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27 agosto 2008

Rebeldia em categorias

Após uma semana de (ugh, custa-me dizer) Rebelde Way, já dá para ter uma apreciação geral.

No todo, o produto não é mau, mas também não é bom. É bom já não ver tantos chapões de luz nos exteriores, os cenários não parecerem cenários e o guarda-roupa, apesar de nada de extraordinário, ser credível. Apesar da participação dos Storytaylors, é uma pena que as roupas deles (de longe as mais interessantes da novela) só se vejam, e mal, num mísero desfile que nem destaque tem... Se eu não soubesse quem eles são e o nome não aparecesse no genérico final, nunca diria que tinham tido algum tipo de participação.

Mas vamos ao que interessa, os rebeldes:

A rebelde mimada
Ou seja, Mia Rossi. O nome é engraçado, mas pouco português, de todas as personagens esta é a que deveria ter um apelido "bem". Dos protagonistas é talvez a que está melhor caracterizada, tem demasiados maneirismos, mas é o formato televisivo. Dentro de uma personalidade fútil, temos mais que uma faceta e alguma densidade.
Fisicamente não acho a rapariga particularmente interessante e gostaria que se vestisse de um modo mais interessante, fashion e caro. Que se notasse que esteve em Paris às compras, porque o que vejo em cima dela bem que podia vir da Stradivarius, Bershka ou semelhantes. As tatuagens da rapariga também são muito pouco "bem", portanto deveriam ter sido tapadas. Não queria comparar com Gossip Girl, é injusto, mas é inevitável, elas sim sabem se vestir. E apesar de não gostar particularmente de nenhuma roupa de Serena, elas têm o ar de custar vários ordenados portugueses e são elegantes!

O rebelde sem causa
Pedro Silva Lobo. Praia, álcool, miúdas. Pouco mais tenho a dizer, densidade é coisa que esta personagem não sabe o que é.
O rapaz é feiinho, já na Floribella o tínhamos percebido. Um protagonista de uma novela, por mais preconceituoso que isso seja, quer-se bonitinho, quiçá um galã. Quanto à roupa, talvez seja o que tem as roupas mais convincentes, veste-se de cores escuras, t-shirts, polos e calças de ganga. Está de acordo com o corpo dele e com a personagem.

A rebelde desbocada
Lisa Scott. Porquê Scott?? Mais uma possidonice de estrangeirismo. Esta está na idade do "contra", ou seja, seis anos. Também tenho pouco a dizer da personalidade dela, a sua única motivação até agora é contrariar a mãe.
É a única que acho bonitinha e é uma pena a personagem ser tão desinteressante porque a miúda até leva jeito. Tem sotaque charmoso do nuorte. Acho a roupa demasiado freak, quando não está de biquíni, e aquele corte de cabelo apetece... nem sei... Devia ser mais punk ou vanguardista no modo de vestir. Devia parecer que só compra roupa em lojas alternativas e que inventa outras em casa.

O rebelde motário
Manuel Guerreiro. Não podia ter um apelido mais estereotipado! Tem ligeiramente mais densidade que o Pedro e a Lisa, mas pára por aí. ♪ Vin-gan-ça, vin-gan-ça! ♪ (acho que já ouvi isto nalgum lado...)
O rapaz, coitadinho, é muito feio! E, para parecer que está a sofrer, ou zangado, ou revoltado, só tem uma expressão: uma carantonha. Peço desculpa, mesmo calmo ou alegre a expressão é a mesma... A roupa, não é boa nem má, mas podia ser menos estereotipada.

A rebelde coitadinha
Íris. Leva pancada do namorado, está sempre a vir do supermercado, a mãe não quer que ela lute por um futuro melhor, não há nada de bom que aconteça a esta desgraçadinha! A moça até é engraçada mas aquele cabelo, liso à frente e encaracolado atrás, não lembra a ninguém! As roupixas, podiam ser menos slutty, falta de dinheiro não quer dizer forçosamente redução no pano.

O rebelde maria-vai-com-as-outras
Tomás, o melhor amigo do Pedrinho, faz tudo o que ele diz. Fisicamente é o mais bem caracterizado.

A rebelde palerminha
A que tem o nome mais adequado à sua condição social, Frederica Vasconcelos, Kika. É capacho de Mia, serve para tudo, satisfazer a sua vaidade, enviar recados, ouvir. É gira, apesar de gordinha. A roupa também podia ser mais fashion, afinal ela tem dinheiro para isso e é a Mia quem a veste.

O rebelde geek
Marco. O mais bem caracterizado, se bem que muitíssimo estereotipado.

A rebelde francesinha
Natalie, namorada de Manel.
Coitadinha, até numa boina a puseram! Viva o estereotipo.

