Ando a falar por aqui muito de anime ultimamente, mas primeiro: gosto muito e, segundo: é impressionante a quantidade e variedade de anime que anda a passar nos canais portugueses, acho que andamos a viver tempos áureos.
Mas o que me levou a escrever aqui hoje foi um episódio de uma daquelas séries de anime que não chamam a atenção porque não são suficientemente mediáticas e porque o segmento de público delas ou é menor ou menosprezado.
Juntamente com A Rosa de Versailles, também estreou este mês no Panda um anime para raparigas, Ashita no Nadja (Nadia), do qual eu já tinha visto umas imagens em revistas da especialidade, mas que, apesar de o character design ser engraçado, não me despertou para mais nada. Como está a dar tenho acompanhado e tem me surpreendido bastante. A história, parecendo previsível à partida (romance, rapariga orfã à procura da mãe, século XIX) é bastante original e nada deprimente. Nadja é realmente uma orfã à procura da mãe mas, aqui começa a originalidade, junta-se a uma companhia de teatro de rua (saltimbancos) como bailarina. A história começa em Inglaterra no orfanato onde Nadja cresceu e vai percorrendo a Europa toda, mostrando as características locais com bastante cuidado (os episódios de Barcelona são lindos). Os componentes da comanhia são bastante exóticos só por si, e vão desde uma velhinha, muito velhinha, a Obaba, com um passado rico e algo misterioso até a um miúdo japonês que se diz samurai. Ainda há a clássica mascote que é uma das componentes que não pode faltar num anime para raparigas, neste caso são dois leõezinhos, Créme e Chocolat.
O episódio de hoje (o 26) foi, no mínimo, surpreendente. O grupo chega a Granada e, enquanto a companhia, com o calor, dorme a sesta, Nadja resolve passear nas ruas desertas da cidade. Mais ou menos por acaso encontra o seu par romântico na série, Francis. Os dois passeiam juntos e vão parar ao palácio do Alhambra. Enquanto que Nadja não pára de falar e pular animadamente, Francis apenas responde lacónico ou fala quando acha pertinente. O que se segue é um excelente e sublime trabalho de realização. A "câmera" usa lindamente o espaço para nos mostrar as diferentes personalidades, os corredores, os carramachões, as fontes, os jardins, os socalcos, os reflexos na água. Confirmamos a personalidade alegre e optimista de Nadja e percebemos que Francis tem um lado bastante soturno. Também percebemos que há uma relação muito forte entre ambos isto sempre sem recorrer a diálogos óbvios ou estratagemas simples.
O melhor vem no final quando, ao fim do dia já com muitas pessoas nas ruas, os dois se separam e Nadja percebe, ao ver o verdadeiro Francis, mais alegre, do outro lado da praça e que o Francis com quem passara o dia é o anti-herói da história o Rosa Negra. Os dois são iguaizinhos.
http://www.toei-anim.co.jp/tv/nadja/index.html (JP)
http://asahi.co.jp/nadja/ (JP)
PANDA
2ª - 6ª, 08:00, 12:00, 18:30
sáb. dom. 09:00, 12:00, 18:30
Há 9 anos
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