo a pelintra de sempre, mas, graças à generosidade de um bom amigo, essa facilidade transbordou para os meus lados e, pela primeira vez na vida, vejo televisão num ecrã panorâmico de 27 polegadas e em stereo!! Ainda é um cinescópio, mas eu gosto de cinescópios, não é o modelo mais moderno e sofisticado, para ver TV normal (4:3) fico com barras de lado e quando o programa é panorâmico a imagem fica meio a flutuar numa moldura negra, mas mesmo assim é o maior formato de imagem que já tive e o som... o som é o mais estranho! Estou de tal forma habituada ao som das TVs pequenas, que têm a coluna na parte de trás e cujo o som que oiço me chega reflectido pela parede por trás da TV, que ter duas colunas à frente e ainda por cima stereo é, no mínimo, estranho!

Ah, e o presente não veio só, veio com um leitor de DVD de sala! Se se perguntarem acerca da imagem na TV, sim é o Tenth Doctor , do episódio Idiot's Lantern da 2ª série (nova era) de Doctor Who, na BBC Entertainment. E ao lado está a minha sonic screwdriver, que utilizei para montar o armário da IKEA (assim é mais rápido! sou mesmo geek... ), e pode se ver parte da minha modesta mas seleccionada colecção de DVDs.

Hehee! Agora, mais que nunca, é que não me apetece descolar do aquário!

14 junho 2010

*escova de ar

Mais uma vez a tradução foi deixada em piloto (tradutor) automático: num dos episódios de Cake Boss, onde aliás são cometidos vários erros de tradução, traduziram airbrush por escova de ar...

Meus senhores e minhas senhoras tradutores: airbrush em português é aerógrafo e como é um instrumento que serve para pintar, quando muito pincel de ar... mesmo assim é ridículo, uma vez que a palavra aerógrafo existe e está cá para ser usada.

Nem sequer consigo ser sarcástica, de tal forma é deprimente esta demonstração de incompetência, ignorância e preguicite aguda.

airbrush
aerógrafo

09 junho 2010

A máfia dos bolos



Imaginem se Os Sopranos abrissem uma pastelaria, qual seria o resultado? Cake Boss, o reality show mais delicioso da TV!

Desde que comecei a ver os teasers de Cake Boss no Discovery Travel & Living (anterior People & Arts) que percebi que este era um reality show que gostaria de ver e acertei, o programa é o máximo!

Porque é que este reality show, em tudo semelhante a todos os outros do Travel & Living, câmaras acompanham o dia-a-dia de uma família/negócio/pessoa invulgar (riscar o que não interessa) apenas mostrando aquilo que tem interesse/é escandaloso/puxa à lagriminha (riscar o que não interessa), é diferente ou me chamou a atenção?

1. Decoração de bolos. Tal como a personagem de Herman José, "eu sou mais bolos", gosto de fazer bolos e acho fascinante o ofício de decorador de bolos (já fiz umas tentativas tímidas onde não me saí nada mal).
2. Buddy, o Cake Boss. O homem é o típico italiano de New Jersey, a falar "new yorkeese" cerrado, exagerado, emocional, temperamental, mas, no fim das contas, um tipo simpático.
3. La Famiglia. Todos os elementos que trabalham na Carlo's Bakery se comportam como uma família de mafiosos, no seu lado mais pitoresco e engraçado. Berram, gritam, riem-se, espicaçam-se, divertem-se, discutem, comem.
4. O programa é divertido, os bolos são um espanto!

Ao contrário de praticamente todos os reality shows do género, este não puxa à lamechice, não vai buscar as tristes histórias do passado dos clientes, não pega nas discussões de forma alarmista de tablóide. Toda a narrativa e o tom da série é de comédia, em tudo semelhante à forma como n'Os Sopranos se pegou no "outro lado" de uma família de mafiosos, se mostrou que são gente, utilizando o humor como meio. Esta famiglia de pasteleiros funciona nuns moldes em tudo semelhantes à ideia que normalmente se tem da máfia. O chefe que ninguém quer contrariar, a mamma que é a única que o admoesta, as sorellas, que mesmo sendo mais velhas têm de andar (contrariadas e a refilar) a toque de caixa, a família toda envolvida no negócio, o respeito religioso das tradições, etc., etc. Mas em vez de andarem a matar pessoas e afazer lavagem de dinheiro (sabe-se lá!) eles fazem bolos, e bolos magníficos. Dentro desse sensação de máfia que nos deixam, lembro-me sempre de umas escadas estreitas e íngremes dentro da pastelaria, onde sempre pensei se nunca teria caído nenhum bolo por ali abaixo. Eis que num episódio um bolo de 3 andares, todo decorado, estatela-se por ali abaixo no dia da entrega... Pensei, "ai que agora é que vão ser elas", não, Buddy coloca as mãos na massa e consegue fazer novo bolo, igual ao que se espatifou, em questão de horas! Claro que o moço de entregas, o primo Anthony, já não faz a entrega, mas a bronca, propriamente dita, é deixada fora dos ecrãs. Gostei!

Por outro lado as histórias dos clientes apresentadas vão dos bolos para instituições, com histórias mais ou menos sérias, em que os sentimentos de honra da famiglia vêm sempre ao de cima, até aos clientes exóticos onde há de tudo: a menina bem do Upper East Side de Nova Iorque que, com um ar enjoado diz entre dentes que não acredita que está em New Jersey, a "bridezilla" que saca das bisnagas de corante e estraga o próprio bolo, o marido dedicado que encomenda um sortido de especialidades (italianas) da casa para satisfazer os desejos da mulher grávida, etc.

