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20 setembro 2006

Genéricos

Esta segunda-feira estrearam duas novelas na SIC, uma portuguesa e uma brasileira. A brasileira, Bang Bang, já tinha tido uma falsa partida e foi bastante esperada e desejada por mim (é comédia, é novela do disparate, é insólita, trilhões de citações cinéfilas não só de westerns e Sidney Magal). A portuguesa, Jura, despertou-me alguma curiosidade mas cedo me aborreceu (parece lamechas, o sexo tem um ar gratuito, e a intriga demasiado linear).

Mas o maior contraste de todos são realmente os dois genéricos (infelizmente o de Jura não encontrei no YouTube), que, de certo modo, dizem imenso ácerca das novelas:

O de Jura segue a fórmula dos genéricos das novelas da TVI em que o título da novela é o mesmo que um qualquer sucesso passado da música popular portuguesa que é a canção do mesmo, é um pouco pretencioso e mostra maminhas a mais para um objecto televisivo que chegou a passar mais que uma vez a horas diurnas, algo impróprias para certos públicos. E tanto sexo num genérico faz-me pensar em maus filmes com bons trailers: basta ver o trailer por que o resto não vale a pena. A imagem final (2 casais mais um trio, com uma loira e outra morena) parece que conta uma história básica e linear, para mim desinteressante pois aparentemente as intrigas de cada casal não se entrecruzam amorosamente, pena.


O de Bang Bang é muito bem feito em 3D, com bonecos muito engraçados, conta a intriga principal da história, mas deixa antever pouco das rocambolescas peripécias que uma novela brasileira, que é um western sem grandes preocupações com rigores históricos ou geográficos, pode prometer.

Após ver um pouco da cada episódio, pelo menos por enquanto já desisti de Jura mas quero acompanhar Bang Bang por imensas razões:
- os protagonistas Fernanda Lima, antes apresentadora da Globo com carisma, e Bruno Garcia, que é giro;
- Evandro Mesquita e Kadu Moliterno a fazerem de machões travestidos para usufruirem de uma "reforma" sem precalços;
- Tarcísio Meira, mais uma vez a gozar com a sua imagem de canastrão (apesar de só nos primeiros episódios);
- o regresso de Joana Fomm a um registo de comédia disparatada;
- ver Guilherme Berenguer e Daniele Suzuki fora da Malhação;
- o genial Ney Latorraca a fazer de cientista louco, à lá Regresso ao Futuro;
- Sidney Magal numa personagem a tempo inteiro;
- a fabulosa Betty Lago a fazer de Calamity Jane;
- personagens improváveis;
- os nomes das personagens;
- Marcos Pasquim, Marisa Orth, Nair Belo, etc...

As novelas brasileiras género comédia do disparate hão de ser sempre as minhas preferidas!

Jura
Bang Bang

SIC
2ª a 6ª, a partir das 23:00 (primeiro Jura e depois Bang Bang)

15 setembro 2006

Miserabilismo

Se há tendência que me tem vindo a irritar há uns anos, principalmente desde o início do "fenómeno" Big Brother, mas que a SIC, com programas como o Perdoa-me e afins já tinha timidamente começado, é que problemas chatos, graves ou porlongados parece que apenas têm solução à vista sendo expostos num programa de TV, principalmente se for para donas-de-casa (não me refiro às gajas boazonas da série americana).

Portanto: se alguém tem uma doença grave e não tem modo de financiar a cura, vai ao Fátima Lopes, se alguém tem apetências profissionais (sejam elas quais forem) mas não arranja trabalho, vai ao Você na TV ou então se alguém é (ou julga que é) um artista incompreendido, concorre aos múltiplos concursos de talentos existentes...

E quem não quer aparecer na televisão? E quem justamente tem necessidade de algum tipo de ajuda e prefere não recorrer à Floribella? O nosso país anda desesperado: ninguém arranja emprego, quem o tem mantém-no, à custa de aturar muitas chatices porque precisa de pagar contas, o sistema de saúde, para além de corrupto é mais que injusto, a cultura é desprezada e o verdadeiro talento ou competência é raramente reconhecido por quem deve.

