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04 junho 2010

Entre novelas

Viver a Vida ainda mal acabou e já deixou saudades... É raro eu falar de telenovelas, apesar de acompanhar com alguma assiduidade as novelas da Globo, mas Viver a Vida foi sem dúvida especial.

Sempre achei as novelas de Manoel Carlos viciantes, mas o excesso de melodrama quotidiano costuma me enjoar, pelo que tenho visto quase todas. Nenhuma (excepto talvez Felicidade) tem sido verdadeiramente marcante para mim, que em geral gosto mais das novelas da hora do almoço ou da tarde.

Mas, como já disse, Viver a Vida foi especial. As Helenas de Manoel Carlos costumam me desagradar, despertar em mim instintos particularmente violentos, independentemente da actriz que as interpreta. Taís Araújo não foi excepção. Não gosto nem desgosto dela como actriz, gostei muito da sua interpretação em Da Cor do Pecado, a sua primeira novela como protagonista, mas não há meio de gostar da sua Helena. Serão as Helenas demasiado reais? Talvez. Numa novela procuro verosimilhança mas não naturalismo, portanto personagens demasiado naturais, como se fossem alguém que pudéssemos conhecer pessoalmente, raramente me chamam a atenção. Para isso já tenho a realidade.

Mas o que mais gostei em Viver a Vida foi a reviravolta de protagonista que a novela deu, até bastante cedo, com a troca de protagonismo de Helena para a Luciana tetraplégica. Desde o início sempre gostei mais da personagem da Luciana por ser caprichosa e muito rica (de personalidade, não de dinheiro - que por acaso também era), com imenso espaço para se desenvolver, ao contrário da Helena que é uma personagem algo estagnada que pouco evolui dentro das tramas. Luciana é sem dúvida a interpretação da vida de Alinne Morais, ela vai ter de se esforçar muito para se desligar e desligar o público da "sua" Luciana. Não foi apenas a interpretação física, por sinal bem dominada, de uma teraplégica, mas mais a riqueza de uma personagem, que é uma lutadora com um humor interessante, e que certamente comoveu muito boa gente, pois até me comoveu a mim, osso duro de roer que sou...

Outra qualidade de Viver a Vida foram algumas mulheres, nomeadamente a insolente Isabel, Adriana Birolli, e a doida/bêbada Renatinha, Bárbara Paz. Ambas as actrizes estreantes em novelas e ambas a surpreenderem e certamente a superarem as expectativas das personagens. Também gostei bastante da Tereza de Lília Cabral, uma actriz que me tem chamado a atenção desde sempre. Desta vez os homens ficaram claramente em desvantagem, havendo poucos verdadeiramente estimulantes e ficando todos os louros para o também estreante em novelas Mateus Solano, com o papel duplo dos gémeos Miguel e Jorge. O rapaz, não cumprindo o modelo de galã típico de novela da Globo (esse mérito ficará mais para a dupla Bruno, Thiago Lacerda, e Felipe, Rodrigo Hilbert) não é nada de se jogar fora, é extremamente sedutor com a câmara e deu muitíssimo bem conta do recado do esforço que é fazer um papel de gémeos numa novela destas onde provavelmente trabalhou todos os dias durante uns 9 meses.



Entretanto estreou Passione, uma novela de Sílvio Abreu, cheiinha de vedetas até ao tecto, praticamente não há nomes desconhecidos no elenco principal e secundário, mas da qual tenho bastantes receios. O primeiro é que seja O Clone - Parte III (O Clone - Parte II foi O Caminho das Índias), pois ando com um bocadinho de falta de paciência de ver um bando de actores com méritos confirmados a fazer papel de idiotas a falar meio português, meio italiano, só porque fica bem ter um bando de gente aos berros com sotaque e uns 4 ou 5 maneirismos. Não, se for isso desisto. Mas ainda há esperança, O Clone e O Caminho das Índias foram ambas escritas por Glória Perez (gostei bastante de O Clone, mas não tive paciência para O Caminho das Índias) e esta é escrita por Sílvio Abreu, que costuma fazer novelas ágeis e cheias de intriga. Sou fã de Glória Perez, acho que ela herdou o estilo de dramalhão à antiga de Janete Clair (de quem foi assistente) mas n'O Caminho das Índias ela auto plagiou-se e a novela era um seca onde a verosimilhança se perdeu em prol do folclore colorido e exótico.

Com a sua intriga de conspiração e traição, apesar de ter no elenco muita gente que gosto de acompanhar (Reynaldo Gianecchini, Mariana Ximenes, Carolina Dieckmann, Rodrigo Lombardi, Elias Gleiser, Leandra Leal, Gabriela Duarte, e muitos outros) não sei porquê, nestes primeiros episódios, não me cativou e não sei se vou ter paciência de acompanhar.

Mas como as novelas são longas e criam o hábito de saber que algo está a dar àquela hora, acho que ainda lhe vou dar o benefício da dúvida mais uma semanita. Para já as duas da tarde, A Armadilha (no original Cama de Gato) e Caras e Bocas, a primeira mais que a segunda, já me satisfazem a quota diária de telenovelas.

Viver a Vida
Passione

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