No meio disto tudo até se aprendem algumas técnicas de pastelaria à italiana e de decoração de bolos. Todos ganham!

Cake Boss

04 junho 2010

Entre novelas

Viver a Vida ainda mal acabou e já deixou saudades... É raro eu falar de telenovelas, apesar de acompanhar com alguma assiduidade as novelas da Globo, mas Viver a Vida foi sem dúvida especial.

Sempre achei as novelas de Manoel Carlos viciantes, mas o excesso de melodrama quotidiano costuma me enjoar, pelo que tenho visto quase todas. Nenhuma (excepto talvez Felicidade) tem sido verdadeiramente marcante para mim, que em geral gosto mais das novelas da hora do almoço ou da tarde.

Mas, como já disse, Viver a Vida foi especial. As Helenas de Manoel Carlos costumam me desagradar, despertar em mim instintos particularmente violentos, independentemente da actriz que as interpreta. Taís Araújo não foi excepção. Não gosto nem desgosto dela como actriz, gostei muito da sua interpretação em Da Cor do Pecado, a sua primeira novela como protagonista, mas não há meio de gostar da sua Helena. Serão as Helenas demasiado reais? Talvez. Numa novela procuro verosimilhança mas não naturalismo, portanto personagens demasiado naturais, como se fossem alguém que pudéssemos conhecer pessoalmente, raramente me chamam a atenção. Para isso já tenho a realidade.

Mas o que mais gostei em Viver a Vida foi a reviravolta de protagonista que a novela deu, até bastante cedo, com a troca de protagonismo de Helena para a Luciana tetraplégica. Desde o início sempre gostei mais da personagem da Luciana por ser caprichosa e muito rica (de personalidade, não de dinheiro - que por acaso também era), com imenso espaço para se desenvolver, ao contrário da Helena que é uma personagem algo estagnada que pouco evolui dentro das tramas. Luciana é sem dúvida a interpretação da vida de Alinne Morais, ela vai ter de se esforçar muito para se desligar e desligar o público da "sua" Luciana. Não foi apenas a interpretação física, por sinal bem dominada, de uma teraplégica, mas mais a riqueza de uma personagem, que é uma lutadora com um humor interessante, e que certamente comoveu muito boa gente, pois até me comoveu a mim, osso duro de roer que sou...

Outra qualidade de Viver a Vida foram algumas mulheres, nomeadamente a insolente Isabel, Adriana Birolli, e a doida/bêbada Renatinha, Bárbara Paz. Ambas as actrizes estreantes em novelas e ambas a surpreenderem e certamente a superarem as expectativas das personagens. Também gostei bastante da Tereza de Lília Cabral, uma actriz que me tem chamado a atenção desde sempre. Desta vez os homens ficaram claramente em desvantagem, havendo poucos verdadeiramente estimulantes e ficando todos os louros para o também estreante em novelas Mateus Solano, com o papel duplo dos gémeos Miguel e Jorge. O rapaz, não cumprindo o modelo de galã típico de novela da Globo (esse mérito ficará mais para a dupla Bruno, Thiago Lacerda, e Felipe, Rodrigo Hilbert) não é nada de se jogar fora, é extremamente sedutor com a câmara e deu muitíssimo bem conta do recado do esforço que é fazer um papel de gémeos numa novela destas onde provavelmente trabalhou todos os dias durante uns 9 meses.



Entretanto estreou Passione, uma novela de Sílvio Abreu, cheiinha de vedetas até ao tecto, praticamente não há nomes desconhecidos no elenco principal e secundário, mas da qual tenho bastantes receios. O primeiro é que seja O Clone - Parte III (O Clone - Parte II foi O Caminho das Índias), pois ando com um bocadinho de falta de paciência de ver um bando de actores com méritos confirmados a fazer papel de idiotas a falar meio português, meio italiano, só porque fica bem ter um bando de gente aos berros com sotaque e uns 4 ou 5 maneirismos. Não, se for isso desisto. Mas ainda há esperança, O Clone e O Caminho das Índias foram ambas escritas por Glória Perez (gostei bastante de O Clone, mas não tive paciência para O Caminho das Índias) e esta é escrita por Sílvio Abreu, que costuma fazer novelas ágeis e cheias de intriga. Sou fã de Glória Perez, acho que ela herdou o estilo de dramalhão à antiga de Janete Clair (de quem foi assistente) mas n'O Caminho das Índias ela auto plagiou-se e a novela era um seca onde a verosimilhança se perdeu em prol do folclore colorido e exótico.

Com a sua intriga de conspiração e traição, apesar de ter no elenco muita gente que gosto de acompanhar (Reynaldo Gianecchini, Mariana Ximenes, Carolina Dieckmann, Rodrigo Lombardi, Elias Gleiser, Leandra Leal, Gabriela Duarte, e muitos outros) não sei porquê, nestes primeiros episódios, não me cativou e não sei se vou ter paciência de acompanhar.

Mas como as novelas são longas e criam o hábito de saber que algo está a dar àquela hora, acho que ainda lhe vou dar o benefício da dúvida mais uma semanita. Para já as duas da tarde, A Armadilha (no original Cama de Gato) e Caras e Bocas, a primeira mais que a segunda, já me satisfazem a quota diária de telenovelas.

Viver a Vida
Passione
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