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28 fevereiro 2014

Comida & Drama

Estou farta de dizer aqui que não gosto nem de concursos nem de reality shows, mas minto, gosto dos concursos do formato Project Runway/Masterchef, desde que o tema me interesse e o programa seja minimamente bem produzido. Dos que já vi, com maior ou menor atenção, Project Runway e Masterchef Australia são os meus preferidos. Project Runway porque é muito bem produzido, Heidi Klum e Tim Gunn mantém uma dinâmica muito equilibrada e há espaço para haver uma série satisfatória e com pouco drama. Outros que acompanho ocasionalmente são America's Next Top Model, Face Off, Rachel Zoe Project e às vezes os de decoração.

Acompanhei esporadicamente as 3 primeiras séries de Masterchef Australia, vi pedaços da 1ª, uns tantos episódios da 2ª, acompanhei cerca de metade da 3ª e vi fielmente a 4ª. Agora estou a ver a 5ª, mas há demasiadas mudanças que me desagradam um pouco. Mas como o programa tem provado ser bom, vou dar-lhe o benefício da dúvida.

A 4ª série de Masterchef Australia foi particularmente feliz. No início, na pré-selecção e no primeiro terço do Top 25, nem sequer conseguia escolher um favorito, de tal forma os concorrentes eram bons e simpáticos. Depois de algumas eliminações, previsíveis e imprevisíveis, passei a ter uns 3 ou 4 preferidos, entre eles Alice, a minha preferida, Mindy, Audra, Andy, Andrew e Beau. Porque preferi a Alice, apesar de ter percebido logo que era quase impossível ganhar? Alice arriscava muito, foi extremamente criativa e ao mesmo tempo teve o cuidado de perceber o que as pessoas queriam comer. Para além disso era mesmo muito engraçada e simpática. O que lhe faltava era disciplina e alguma técnica mais sofisticada.

Independentemente das preferências pessoais, o que me fez adorar este Masterchef Australia foi que todos, sem excepção, aprenderam imenso, começaram realmente como cozinheiros caseiros e sairam de lá com aptidões que, espero, tenham valido a cada um um estágio nalgum restaurante interessante. Até à série 4, Masterchef Australia, nos seus mentores/apresentadores Gary Mehigan, George Columbaris e Matt Preston, estimulou a aprendizagem, fez os concorrentes ultrapassar as suas capacidades e ir mais além. O melhor exemplo disso é o concorrente vencedor, Andy, que começou como um puto simpático que cozinhava umas coisas e atingiu um grau técnico e de sofisticação quase profissional.

Outro aspecto que me deixou colada ao ecrã, tal como na minha série preferida de Project Runway (também a 4 - Christian Siriano), foi que todos eram muito amigos uns do outros, não havia intriga nem má-língua, todos se ajudavam e apoiavam, de tal modo que até houve um desafio eliminatório onde nenhum dos dois concorrentes foi eliminado, pois a comida que ambos fizeram era tão boa e tanta foi a interajuda.

O grau de dificuldade foi aumentando de série para série e os próprios concorrentes pareciam cada vez melhores. Na 4ª série eles faziam e sabiam coisas que só mesmo um chef costuma saber e ao longo do programa foram aprendendo mais. Não me refiro a técnicas chamativas, como as "espumas", o uso de azoto líquido, etc. mas técnicas básicas como saber que a carne tem de descansar para estar no ponto, pré-cozer a massa das tartes para que não fique mole com o líquido do recheio ou como cortar um filete de peixe. O comum mortal compra os filetes já cortados. O espectador também aprende muito com o programa.

A ver vamos com esta 5ª série, para já há lá uns 2 ou 3 que espero sejam corridos o mais depressa possível e não me agrada a "guerra dos sexos" com que começou o programa e que felizmente só será nas primeiras semanas.

Como isto concluo que para realmente gostar de um reality show, o drama tem de ser pequeninas doses que não se sobreponham ao conteúdo e não mostrem os concorrentes como umas bestas desalmadas.

Masterchef Australia
Project Runway

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