TV-CHILD É UMA DESIGNAÇÃO QUE SE PODE DAR À MINHA GERAÇÃO, QUE CRESCEU
A VER TV. ESTE BLOG É 90% SOBRE TV, 10% SOBRE OUTRAS COISAS.

07 maio 2013

Gosto de Anti-Heróis

Dentro dos arquétipos da narrativa o meu preferido é sem dúvida o anti-herói (imediatamente seguido do vilão). Os heróis são demasiado bonzinhos, obedientes e previsíveis, o interesse amoroso às vezes pode ser interessante ou destabilizador (Eva) mas como a maioria das vezes é uma mulher (por oposição a um herói masculino) só está lá para fazer figura, o mentor é isso mesmo, o mentor, serve para fornecer informação útil mais tarde e o vilão, quando bem construído (Darth Vader), pode salvar uma história. O anti-herói está confortavelmente algures entre o herói e o vilão, conduz a história mas não é bonzinho e previsível, mas, mesmo que na maioria das vezes contrariado, está lá para salvar o mundo, tal como o herói. Às vezes temos ambos, herói e anti-herói, outras vezes apenas o anti-herói. Confesso que prefiro a primeira situação, normalmente é quando o anti-herói se revela no seu melhor (Han Solo).

Isto tudo para chegar a Leverage (Jogo de Audazes, na versão portuguesa), uma série em que todas as personagens principais são anti-heróis e todas simples mas bem construídas. É assim de presonagens multifacetadas que gosto! A história também é simples, o grupo é uma espécie de Robin Hood e os seus Merry Men moderno, mas com o protagonismo mais distribuído e com um grande buraco no argumento: de onde vem o dinheiro para eles montarem as suas operações sofisticadas ao nível de Mission: Impossible? Não vi as duas primeiras séries, só comecei a ver no início deste ano, quando estava com mais tempo livre, portanto talvez a explicação esteja aí. Mas se não estiver, é um bocado indiferente, pois Leverage é uma série que vive mais das personagens e planos rocambolescos. Venha a "suspension of disbelief"!

Então venham as personagens!
Nate Ford
O cabecilha, "o cérebro", do grupo e quem em geral dá a ordem de avançar. É um tipo muito inteligente, com muita experiência mas nunca temos a certeza se o que o motiva são as boas intenções ou se tem interesses secundários. Apesar de criar planos mirabolantes e intrincados, quando o lado emocional surge ele fica sempre muito perto de falhar. Também é extremamente vaidoso e simultaneamente inseguro, o que o torna imprevisível.
Sophie Devereaux
Uma das variadas identidades da "aldrabona" de serviço, e ninguém sabe se a verdadeira, com um passado obscuro que envolve multimilionários, fortunas, peças de arte lendárias e uma vida glamourosa internacional. Sophie domina a análise comportamental e é extremamente versátil e boa a improvisar. Tal como Nate é demasiado vaidosa para seu próprio bem, mas tem uma noção melhor que a dele das próprias capacidades. O seu calcanhar de aquiles é o mesmo passado obscuro que volta por vezes para a assombrar.
Eliot Spencer
"O músculos" é também um gourmet e chef cuja ambição de reforma é abrir um restaurante. Como manda o figurino, é um coração de manteiga por baixo da figura truculenta. É o que mais facilmente se envolve emocionalmente com os casos, mas sabe bem usar isso a seu favor quando necessário. Eliot é uma espécie de Chewbacca para Nate ou Hardison (e eu a dar-lhe nas referências a Star Wars!).
Parker
É a "cat burglar" com um passado intrigante de uma educação fora dos padrões comuns, roubos impossíveis e um conhecimento enciclopédico de obras de arte valiosas e alarmes e cofres impossíveis de arrombar. Parker é quem tem a personalidade mais fora, não se rege pelo senso comum normal, mas tem um raciocínio extremamente lógico. Ela é como uma espécie de criança grande com uma memória, inteligência e agilidade acima da média. O seu calcanhar de aquiles é a ignorância quase total das regras da sociedade comum ocidental - ela acredita no Pai Natal!
Alec Hardison
O "hacker" quase infalível. Sempre que as suas capacidades são postas em causa amua mas tenta imediatamente superar-se. É caprichoso e anda sempre às turras com Eliot, apesar de serem melhores amigos mas não o admitirem nem sob tortura.

Cada episódio de Leverage é divertido, intrigante e entusiasmante, mesmo quando a fórmula: chega cliente - elabora-se estratégia - coloca-se o plano em prática - lida-se com os imprevistos - saída estratégica - recompensa do cliente injustiçado; se repita em quase todos. É nos pormenores, nos detalhes de cada plano, nos tiques de Parker, nos disfarces de Sophie, nas reviravoltas dos planos de Nate, na brutalidade eficaz de Eliot ou no software infalível de Hardison que está a riqueza de cada episódio. Ao longo das séries vamos tendo arcos narrativos menos previsíveis, em geral ligados ao passado de um deles, mas cada episódio pode ser visto individualmente sem necessidade de ver os primeiros.

Leverage é uma série à antiga, simples, infinita, com um elenco fixo bem construído. É daquelas séries que se vê repetidas vezes, fora de ordem, mas que se quer ver inteira e mais ainda. Numa época de séries sofisticadas mas que perdem o rumo com facilidade no excesso de intriga ou personagens adicionais, prefiro ver Leverage que se mantém simples, divertida e fiel à permissa incial: uma espécie de cruzamento de Robin Hood com  Mission: Impossible.

TNT - Leverage

1 zappings:

Anita disse...

Ainda tem os chilli burguers, sim senhora :)

Não conheço a lojas de guloseimas... tenho de ir procurá-la!

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...

false

false