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29 janeiro 2018

Ficção-Científica Barroca

Mas não, não é o Flash Gordon, nem o Dune. É o Jupiter Ascending. Primeiro façamos uma pausa para apreciar como o título Jupiter Ascending é bom: tem pelo menos 2 interpretações imediatas: Júpiter em ascenção (astrologia), ascender a Júpiter e uma terceira interpretação após ver o filme: Júpiter a ascender; é fácil de traduzir sem perder os vários significados e é intrigante q.b.

Confesso que quando Jupiter Ascending estreou, não lhe dei muita importância, nem sequer percebi que é das Wachovski, mas passou este fim de semana no AXN, pelo que aproveitei a oportunidade para ver.

Trata-se de um filme bastante engraçado e mais inesperado do que pensava. Só achei uma coisa deveras irritante: a banda-sonora. Para além de a música não ser nada de especial, nem particularmente bonita, nem particularmente marcante, não há um miserável momento de silêncio no filme inteiro! Em cima disso, alguns dos efeitos sonoros, são muito irritantes e estão demasiado em primeiro plano, para não falar num clássico dos dias de hoje: os diálogos muito baixos em relação às cenas de acção, o que faz com que, em casa, tenhamos de estar constantemente a ajustar o volume. Creio que é suposto haver um certo equilíbrio, a não ser que haja alguma justificação estética ou narrativa. Neste caso, como em muitos outros, não se justifica e torna-se demasiado invasivo na experiência de ver o filme.

Mas vamos às coisas boas: gostei muito da história, tem algumas parecenças com o Flash Gordon, pessoa da Terra levada para um universo futurista barroco, com uma intriga política e de poder em curso, seres com asas, híbridos humanos com outros animais reconhecivelmente da Terra. O paralelismo que estabeleci com o Flash Gordon não é inocente, provavelmente se fizessem hoje um remake [vá-de retro, em equipa ganha não se mexe!] e se quisesse optar por uma estética igualmente barroca, provavelmente não seria muito diferente deste filme. Também noto algumas parecenças vagas com o Dune, nas lutas pelo poder e controlo de planetas inteiros.
Gostei como a narrativa toma um curso um pouco de conto de fadas de cabeça para baixo, lembra-me o Stardust nalguns aspectos. A ideia, já presente em The Matrix, de estarmos a ser manipulados por seres algures fora do nosso universo conhecido, não é original, mas é uma temática popular na literatura de ficção-científica, que é das minhas preferidas junto com as viagens no tempo, e é pouco usada em cinema. Obrigada manos/as Wachovski!
Também gosto, e gostei neste filme, da Mila Kunis, foi bem escolhida para este papel,tanto pela figura física, como pelo seu estilo de interpretação, mesmo sendo desejável que fosse um pouco mais que uma princesa em perigo, apesar do twist de uma mulher-a-dias ser a dona da Terra :D

Visualmente gosto de terem optado por um lado mais barroco, mas acho que, mesmo dentro do barroco, não simplificaram e há demasiada informação visual que não está lá a fazer nada. Mas neste caso é mesmo uma questão de gosto pessoal, e dentro do que se faz hoje, apesar de tudo, gosto do que vi, especialmente de alguns figurinos.

Jupiter Ascending passou um bocado despercebido e é pena, não é um filme brilhante, mas é bastante acima da média do que se vê por aí de filmes de acção/efeitos especiais e é muito bom de se ver.

Jupiter Ascending (imdb)

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