Este pode parecer um discurso bastante negativo e pessimista, mas ao ver ontem, porque estive de cama, a SIC, no Contacto, a aproveitar-se indecentemente do desejo de uma miúda com um grave problema de saúde de conhecer a Floribella e da ignorância (ou ingenuidade) da mãe irritou-me. Nunca que uma situação deste tipo deveria ter sequer possibilidade de acontecer! Cada um cumpriu o seu papel: a mãe quis cumprir o desejo da filha porque gosta dela, a SIC aproveitou para espremer mais algum share de audiências à custa de desfavorecidos parecendo que estava a ajudar, mas o que eu vi foi uma grandecíssima hipocrisia que metia nojo! Coitada da miúda que era engraçada e inteligente, mas nova demais para se aperceber do abuso a que estava a ser sujeita, alimentado pelo desejo ingénuo de conhecer a sua heroína.

Recentemente, por outros motivos completamente opostos à desgraça alheia, dirigi-me à SIC (por e-mail, pelos canais próprios) para lhes fazer uma proposta de um pequeno projecto meu, a resposta que obtive foi qualquer coisa como: "... em que programa quer aparecer ou expor o seu trabalho?" ao que eu respondi prontamente que não quero nem nunca foi minha intenção aparecer na televisão. Claro que a este mail ninguém me respondeu.

Volto a perguntar: será que para se conseguir alguma coisa nesta terra uma pessoa tem de ter de se expor a programas dos coitadinhos na televisão?



Pronto, já desabafei!

12 setembro 2006

Torres censuradas



Este foi o "tal" trailer que após 11 de Setembro de 2001 nunca mais foi visto... o que nos vale é a partilha de ficheiros na net!

11 setembro 2006

Gémeas

Apesar do choque que foi há 5 anos (fiquei completamente abananada) acho que já não pensava sériamente no 11 de Setembro desde aí. Ontem achei o Herman SIC completamente despropositado (facto que anda a ser frequente) e felizmente zappei para RTP1 que estava a dar uma série de excelentes documentários sobre o acontecimento.

O melhor de todos foi um sobre a foto do suicida, 9/11: The Falling Man, publicada apenas uma vez e depois censurada e o facto de o governo e os media americanos terem "esquecido" que, em desespero de causa, muitos dos trabalhadores das Twin Towers escolheram o suicídio a serem esturricados. O motor desta busca foi o escritor Tom Junod que, em vez de sensacionalismo, procurou buscar o verdadeiro sentimento humano, por trás de toda esta tragédia, sem lamechices ou miserabilismos.

Claro que, não sendo americana e não tendo uma educação católica, é-me talvez muito mais fácil identificar-me e gostar de um documentário assim, nem sequer conheci alguém que conhecesse alguém que tenha sido vítima do ataque. Mas a censura posterior ao ataque que se reflectiu em diversos meios como uma banda desenhada do Super-Homem ou no filme do Homem Aranha (houve um trailer fabuloso em que o Spiderman fazia uma teia entre as torres) e muitos outros pequenos acontecimentos, sempre me fez imensa confusão. Tentar apagar um acontecimento tão grande apagando os seus vestígios nos media é totalmente idiota e impossível. O ser humano tem memória curta, mas não tanto.

Por outro lado foi pena que o alvo dos terroristas tenha sido um símbolo gráfico tão potente e interessante e que, infelizmente, era simultâneamente um símbolo do "poder do imperialismo americano".

Mais uma vez aqui prova-se que a RTP, quando quer, esmera-se, é preciso é estar com atenção ou o carregar mais no botão 1 do telecomando.

9/11: The Falling Man

07 setembro 2006

Brontë

Por acaso prestei atenção à programação da TV no jornal Metro de ontem e estive a ver, na RTP-Memória, o filme, dos anos 40, Jane Eyre.

Já há tempo que não via assim um filme na TV. Quero dizer um filme de ponta a ponta (sem me distrair com outra coisa qualquer cá por casa), um filme que não é a repetição da repetição da repetição, ou então a estreia na TV Portuguesa que já na semana passada tinha passado num qualquer canal de cabo e, mais ainda, um filme antigo, de uma fase que muito aprecio, apesar de datada.