O rebelde parvo
Gui. Quer parecer o que não é mas não convence ninguém. É chato!

A rebelde interesseira
Vicky. É gira, tem vergonha do que é.

A rebelde enjoada
Paula, a filha do director. Até agora a única coisa que soube fazer foi isso, cara de enjoada.

O rebelde religioso
Gabriel, o moço muçulmano com nome de anjo católico. Acho bem trazerem esta questão de religiões e culturas diferentes à baila numa novela leve para adolescentes. Só espero que não estraguem tudo por não fazerem o trabalho de casa.
É dos mais giros, ainda só o vi de kaftan.

A rebelde snob
Sofia. É altiva e arrogante, olha as pessoas de cima para baixo. Raquel Strada é das actrizes mais bonitinhas da nossa praça, mas infelizmente nem sempre muito expressiva. Um casting quase perfeito para o papel.

O rebelde nazi
Rodrigo. Menospreza TODA a gente menos a namorada. COITADINHO do actor! Onde foram fazer-lhe aquele corte de cabelo??? Eu sei, é para parecer austero e nazi, mas está mal feito e aquele tom de loiro-palha parece tudo menos natural! Pior só mesmo o "capacete" do Frederico na Floribella. mais umavez, viva o estereotipo!

A rebelde exótica
Hoshi Kyoko. Até agora ainda não apareceu, é uma japonesa interpretada por uma chinesa. O nome revela falta de pesquisa. Kyoko é nome próprio, nunca apelido, e Hoshi, que quer dizer estrela, é pouco apropriado para apelido. Pelo que li no site é mais um caso de estereotipite aguda.

Os adultos têm demasiado protagonismo, que deveria se focar 80% nos adolescentes e 20% nos adultos. Não houve nenhum que me convencesse verdadeiramente e se aos miúdos dou alguma tolerância pelos engasgos naturais dos primeiros episódios, a todos os adultos não dou nenhuma, a sua experiência em televisão deveria fazer com que saíssem dali performances no mínimo decentes. Estou um bocado apreensiva quando começarem as cantorias. O que ouvi até agora lá era afinadinho, mas trinados em músicas dos Xutos é um bocado piroso, para não dizer Festival da Canção.

Tecnicamente a montagem é muito má. A realização já é mediana e não ajuda, mas a montagem tem falta de ritmo, os cortes são feitos ou cedo demais ou tarde demais e não é fluida. É, definitivamente, a área a trabalhar.

Até me fartar, coisa que não aconteceu com a Floribella, que era viciante, e que aconteceu com as Chiquitontas, demasiado artificial, vou continuar a ver, pois sinto alguma coerência e objectivos sólidos na narrativa. Só espero, e espero mesmo, que não estraguem tudo com o velho mal de querer fazer render o peixe ou começarem a introduzir disparates pouco plausíveis.

Rebelde Way

4 zappings:

LMitsuki disse...

So vi alguns episodios da novela mas nao fazia ideia que existissem tantas personagens! So no teu resumo, acho q fiquei a saber a historia inteira. ^^
Na personagem da Mia, uma coisa que acho que esta bem representada é o facto de ela dizer sempre:
- É tão dificil ser a Mia Rossi!
Porque da nos a parecer ja o estatuto social e a rapariga mimada que é.

dYn@ disse...

Sinceramente nunca vi um episódio inteiro, até porque não sou muito fã de novelas, especialmente de juvenis.
A imagem que passaste pelo texto é a mesma que eu tenho da publicidade e do pouco que vi: a SIC (não sei se é a produtora) evoluiu no produto, mas ainda cai muito nos esterótipos, o que se torna muito mau... Uma boina numa francesa? Poupem-me!!!

Misato disse...

Por mais que goste de produtos intelectual e artisticamente desafiantes, preciso de uma dose regular de ficção-pimba ou, se quiserem, ficção popular.

Como, ao contrário de ti, dyn@, gosto de quase tudo quanto é série e novela juvenil, principalmente que meta colégios, tenho de devorar novelas como esta!

Eu era viciada na Malhação [New Wave] e isso deixou-me muitas saudades. Mas sim, há limites, e RW está quase a pisar o risco, principalmente nos clichés, tanto visuais como narrativos, e na ausência de contextualização com uma genuína realidade portuguesa.

Mas até é divertida, um pouco viciante e vê-se bastante bem.

dYn@ disse...

Também via Malhação/New Wave quando passava cá em Portugal e por mais que não goste de novelas, vejo-as, também porque acho que não se deve criticar um produto sem o criticar. Talvez dê uma hipóteses a RW tal como cheguei a dar a MCA.

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