Eu sei, é um título fácil, mas não resisti.
Quando Last Night in Soho estreou, em 2021, ainda andávamos em confinamentos e restrições pandémicos, pelo que acabei por não lhe prestar muita atenção. Mas duas ou três coisas chamaram-me a atenção para este filme, Londres, concretamente o Soho, nos anos 60, umas primeiras imagens muito psicadélicas, uma Anya Taylor-Joy muito bem caracterizada, ter sido o último filme de Diana Rigg, a eterna Mrs. Peel e Tracy Bond, que morreu antes de o filme estrear.
Há cerca de um mês esbarrei novamente com um vídeo do filme e desta vez vi-o. Foi assim que fiquei com imensa vontade de ver o filme! O vídeo, um vídeo musical, mostra uma Anya Taylor-Joy muito lânguida, com um ar vagamente sixties, a cantar uma versão lenta e melancólica de Downtown, originalmente cantada por Petula Clark, nos anos 60. Desde miúda que gosto imenso desta canção e fiquei fascinada com esta versão, que me fez prestar uma atenção à letra que nunca lhe dera. É daquelas musiquinhas alegres, sem grande consequência, mas que nesta nova remix, ganha uma profundidade que nunca lhe tinha visto (*vim a saber depois que há ligeiras mudanças na letra, que a tornam mais melancólica). E a Anya Taylor-Joy canta que se farta! Fui buscar o filme na candonga, mas, para variar, pois não gosto de ver filmes no ecrã pequeno do PC, sentada numa cadeira de escritório, não o vi.
No fim de Janeiro apanhei uma publicidade da NOS, onde divulgava a estreia do filme no seu canal dedicado em Fevereiro. Portanto, ontem à noite fui ao Soho.
O filme é bem mais complexo do que eu inicialmente pensava e não é uma mera recriação histórica da Swinging London. De notar que, embora subtilmente, o filme nunca esconde o que é. O Soho nos anos 60 era tudo menos um bairro recomendável, menos ainda para uma menina de boas famílias e à noite. Essas andavam por Carnaby Street, Kings Road ou Kensington. Os cartazes e as fotos publicitárias apresentam cores primárias, contrastantes, néons, imagens fragmentadas, tudo sobre um fundo escuro.
Não fazendo spoilers, pois este é um desses filmes, a narrativa é entrelaçada entre o presente e o passado, com reviravoltas muito interessantes e não é uma história previsível. Edgar Wright leva-nos pela mão, faz-nos gostar de quem não devíamos, e faz-nos imergir naquele universo onírico cheio de espelhos, qual Alice no País das Maravilhas. E sim, este filme não é um musical romântico, é um thriller com um toque de terror.
Também me agradou por outro aspecto, muitas das cenas tecnicamente complexas são criadas com efeitos práticos, cenários versáteis, e filmadas nas verdadeiras ruas do Soho. Segundo li, foi uma tarefa hercúlea. Ah, e Terence Stamp, aos 80 anos, a fazer as próprias cenas de duplo! Não foi lançar-se de um prédio, nem nada assim, mas cena de duplona mesma.
E, por fim, para além de outras canções deliciosas dos anos 60, montes de citações e referências a filmes e personalidades dos anos 60 e 70, que normalmente eu devoro, temos de brinde, a maravilhosa Diana Rigg e o fantástico Terence Stamp, imensamente populares nos anos 60, e sempre bem-vindos nos meus ecrãs!
É sempre bom quando posso ver os filmes estranhos que me chamam a atenção de forma legal, sem ter de recorrer aos canais de streaming, que eu não tenho.
Last Night in Soho (IMDB)
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