Ainda tive mais dois incentivos externos: o facto de ser uma adaptação do livro homónimo de Charlotte Brontë e de ter, como protagonistas, Orson Welles e Joan Fontaine. O filme é uma adptação bastante interessante, mas muito datada. Confesso de que gostei mais de Joan Fontaine do que de Orson Welles (de quem sou fã), sempre imajinei Edward Rochester como um homem mais amrgurado ou torturado e menos frio e desapaixonado. Mas Joan Fontaine, se bem que também longe da Jane Eyre que sempre imaginei, consegue, dentro dos parâmetros de um filme do Studio System dos anos 40, ter uma actuação estranhamente apaixonada e intensa. Como brinde temos uma Agnes Moorhead (sem dúvida com dedinho de Orson Welles no casting, pois ela também pertencia à sua companhia, o Mercury Theatre) a fazer da cruel e mesquinha tia de Jane.

Não é a adaptação de Wuthering Heights, com Lawrence Olivier e Merle Oberon, mas cumpre bem e foi um serão bem passado frente ao aquário.

RTP-Memória
05.09.2006, cerca das 22:00

Jane Eyre (1944) - IMDB

06 setembro 2006

Anita

Tive dois ou três livros da Anita, pois a minha mãe (e com razão!) achava que promoviam um modo de vida pueril e conservador em que as mulheres são boazinhas, bem comportadas e primorosas donas-de-casa. O que a minha mãe falhou em ver nos livros da Anita (e talvez não) era o que apelava tanto a mim como às outras raparigas (até hoje!): as lindas e românticas ilustrações e a forma idílica como o mundo era mostrado, à laia de conto de fadas.

Há muito tempo que nem sequer folheio um livro da Anita, mas ando espantada com o facto de um produto, que já era considerado antigo quando era miúda, ainda sobreviver e a ter sucesso! Com a estratégia, até bem simples, de marketing de transformar a Anita em fascículos coleccionáveis com o bónus de uma boneca e de uma reprodução do "fato da semana" para vestir, a Anita tem tido um renascimento impressionante! Quase todos os dias vejo alguma miúda, dos 6 aos 8 anos, com um enorme cartão do fascículo da Anita na mão e com um sorriso de satisfação nos lábios, sem sequer lhe passar pela cabeça que, nos anos 70, miúdas da idade dela (provávelmente a mãe dela também) matariam para possuir algo semelhante, se existisse.

Não há dúvida que há desejos e sentimentos que são cíclicos e universais, com tanta crise ninguém quer pensar em realismo na ficção, as pessoas precisam de produtos para sonhar acordadas. Foi assim nos anos da depressão, nos anos 30, nos Estados Unidos, em que os musicais e estrelas como Shirley Temple vingaram e agora volta a repetir-se nesta crise indefinida e desfocada pela qual parece que o mundo anda a passar (talvez o culpado ainda seja o "el Niño" ou o Bin Laden).

Associo sempre picos de ficção fantasista a estes periodos, pode ser filosofia de algibeira, mas o certo é que não me tenho enganado.

02 setembro 2006

bombeiros...

Não tenho nada contra séries com ou sobre sexo e toda a gente sabe que sexo vende, mas ao ver (com muito pouca atenção) pedaços do episódio desta semana e da semana passada de Rescue Me pareceu-me que a série é sobre sexo e não sobre bombeiros, seu dia-a-dia, seus dilemas, etc., etc.

No episódio da semana passada era só sexo e conversas, no quartel de bombeiros, sobre sexo. Esta semana idem, até tinha uma tipa a medir o pirilau de um deles! Só faltava mostrar! (já agora...)

O que me faz confusão nisto tudo é o modo como a série é publicitada e divulgada ser completamente diferente do que depois tenho visto no écran, uma série sobre sexo que por acaso se passa no ambiente de um quartel de bombeiros e não uma série sobre a dura vida dos mesmos.

FX Networks - Rescue Me

SIC
6ª, 00:40
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