Hoje Doctor Who faz 55 anos! Cinquenta e cinco! É extraordinário como uma série, ainda por cima de ficção-científica - um género considerado menor - ainda existe, ainda é produzida, ainda está no ar. O segredo é fácil: uma permissa muito simples e sólida, suficientemente versátil para ter sobrevivido às mudanças sociais e de gosto.
Aproveito o aniversário para falar da mais recente mudança, A 13ª Doctor.
Sou daquelas que adorou Peter Capaldi no papel de Doctor, mas como, apesar de o considerar bom argumentista, detestei o que Stephen Moffat fez com a série, distorcendo, contornando ou ignorando as regras cânones antes estabelecidas, não se preocupando com a coerência, criando intrigas cansativas de tão rebuscadas e mais buracos de argumento que um queijo suíço ou introduzindo demasiada ficção pouco científica. Por isso, as duas temporadas de Capaldi infelizmente foram fracas e inconsistentes, desperdiçando o potencial gigante trazido por Capaldi.
O anúncio de Jodie Whittaker para a 13ª Doctor gerou um tsunami de polémica que atingiu mais a costa norte-americana que outro lado qualquer. Para mim, o que importa é o actor/actriz ter um bom desempenho num papel que exige bastante ginástica e versatilidade. O género não importa. Como não tinha visto a Jodie em nada antes, não sabia como ela seria como actriz, mas em geral as diversas equipas de Doctor Who nunca escolheram maus actores, nem para os companions ou participações especiais, portanto não estava preocupada.
Mas... sim, mas, detestei o figurino! Não queria que a Doctor andasse vestida de alta-costura, ou tivesse um traje fashion, percebo e aceito lindamente a opção das calças, do casaco com capuz, as botas, etc. aliás, individualmente gosto de todas as peças, só não gosto do conjunto. É muito matchy-matchy, os arco-íris parecem forçados e no geral parece que a Doctor foi ao caixote dos donativos do guarda-roupa da TARDIS, às escuras e vendada! Isso achava eu há cerca de um ano, mal sabia que no primeiríssimo episódio a Doctor escolhe o figurino de um modo não muito diferente do imaginado por mim. Pelo menos a intenção da figurinista passou!
Isso leva-me à série propriamente dita: estou a adorar! As narrativas passaram a ser mais simples e directas, menos fantasiosas, uma ficção-científica mais terra a terra, mais ao meu gosto pessoal. A grande surpresa para mim é estar a ser bastante política e isso justifica de forma torta os arco-íris. De modo mais ou menos evidente, cada episódio tem abordado um assunto político, de guerras fronteiriças à religião e ao racismo. Por princípio, gostaria que a abordagem a assuntos políticos numa série como Doctor Who fosse mais subtil, mas estou a gostar da abordagem e da forma sensata como estão a ser integrados em narrativas, que nunca deixam de ser ficção-científica ou fogem aos cânones de Doctor Who. Também estou agostar do trio de companions, mas eu gosto sempre dos companions - só não gostei da Martha - equilibram-se uns aos outros, atenuam um pouco o eventual choque que a Doctor provoca e são os três muito divertidos. Ah sim, Jodie e Chris Chibnall (o argumentista-chefe) estão a fazer um excelente trabalho e espero que dure mais que duas temporadas!
Doctor Who
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