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01 março 2020

Sereia Russa


Há uns 5 ou 6 anos, vi um GIF animado com uma sereia que me chamou a atenção. Uma busca por imagem no google disse-me que se tratava do filme checoslovaco Malá morská víla, de 1976. Como adoro uma outra adaptação checa de um conto de fadas dos anos 70, Tri orísky pro Popelku (Três Nozes Para Cinderela), que vi na RTP noutra vida, lá procurei o filme e vi-o. Rapidamente percebi que não se tratava do mesmo filme da foto, voltei a fazer uma busca pelas internetes, e nada.

Fast-forward para há uns meses. Comecei a seguir recentemente no instagram o Lorde Velho, um blog sobre cinema fantástico, de terror e coisas exóticas, onde aparece um cartaz parecido com o GIF que tinha visto. Imediatamente perguntei o título do filme, trocámos uns comentários acerca do filme, que é Rusalochka, também de 1976, mas desta vez russo.

Entretanto vi o filme. Apesar daquela imagem que vi há uns anos não me parecer à partida familiar, tenho quase a certeza que vi este filme quando era miúda. A estética e os desvios da narrativa de Anderson, são-me muito familiares. Talvez a imagem da sereia não me tenha despertado memórias, pois com certeza vi o filme a preto e branco, e se foi na minha TV de infância, num ecrã muito pequenino, portanto, nunca poderia saber que o cabelo da sereia é um branco azulado, que se torna loiro quando ela passa a ter pernas. Aliás, apesar das caudas de sereia muito manhosas, mesmo para a época e para um país de Leste, as perucas são de uma qualidade rara, parecem cabelo genuíno. Não ficaria muito admirada se constatasse que são de cabelo verdadeiro.

Quanto mais vejo imagens do filme, mais tenho a certeza de o ter visto. É curioso como a memória funciona, a memória do acto de ver o filme varreu-se completamente, no entanto foi determinante a definir na minha cabeça a minha "estética perfeita" da Pequena Sereia. Tudo parece encaixar na perfeição. Analisando pelas datas, faz sentido. Depois do 25 de Abril, houve um boom de produtos televisivos de Leste, provavelmente por influência de Vasco Granja, comunista e sempre atento às cinematografias de Leste.

O filme é giro, menos fantasista ou teatral que o checo, mas com uma produção curiosa, uma escolha de figurinos deveras interessante e uma realização curiosa. A maquilhagem é o que denuncia o período em que o filme foi produzido, e se não o fizesse, a música trata do assunto. O filme é obviamente datado, mas eu gosto desse estilo um bocado kitsch de leste, talvez por que cresci com ele? Chamemos-lhe retro, já que se passaram mais de 40 anos. Também gosto das liberdades criativas, que o tornam único. Será que alguém mais velho que eu pode confirmar se o filme realmente passou cá na TV, ou se não é a minha memória armada em parva.

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